story:tell:her

23.9.07

a escolha


Não fomos ao Prado. Sem culpa, palmilhámos a modernidade. O passado ficará para o futuro.
Mais estímulos e sucumbia numa esquina.

self portrait, 2007


Gosto de comboios, de ovos e bacon, de café com pouco leite.
Gosto de viajar sozinha e encontrar-me com ele em estações. Encontramo-nos no outro lado da cama todos os dias menos nestes em que nos procuramos em estações. Acho tão romântico. Isso e não corro o risco de me chatear com ele por causa dos biorelógios de embarque.
Gosto de procurar os caminhos nas serpentinas do metro e de ficar com o mapa. Gosto de mapas e de guias. Para a próxima levo um destes. Também gosto de farejar. Gosto do hotel e do restaurante.
Gosto de abacate, beterraba e beringela; chocolate escuro e tarte de limão; cerveja, vinho branco e chá.
Não gosto de trânsito e música alta. Para mim a música está quase sempre alta.
Tenho a mania parva de entrar em lojas caras no estrangeiro com a secreta esperança de que sejam muito mais baratas. Desde os euros isto é ainda mais parvo. A Custo, Hoss, Comptoir e Diesel continuam caras, por vezes obscenas, em espanhol.
Gosto de cinzento, verde, roxo e preto e isto vale para quase tudo, menos cinzento na comida. De resto, gosto muito de cinzento. Gosto das roupinhas que vendem as lojas de lingerie e pijamas. Gosto assim para andar na rua com elas.
Gosto muito da rua.

20.9.07

movida

Alguém me quer falar e não pode. Ou isso ou tremelico já a chegada da maturidade.
Ontem consegui a proeza de esvoaçar um copo de sumo de laranja num sofá profissional e anfitrião, rasando alguém que eu não conhecia de lado nenhum e que rapidamente me teatralizou uma estalada de vingança pelo que poderia ter acontecido. É engraçado como a empatia se cria com coisas de nada; ao almoço revelámo-nos o mais temível dos segredos, o de que já houve alturas em que estávamos a ficar umas chatas.
Há coisa de nada, ameacei o teclado com outro copo de sumo. Eu, que só bebo água, despeço-me da juventude com tropeços vitaminados.
Amanhã terei 35 anos e vou ali ao lado ver se me esqueço disso.

17.9.07

Os melhores anos da minha vida. Sei lá eu quantos, quais, quando, se os há. Assim inteiros, anos inteiros, de Setembro a Setembro que é como se contam os anos; os melhores. Sei lá, nunca acreditei nisto dos tops.
Voltámos à conversa do depois é que vai sendo. Agora que os miúdos já não têm fraldas, têm skates.
Cá está, já nunca vou ter um skate. Será isso um problema, um desconto na vidinha ou apenas uma sorte para os meus joelhos? Eu gostava de ter um skate. Assim pela onda. Gostava de justificar umas calças largas e uns (des)atacadores, de aterrar no jardim das Francesinhas, ali ao lado da Assembleia.
Também falhei a prancha e umas tardes espelhadas na Ericeira a ver um namorado de borracha a cair e a levantar-se. Tomara que o marido não caia lá no BTT.
Não me apetece nada ter 20 anos. Tinha o cabelo comprido, brincos desiguais e já gostava de roxo, mas era menos assumido, como quase tudo.
Esta semana chego aos 35 e já vou poder candidatar-me a presidente da república. Mas isso também não me apetece.

10.9.07

mães e filhas

Nova loja favorita.
Para além da roupinha, assim understated, gosto tanto da campanha.

9.9.07

planta


Por mais espanto que agora me cause, existe na Universidade um diploma que me confere um grau superior em Biologia Vegetal. Aplicada. Biologia Vegetal Aplicada (BVA). Para além do formato datado do título, que me remete inexoravelmente para um século de licenciaturas "para o desenvolvimento", quando os iogurtes ainda não tinham propriedades orgásmicas e embalagens design, eu não distingo um único carvalho da flora nacional. Também nunca fiz nada aplicado, aliás, temo que nada de profissionalmente útil, mensurável ou medianamente justificável numa reunião familiar.
Tudo isto faz de mim um exemplar de almanaque, um espécimen vivo do herbário académico pré-bifidus. Mais, não suporto plantas em casa embora o meu lado fashionista ande a rabiar uma daquelas orquídeas fucshia, magrinhas como super modelos.
O Kosuth descobriu aqui um maná. Ele há uma enciclopédia de obras a produzir.
No meu eu clorofilino, ressalta imediatamente a injustiça: um agregado com dois BVAs e noone makes its own food by photosynthesis.

blondie


Que eu goste de revistas caras, cheias de miúdas mal almoçadas e pejadas de anúncios de cremes é algo que ele já não discute. A eleita do meu coração fashion é a Vogue UK e só me dana quando gastam as páginas finais com real estate em vez de real state ou street fashion. Na América não fazem isto.
A única altura em que deixei de ligar ao que vestia foi no pós-parto e vê-se bem a mancha que deixou nos álbuns. Mas obviamente que todo este esforço é cuidadosa e quotidianamente ocultado (há mesmo quem me acho só mal vestida). Na edição US de Setembro descubro que não sou só eu (ou algumas das minhas amigas) que fazem isto. Afinal, há mesmo um "sloppy syndrome".


She moves like she don't care
Smooth as silk, cool as air



Os meus sintomas mais frequentes envolvem acessórios e sapatos. Mas o recurso final, o desarranjo mais estimado, é o cabelo e o seu despenteio. Agora está outra vez louro, para gáudio marital e descalabro financeiro. A claridade é uma renda pesada e impõe uma agenda bimensal de alumínio. What the heck.


She walks like she don't care
Walkin' on imported air

toes


Não gosto de andar descalça, mas prolongo as chinelas para além de qualquer calendário ou conveniência.
Agora equipo-me para o inverno com um postigo.
Espero que não seja ano de monção.

7.9.07

O que eu queria era ser tituleira.
Parece que os havia noutros tempos, quando as letras pesavam chumbo e não se editavam livros de estilo. Chegavam pela tardinha e alegravam a mancha do dia.
Também gosto de índices, mas nada se compara ao título. O compromisso breve, a bala única.
Também gosto de,
aesthetics crockery parcimónia dislate myriad
Há palavras tão bonitas que me apetece vesti-las, eu que também ando maravilhada com o papel de parede.
Vou empapelar uma lateral da sala com uma chusma de flores verdes. Chusma não é uma palavra bonita, mas tem personalidade.
Linda, linda é whimsical.
Espera-me um dia desconsolado. Uma péssima escolha de vestuário e uma batata podre concorreram para me desmoralizar.
A certa altura achei mesmo que a baba fermentada da batata tinha aterrado no vestidinho, mas era só àgua. Apetecia-me ter calçado as havaianas cor-de-rosa, mas chickened out e trouxe outras sandálias igualmente desapropriadas.
Era só uma batata, proscrita, tão mole que tive que a resgatar com uma colher. Tenho o cheiro nos dedos até agora.
Hoje não saio do gabinete. A universidade devia ter room service.

3.9.07

Ando há que tempos a congeminar um poiso para a lateral esquerda do sofá. Hesito entre a poltrona estruturada, a chaise longue (caminha, é uma caminha) e um wish antigo.

Mas até lá,
Querida Internet: onde é que arranjo um shopper koziol preto?
E sabes que eu queixo-me muito, mas adoro a minha filha e há um prazer infinito em mordiscar-lhe os pés.

Ana, 3 Setembro, em email privado.

31.8.07

in visible


Cá está.
A definição perfeita da coisa.

in stone*


Dei mais de 17 euros por um livro chiclete e li-o todo.
Um rosário pop no figurino "Bridget Jones tem um filho". Quase quatro anos depois e eu ainda sinto este apelo en(ver)gonhado por tudo quanto promete desmascarar as "verdades escondidas da maternidade". Que fraqueza.
- Mas o que é que te custa?, perguntaram-me esta semana ao almoço e ainda me atormenta a rapidez com que aterrei a minha verdade na salada de fruta. Custa-me tudo.
Essa é que é esta. Para mim a maternidade tem um custo intrínseco, próprio, presente, nem sempre mensurável mas nunca negligenciável. Aliás, como é que uma coisa tão extraordinária (porque ordinário era ser euzinha, senhora de mim e tal) podia não ter custo? Tudo o que tem valor tem custo.
Escolho-lhe a roupa de manhã para que saia para o mundo que eu lhe mostro, enfrentando-o com o arsenal de respostas que lhe dou (ou não). Sou responsável por uma ementa completa, de fruta e maneiras, proteínas e imagens, histórias de mamãs e bebés sob todas as formas do reino animal e vegetal. Defino-lhe um ambiente termostatizado de direitos e deveres, escrito numa carta de princípios experimental, sem ensaio e muita revisão.
São tantas as vezes em que não sei o que é melhor, o que devo fazer, sempre ligeiramente aterrada com a percepção de que sou o grande engenheiro da vida de alguém.
E os miúdos são sanguessugas. Chupam o bom, o mau e o mais ou menos com a mesma urgência e critério. Os miúdos imitam-nos.
Custa-me.
Custa-me escolhas, sono e principalmente desassossego. Nunca mais haverá almofada que me releve a vigília. Há um parapeito crónico que preciso de vigiar, uma respiração alienígena que sinto à volta do pescoço. Um turno que não se rende com mais ninguém. É a minha vida a correr fora de mim.
Ora ninguém nos prepara (ou avisa, ou reconhece, ou mesmo simpatiza) para isto.
* é permitido calcar o Andre.

Fomos lá as duas esta manhã. À confiança.
Claro que vou ter que voltar para conseguir ver alguma coisa durante mais de três segundos.
Tirou os sapatos, rastejou por várias superfícies, todas permitidas, embora algumas parecesse mesmo que não, que com a arte contemporânea uma pessoa nunca sabe bem. Falava naquele sibilar alto de bilhoteca. Já chegou a queixar-se de que tanta compostura lhe magoa a garganta. Ainda assim destacava-se notoriamente da urbe discreta que passeava os tons neutros do casual wear pelas salas enormes e brancas.
Porque é que não se vê a cabeça, mamã, porquê?
As crianças não filtram e o senhor do lado escancarou o riso que acumulava à medida que a figura rastejava um video potencialmente incompreensivel.
O video não é para mim. Estou à espera que passe.
Mas curto a garrafeira.

very much on my plate

28.8.07

Não sei bem quando começou, já passaram alguns meses, mas agora, agorinha, é que estamos no auge da coisa.

- Porque é que xxxxxxx mamã, porquê?
- Deixa ver!

É muito estranho ver a nossa criança - aquela mistura fina dos nossos genes, tão nossa, tão única, tão familiar - transformada num cliché. Mas é assim mesmo e isso dá-nos algum consolo.
Há dois dias fui verificar quantos cm a miúda cresceu nos primeiros meses para sossegar uma recém avó aflita com a sua espiguinha.
9,5 cm nos primeiros dois meses. É verdade, parece muito, mas é verdade.
Agora já tem um metro. Impressiona-me sempre vê-la deitada. As pernas esguias, compridas, o ventre liso, os braços fininhos, o cabelo espalhado e umas pestanas maravilhosas. Linda, a minha filha é tão linda. Imagino se ficará triste quando perceber que a varicela lhe costumizou a sobrancelha direita. Voltei a crescer as minhas sobrancelhas e estimo à brava os meus pêlos desorientados. Claro que perco a elegância do arco perfeito, mas a verdade é que tanto arranjo chegava a assustar-me.
Quase não lhe corrijo a infância falada porque me apercebi que foge depressa. Diz todas as coisas porque as que não sabe inventa. Na verdade tem quase sempre razão e a irregularidade da língua é que complica tudo aos crescidos.
A minha filha mostra-se ao espelho. Deixa mostrar ao espelho mamã, vês?
Ontem saldei-lhe calças para o inverno.
Peço-lhe várias vezes para estar um bocadinho caladinha, por favor. Lembro-me perfeitamente de a minha mãe me fazer o mesmo e em boa verdade não acho certo. Mas não aguento tanta conversa, palavra que me põe doida. Ela não se cala. Por comparação o pai já nem se queixa de mim.
É uma conversa única, de manhã à noite, recheada de interpelações e porquês e exigências de respostas. Eu sei que ela depois vai ficar muda e que não vai haver quem lhe arranque um grunho, mas agora é uma canseira tão grande, uma prova oral sobre a vida e eu há dias que já não posso, já não tenho mais respostas sobre o mundinho. Claro que as explicações dela são hilariantes e é uma delícia ouvi-la em relatos semi-fantásticos, temporalmente desorientados, mas profundamente verdadeiros, que mesmo as mentiras aos três anos e meio são genuínas. Ela nem sabe mentir, sabe inventar que é outra coisa completamente diferente.
A ver se aprendo.

26.8.07

sunday heavy

Estou cansada de arrumos e desgostosa de mim e do meu lastro.

sunday light

Arrumei e limpei, arrumei e limpei e enchi quatro sacos de tralha para o lixo e mais dois sacos, grandes, de roupa para dar. Minha. Roupa minha.

A (des)propósito de tanta sobra, notes to self:
- eu não uso vermelho, turquesa e azul em geral; há 15 anos a minha roupa era toda azul
- eu não uso saias direitas; eu quase não uso saias; uso vestidos
- eu gosto mesmo é de branco, preto, roxo, verde, cinzento e tudo quanto seja ratinho
- ainda tenho umas Levis 501, coçadas entre pernas e as primeiras Gap
- não volto a comprar camisolas com ponta de acrílico









24.8.07

caramelos

'Tava feito.
Até lhe expliquei, a caminho de Braga, a vontade e a oportunidade da coisa. A logística.
Que eu gostava de fazer qualquer coisa assim, que já está na hora, que acredito na técnica e na aprendizagem, como sempre.
Diagnostiquei-me. Falta-me o fôlego e a mentira. Sou curta, cada vez mais curta. O meu problema sempre foi crescer a obra, completar a mancha. Ora assim nem descolava as capas. E depois são os factos. Toda a vida trabalhei dados, verdades, verdadinhas. Sei lá eu inventar coisas. E já há tantas coisas, por todos os lados menos por um que é o istmo.
Daí o curso, a formação.
Claro que imagino já um sem fim de irritações. Cada vez que penso nisso fico com as sobrancelhas doridas.
Ontem fui à FNAC para não comprar um manual.
Abri nas páginas do fim e li um exercício: .... reescreva o texto do António Lobo Antunes ....
Não se faz.
A menina canta, canta e não espanta. O que sabe, o que não sabe, o que inventa - relatos ocasionais da vidinha musicados com temas da moda, que é como que diz o coelho Alberto. Canta bem, a minha menina. Até vou enviar um email ao coro, a saber quão tenros os aceitam.
A menina oferece-me todas as flores que vê. São p'a ti. São sempre todas para mim, que tens vestidos e gostas de flores.

23.8.07

desairo

E assim foi.
Ao primeiro tambor do regresso, um barulho angustiante, para aí 50 euros de serviço e uma mama descaída.
Note to self: lavar os soutiens rígidos dentro do saco do pão.

28.7.07

27.7.07

Apercebo-me do padrão. Sou incapaz de seguir uma receita. Há sempre um ponto acrescentado ao conto. Na cozinha, no relatório, no tricô, na vidinha. Simplesmente não consigo seguir, seguir, seguir. To do as I am told. Isto deve qualificar-me para algum prémio de inovação ou empreendedorismo.
Tenho tudo pronto (a lã certa, o padrão, as agulhas) para o wrap, mas pimba! já comecei uma manga com a beira verde. De propósito.
Very sad.

24.7.07

terra do nunca

Acabei de sair de uma mesa de almoço dominada pela infantilidade e nem de propósito.
Ando tensa, a desejar as férias e a temer as férias. 24 horas de coabitação com o gremlin, readaptação das regras às casas, às pessoas, aos tempos das férias. A tosse que não passa, o dobre das refeições, logo das insistências e malabarismos, os perigos da praia, do campo e mais um queijo.
Passo a vida a ouvir-me e palavra que isso me cansa. Nego dezenas de coisas por dia. Castigo-me por mais uma meia dúzia que admito contrariada.
É como nos jogos de computador, o nível de dificuldade vai subindo. A miuda é esperta e destemida. Mesmo teimosa. Responde-me e eu acho isso justo, mas palavra que às vezes me enfurece. A palavra aqui é fúria. Nesses momentos oscilo entre a pena de mim própria (coitadinha de mim, que me esforço tanto e até parece que não vale a pena), o sentido do ridículo e da desproporção, o riso, o orgulho (tão inteligente que até me respondeu assim) e às vezes mesmo a ausência de outro sentimento que não seja a fúria e vontade de gritar.
É muito mais difícil comigo do que com qualquer outra pessoa, incluindo o pai. Esta é uma injustiça com que não me conformo.
Há meses que não leio conselhos, os livros lá de casa já expiraram aos três anos. O pediatra acha-a óptima. Valem-me as outras mães e os outros filhos.
Ela é o Peter Pan (é sempre o Peter Pan) e eu sou a Wendy. Mas às vezes queria ser a Sininho.

18.7.07

Dallas, UK

Ando preenchida de desejos de novelos e desobrigações.
Este livro é tão lindo que o folheio sem conta, imaginando-me coberta de pontos certinhos, simples, tão simples.
Quase que cheiro os lilases, as ondas pardas, o tea. Até já me chegou a apetecer umas férias de pier. Claro que I should know better que as frialdades da ilha ficam melhor em livro que nos ossos.
Também é verdade que os modelos do livro estão tão enrolados nas maravilhosas fotografias que não se vêem bem, mas palavra que estou a um click de mandar vir meio quilo de gypsy para usar por cima do vestidinho branco amarrotadinho que resgatei de um saldo no fim-de-semana.
Quero uma licença com vencimento e um cream tea.
Alguém (ele, a empregada, a divina providência?) arrumou umas cuecas minhas na gaveta da criança. Decido que estou pronta para o biquini.

23.6.07

mousse de manga, frente e costas


Na mesma semana em que me apaixonei pelo knit all rows , cheguei à EZ, e reconheci-me institivamente como zimmermaniac. Ando há que tempos a apontar num caderninho modelos básicos que evitem as costuras. Ela inventou-os antes de eu nascer.
Inspiration e as primeiras turbo-agulhas, para experimentar.

20.6.07


Apetece-me ir. Ir. Estou falha de vontade para ficar.
Eu vou com muita facilidade. Faço malas simples, depois da última hora. A minha mala para uma semana é igual à minha mala para três meses. Sempre transportei eu própria as minhas malas.
Wish me well,
say goodbye
I'll never tell I saw you cry
Understand you're not to blame
It's just that the wind,
the wind knows my name
And it's calling me,
calling me,
calling me again
Claro que isto agora é mais retórico. A vidinha hipotecada de escolhas. Prestações de compromissos que me deixam em lista de espera.
Por enquanto é um fiozinho de voz, um sussurro em sonhos. Uma inconstância.
Se calhar é só porque me apetecia ir de férias.
I think that you knew right from the start
there was this restlessness in my heart
It's a feeling that I have tried to tame
but it's hard when the wind,
when the wind knows your name
And it's calling me,
calling me,
calling me again

16.6.07


eu, o brasil, o preto, o branco e o verde
bambu preto, bambu branco e eu, que não gosto de riscas, apaixonada por uma alternância

friendly colours
Considero se deveria inventar uma historieta criativa para se um dia me perguntarem porque é que estudei biologia. A verdade é que já nem me lembro bem. Quer dizer, lembro-me da escolha, não me lembro é da biologia.
Deve ser por isso que acho graça a coisas destas.

Highlands

Vou encomendar este livro por muitas razões.
Porque ando numa onda assim torcida, assim cabled, e apetecem-me tranças. Porque o tempo está tão farrusco que a lã não me faz calor. Porque gosto de vários padrões do livro e gosto da autora.
E obviamente por causa do título e dos saudosismos.
Nos últimos dias tenho-me lembrado à brava das terras altas. O tempo cá do rectângulo tem estado parecido com os mais belos dias de verão lá de cima. No outro dia até quase me cheirava a brewery. Por causa do tempo, muita gente me tem comentado o tempo e falar do tempo é um passatempo britânico. Para nós é também o Tony no cimo do Swan. Building. Do Swan Bd.
O Tony discorria sobre os ventos do norte com uma verborreia tão rica como a que lhe saltava na conferência da uniqueness. O meu chefe tinha uma conferência perfeita sobre a uniqueness. The importance of the individuality. Ouvi-a várias vezes, à uniqueness.
E pois que assim sendo só me resta encomendar o livro.
E passear por aqui, a ler as histórias dos outros.

14.6.07

Meishi


Estávamos os três nos sofás coçados da cozinha do Daniel Rutherford. Building. Do Daniel Rutherford building. Eu talvez folheasse uma New Woman (assim uma Maria made in UK, que havia sempre alguma lá na cozinha do Daniel Rutherford. Building] ou uma Good Housekeeping. Beberricava uma mug. A Farzhana se calhar comia cuscus na mug dela. A miúda alimentava-se de cuscus e northern blots.
Não sei como começou, talvez com a velha conversa dos bilhetes de identidade. Dão sempre pano para mangas, os bilhetes de identidade. O Masaaki falou então dos cartões e dos carimbos.
Os cartões são uma instituição. A mim o que não me cabe é a tradução dos alfabetos. Não me cabe. Como é que o nome muda dos desenhinhos para os kiki e kodas e isso.
E ainda há os carimbos. Para além dos cartões, há os carimbos. Imagino aquilo tudo belíssimo, muito cuidado e elegante. Claro que me apeteceu logo um carimbo e um macinho de cartões.
Ainda há dias vi numa papelaria uma caixinha de cartões tão bonita. Os meus cartões têm o modelo da instituição e foram impressos à pressa com uma requisição de favor antes de uma viagem.
Quero uns cartões finos, que digam pouco, que eu, pode não parecer, mas não sou de muitas falas.

Às tantas, a mulher levantou o chapéu vermelho, abriu o fecho da mala e tirou de lá de dentro uma caixinha de pele negra reluzente, mais pequena do que uma cassete de música.

13.6.07

organic feet


Duzentas gramas de algodão que ainda não sei como hei-de combinar. Tenho esta mania parva de comprar poucos novelos sem destino, como se vivesse de amostras.
Aprendi duas palavras novas no knitworld que me definem,
stash
frogging

10.6.07


Passo muito mais tempo a manejar novelos do que agulhas. Encanta-me o processo de escolha, as cores, os fios, as expectativas.
Estas amostras são algodão/linho e fita de algodão. Ando a namorar uma alpaca.
Gosto de formas simples, desgostam-me as costuras. Às vezes paro num feitio, num padrão exigente, quase sempre folhas.

Cool XY knits. É desta que encomendo umas Noro.

small print / large print


3.6.07

trap



O meu aeroprojecto acumulou milhas e foi só.
Descobri-o na véspera do check in, num cesto de saldo. Tem um maravilhoso tom ratinho entre o cinza e o lilás e o empoeirado. Quero-o em forma de casaco, feito de dois rectângulos, com um mínimo de feitios e costuras. Pensei, pensei, e encontrei a solução,

wish knits

xxs wakie wakie
s wakame

it bag



A mala perfeita chama-se... Annie.

Wishing from Br Osklen, Melissa, Zoomp, Huis Clos.

30.5.07

Há muitos anos, havia um anúncio que perguntava: até que idade pensas divertir-te?
Ocorre-me várias vezes, esta pergunta. A mim e decerto a outros como eu, assim trintões. Porque somos da geração do anúncio e porque a pergunta é legítima, justificada, recorrente.
Esta coisa da idade também só interessa a quem a tem.
É muito estranho apercebermo-nos dela, da idade. Acontece-me cada vez mais vezes, mas (ainda) não me incomoda. Chega mesmo a ser confortável, libertadora. Por agora não há nada que eu não possa fazer por não ter idade ou ter idade a mais. Tanto combino riscas com bolas como uso verniz vermelho. Tanto mando como acato. Venho todos os dias para a escola.
O que me aborrece mesmo é fazer o jantar.

26.5.07

azulvejo





bahi_ana



Sei nem como começar.
E agora parece que já tá tudo esfriando, fugindo da pele. Vai ver deu sorte que as fitinhas são de nylon e não rasgam nunca.
É um calor que cheira. Uma terra suada, de janela aberta.
Pobre, tão pobre que a gente habitua-se ao defeito de tudo. E quase tudo vem com algum defeito; as igrejas quase tão ricas como as originais, as praias quase tão bonitas como nos folhetos, as palmeiras quase tão altas como nos postais.
Rica, tão rica que a gente habitua-se ao feitio de tudo. O sol, a brisa, a água do mar, a fruta, o desnível da expectativa. A graça.
Viajar sozinha tem vantagens. Perdi muitas horas de escuro aquartelada no hotel (sozinha, aconselho não, vai de manhã...) mas ganhei todas as que vivi na chinela. Quase não entrei em nada, mas estive dentro de tudo. Da rua, do ônibus, do cais, do mercado, da areia. Recebi tantos sorrisos quantos dei. Acendi vela, amarrei fitinha, baixei preço ou nem por isso. Há anos que não me tinha assim, só para mim, para a minha vontade ou preguiça, leve de horário e escolha, capitã de areia.

18.5.07

out of office - autoreply

Tou nem aí, tou nem aí
Pode ficar com seu mundinho eu não tou nem aí
Tou nem aí, tou nem aí
Não vem falar dos seus problemas que eu não vou ouvir

16.5.07

Continuo à procura de um projecto. Continuo maravilhada com as arquitecturas simples e as cores neutras.
Inspiro. Oriento-me. Ahhhh.
Tudo o mais são pardais.

13.5.07

fatalidades

Esta semana abracei o meu folder de amanuense na magnitude da escadaria, à espera que o meu chefe inaugurasse os urros e máscaras várias que consegui espreitar na nobreza do salão. Quando se abriram as portas, libertaram-se personagens que não encontro há que anos. Uma mistura urbana de jovens ponta acima ponta abaixo, anormalizados, levemente soberbos e imagino que militantes. Já no outro dia os tinha reconhecido num telejornal, manifestados numa alameda da cidade.
Apesar do comentário bondoso da secretária do meu chefe, que me empurrou para os ir lá ver "que hoje até está tão gira e parece artista", senti-me irremediavelmente excluída. Abraçada a formulários que aprendi a preencher, a regulamentos que discuto com entusiasmo, percebi-me longe, longe daquilo que lá me levou, imersa no lado negro da força.
O transtorno foi tal que desabafei a falta da arte com o chefe que chegava, de olhos brilhantes. E ali discorri, abraçada ao folder, sobre as dores do crescimento, lamentando a (des)graça das gravatas com quem reúno os dias. Claro que o meu chefe, um ex-conservado de gravata, percebeu tudo o que lhe disse. Partilhámos a nostalgia por um bocadinho e depois enfrentámos animadamente a agenda.

O rectângulo está pronto. Continuo maravilhada com a simplicidade da coisa.
versões várias de capas/casacos/ombreiras. Ando tentada com esta.
A versão minimal do meu rectângulo estava aqui. Basicamente, é um rectângulo de 100x75 cm, com duas barras exteriores de ~12,5 cm de canelado 2x2 e uma barra central de 50 cm de qualquer coisa que apeteça (como por exemplo um canelado 6x2).
Agora procuro um projecto aéreo que me distraia até .
Isso e um cozy.

11.5.07

Ando inchada de importância porque todas as frases acabam com ... mãe ou .... sabes, mãe. É tão doce, tão meu, aquele título acrescentado à descoberta das coisas.

9.5.07

Há qualquer coisa de literalmente memorável nas letras que decoramos na adolescência. Deve ser uma mistura de cérebro limpo (pré-universidade e pré-maternidade) e tempo investido que faz com que ainda hoje cante de cor o que já não ouço há anos. Aposto que nunca mais vai acontecer.
No fim de semana, muitas mães e muitos filhos pequenos comeram bolo de morango decorado com smarties nos parabéns da amiga. Sobre aquilo de uma pessoa ficar atrofiada depois dos miúdos, eu tentava confortar(me) (n)uma recém-chegada dizendo que, eventualmente, melhorava bastante. Chamaram-me à realidade as mães múltiplas, apontando-me a singularidade da prole e as consequências da iteração do processo. Todas estas mães acumulam vários graus académicos conseguidos em vidas anteriores e unanimemente reconhecidos como quasinutéis. Sabem dizer coisas difíceis como farmacogenómica. Estas mães agora lêem revistas, que é mais rápido. Eu, à minha conta, consigo proezas nunca imaginadas, como perder o bilhete de identidade (ninguém perde, sem história, o bilhete de identidade), obliterar da memória acções praticadas e devidamente registadas, como mudar a morada no bilhete de identidade, chegando inclusivé a comprar novos impressos e sorrir debilmente para a funcionária perante um monitor acusador. E agora por acaso não me lembro se tinha outro talão para levantar o passaporte ou nem por isso...
Mas a prova final da degenerescência é que a gente não segue um CSI. A queixa inicial nem foi minha, mas podia ser. Eu pergunto coisas a meio. Eu, irritantemente, pergunto, vocalizo, confundo as coisas. Eu não era assim. Ele não se casou comigo assim. Hoje dá a 24 e o melhor era eu dormir uma sestinha.

3.5.07

ò mãezinha mais ou menos

O Aderson é físico, nordestino de Natal. Trabalhava dois buildings à frente nunca soube em quê, que era o ano do mundial e isso é que animava a malta. Ficará para sempre ligado à minha tese porque nos fotografámos a imprimi-la, num canto da casa velha, quando ainda não havia barra na parede do quarto pequeno. O Aderson tinha uma frase fantástica: ò vidinha mais ou menos! Dizia aquilo devagar, abrindo um sorriso cor de chocolate. Lembro-me disto vezes sem conta. É um equivalente do "not bad" ou do "vai-se andando", mas mais optimista.
No geral, acho que sou uma mamã not bad e que a miúda tem uma vidinha mais ou menos. Que é como quem diz que não somos perfeitos, mas não nos angustiamos demasiado com isso. Ou seja,
> tem uma Barbie que custou 4 euros, morena, com um vestido de verão giríssimo, e nunca lhe ligou nenhuma
> já deve ter comido uns três McNuggets e ainda pensa que o M (todos os M) é de Mariana; eu gosto mais dos brinquedos que ela
> este ano mascarou-se de Noddy (falava da máscara com tal certeza que não me atrevi a não cooperar) e eu morri de vergonha as primeiras horas e depois percebi que ela já estava farta do guizo
> não tem um único par de sapatos não esfolado e esta regra aplica-se a quaisquer sapatos uma hora depois de calçados
> tem várias pontas acima e pontas abaixo; no cabelo, na roupa; nós não temos genes arranjadinhos
> tens uns 10 DVD que já viu 100 vezes; temos Panda
> ainda não sabe ler que ainda não me deu para lhe ensinar
> nomeia a personagem da SIC e eu faço de conta que não percebo; sempre que desfiz na criatura só serviu para a tornar mais importante
> não é muito simpática com estranhos e só agora é que começo a fazer um esforço para lhe incutir regras de socialização que envolvam simpatias de chacha; nunca lhe pedi que desse beijinhos a ninguém senão aos avós
> fala um bocado alto e tenho esperança que seja só da idade; eu sou um bocado surda, mas não falo alto (acho eu)
> não usa vestidos; desde o fim do verão passado que não consigo enfiar-lhe senão calças; buáaaaaaa
> tem mau acordar e dá muitos pontapés
> o chocolate continua a ser uma coisa maravilhosa; regrada, mas maravilhosa
> não come salada, nem espinafres, nem nada disso que não esteja na sopa ou ardilosamente disfarçado
> agora voltou a comer fruta depois de meses de subornos e trocas directas (com chocolate, por exemplo)
É muito mais do que menos.

29.4.07

desabafo

A menina voltou. Quase a engolia. Claro que já me doem as costas e já bufava por vê-la deitada. Puxou-me por todos os lados menos pelo istmo. Deu-me um pontapé no umbigo (sem querer) e fez umas quantas malcriadices. Igual, portanto. Que alívio.
Eu continuo fartinha de ser um cliché. Estou em todas as capas de revista, em artigos mais ou menos suportados por "especialistas" que nos resolvem a culpa com caminhadas, meditações, compras etc. Sou uma trintona mãe e profissional e sofro de culpa. Devia fundar umas culpadas anónimas. Assim podíamos culpar-nos por mais essa tarefa associativa. Parece que acho que "o mundo gira à sua volta, que é imprescindível em casa e no trabalho". Sou mesmo parva.

28.4.07

abafo

A minha menina não está cá. Está contente, bem dormida, alimentada e mimada com os avós. Levaram-na, pois, e eu deixei. Tenho trabalho, tenho sempre trabalho, mas não foi por isso. Tenho três pro ces sos, qualquer um deles me ocuparia a tempo inteiro. Sonho com os regulamentos misturados e acordo suada com prazos que vencem em cima uns dos outros. Não tenho tempo para ler de facto a documentação toda e não respondo logo aos emails. Eu sou do tipo que responde logo aos emails. E por isso deixei levarem-me a menina. Por isso e porque tive que ir no expresso e dormir no hotel antigo da praça. E porque eles também gostam de estar com ela e assim é tudo muito mais saudável e tal.
Estou é doridinha sem ela. Acho tudo um desperdício. Posso lá fazer salmão para o jantar, se ela gosta tanto de salmão. Nem devia era fazer o jantar. E muitas vezes não faço e parece como dantes, quanto chegava ao restaurante e me sentava e comia e pronto. Mas não parece nada como era antes. Nunca vai parecer. Imagino-a lá e onde a sentava e no que afastava da mesa e vistorio os perigos e as saídas. Escolho uma comida que possa partilhar com ela e procuro mentalmente os brinquedos que tenho na mala. Que parvoíce.
Gosto é das manhãs, isso gosto. Hoje levantei-me às nove. Há meses que não me levantava às nove.
E agora andamos aqui os dois, a sentir que devíamos estar a divertir-nos muito ou a trabalhar muito ou qualquer coisa que justifique a falta dela. Mas eu detesto trabalhar ao sábado. Já estive a coleccionar legislação e hoje na FNAC folhe-ei (é desagradável desfolhar os livros que não são nossos) manuais de contabilidade. Até tive um bocadinho de vergonha. Em vez duma coolness qualquer procurei avidamente nos índices "contabilidade analítica". Não há grande coisa. Decidi imprimir o POC-Ed e talvez parte do código do IVA.
Ontem ao telefone perguntou-me se ainda estava no autocarro. Os miúdos têm um tempo fora de fase. Imagina-me ainda no autocarro, a minha Pipinha (não sou Pipinha sou a Mariana M!). Os meus diminutivos começam todos por P. Quando tiver 15 anos e me fizer má cara ameaço chamar-lhe Patanisca à frente dos colegas.
Nós também gostamos de estar com ela. Eu mordi o lábio e deixei. Bugger.

22.4.07

Vou ao Brasil sozinha. Grande gaita. Sozinha queria eu ficar cá, que me sinto a falta, tantas vezes. Agora para viajar oito horas de avião queria ao menos levar um marido, já que não me devem permitir o tricô. Oito horas. Minha Nossa.
Esta semana vou a Viseu e demoro quatro horas, mas ao menos não me proibem as agulhas.

[free patterns que valem a pena]

the inconstant gardener

Ontem descobrimos um jardim secreto. Uma ala paralela no jardim de sempre. Quais Alices, percorremos devagar aquele segundo sentido. Ela muito divertida, uma exploradora alegre a fingir mundos de perigos; eu, ligeiramente acabrunhada por não ter seguido antes por ali, por ser assim linear; um jardim-parábola.
Tem lagos secos e bancos de pedra com azulejos. As passagens são mais estreitas. É fantástico. Não estivesse eu tão emburrada comigo e teria inventado ali um reino de piolhices. É verdade que não tem baloiços nem chafariz mas, quando um dia eu perder esta ansiedade do contacto visual em cada segundo, será óptimo para brincadeiras.
Outro dia começámos as mimices. O que é isto?, pergunto-lhe enquanto finjo apanhar e cheirar uma flor. É uma flor. De que cor? É corderosa e tem a perna verde.

17.4.07

piolhices abridged

Tu não tens uma camisola de polar. Eu tenho uma camisola de polar. Olha!
E pula.

Ò mamã, está partido (e aponta para um rasgão fashion nas minhas calças). Porquê?

Aqui são os meus umbiguinhos (e aponta para as maminhas).
Aqui são os meus músculos (e aponta para as veias azuis do pulso).

16.4.07

dois pares de sapatos levantando o pó

Ouvi na rádio hoje de manhã e este bocadinho não me sai da cabeça.

15.4.07

turning points


Ando às voltas com um rectângulo que, cosido e revirado, me abraçará. Cada volta tem mais de 100 malhas pelo que progrido pouco e, na verdade, muitas vezes lhe pego e nem sequer volto. O que isto me dana.
Levo-o para todo o lado, dentro de um saquinho que acomodo entre as três carteiras que habitam a minha mala. Sabe-me ter ali uma carreira alternativa.
Acordei do mesmo sonho, aquele com quem durmo aflita e acordo aliviada. Hoje eram umas cadeiras de análise ou coisa que as valha. O pior de tudo é não me compreender no sonho, não perceber porque não estudei e me sujeito ao enxovalho da minha própria expectativa. Parece que é um clássico, isto de sonhar falhas. Outro dia, várias gerações partilhavam as angústias dos olhos fechados e culpa aberta. Os mais velhos recordam inevitavelmente o liceu; comigo é mais à frente. Uma canseira.
Mesmo irritante é acordar disto às 7h10 e, obviamente, não voltar a adormecer. A menina dormiu fora e eu acordo às 7h10 com chumbos de econometria. Parola. Sou uma parola. Há meses que me queixo de ser sempre acordada, de não deixar o corpo decidir o ritmo, de sopetar do edredão e aterrar no armário, na ombreira, na agenda. Bugger.
Aproveitei e comecei a esfregar-me com o loofah. Tenho-o desde a Escócia, mas só o descubro na altura das intervenções estivais. Também comecei a esculpir. Sente-se um frio e não fica peganhento. Já é bom sinal. Sempre me sinto menos ridícula.
Tenho a laica ao pé da porta. Já lá vou. Ainda devem estar a dormir.

9.4.07


Encontrei-lhe o destino no último modelo do volume, desconstruído por um designer que, apesar de certinho, me agradou desde que a bem vestiu no Caso.

Kamel


Desci a folga na avenida, espreitando as montras caras e por vezes despropositadas. Há muitos anos fiz montras, com o meu pai. Até ganhámos concursos. Desenhei a antiga estação do comboio numa manga de plástico e semeámos quintais em tabuleiros. Doutra vez vieram tabuleiros de Tomar. Mas normalmente só se lá punham os sapatos e as bandoletes. Usavam-se as bandoletes. Às vezes também trazia as caixas e sorria. Outras vezes estudava ao fundo. O meu pai também me levava aos hóteis para ver os ímpares da estação. As colecções são sempre ímpares, 36. Nunca experimentava porque sempre fui desengonçada e um bocadinho mal vestida.
Mas sei reconhecer uns bons sapatos e tenho imensa opinião sobre malas. Basta-me um relance para reconhecer a graça de um gosto. Aposto que seria uma óptima personal shoper. Mas assim sendo comecei a manhã a discutir regulamentações financeiras e depois ensolarei-me na avenida onde as finanças são claramente desregulamentadas.
E tudo para chegar aos escaparates da Tema e rejubilar com a recompensa. Fiquei tão excitada que até conversei com o empregado, a ver se o meu entusiasmo lhe regulariza as encomendas. Não há nada como comprar revistas nas bancas, ele há lá assinatura que se lhes compare.
Contentinha, desfolhei-a na Nacional enquanto equilibrava a galinha na sandes. Um pão sem côdea é um desafio ergonómico. Fui comer um sonho e mantive a rota articulada da Baixa. Gosto tanto da Baixa.
Espreitava os algodões quando a vi, um novelo desajustado, pardo, uma mistura fina como só uma loja de rua podia conter. Merino e Baby Camel. Uma promessa de calor e gosto. Irrestringibile. Que eu não sei o que quer dizer e provavelmente não é irresistível.

6.4.07

good friday


& saturday & sunday & monday

Wisting

Copiei da Rosa .
Acho tão girinhas as unhas de polegar ali ao lado.

5.4.07

Bobos sem corte

Li numa revista que os bobos tricotam. E que têm sempre à mão uma T-shirt, ou melhor, um marcel, desbotadinho. E que são bio. E esquerdalhos. Urbanos, mas com gosto pela landscape. Que habitam centros históricos e gostam da Carla Bruni. Hum.
Mas, ... ...

Ten ways to tell you're a Bobo - Do you:
Believe that shelling out £10,050 on a home media centre is vulgar, but that spending it on a slate shower stall is a sign you are at one with the Zen-like rhythms of nature?

Temos wireless em casa e nunca experimentei o modo massagem do duche
Work for a company as cool, hip and enterprising as you?
Bem, ya.

GO ON adventure seeking vacations to the remotest parts of the world to X-treme ski, mountain climb or whitewater raft, or do you simply settle for a ride in the sport utility vehicle to the nearest haute-design shops and local purveyors of Third World treasures?
Não se esquia no Caramulo; queríamos trocar a carrinha Golf por uma Touran, sempre em segunda mão; não sei se a Diesel qualifica; já me passou a onda étnica há uns anos, mas ainda me foge um pé de vez em quando
Dress 'geek chic' or hippy chick - and don't forget the titanium Omnitech athletic gear?
As reuniões lixaram-me um bocado um look
Have a newly renovated kitchen which looks like an aircraft hangar with plumbing - even after the feng shui?
A cozinha é preta, branca e verde lima; temos cupões de desconto do minipreço
Give to Tibet, but not always to the local homeless?
Nunca comprei o Big Issue, mas já coleccionei a Cais, que eu nunca confundi a home
Feel cheated and betrayed if a big supermarket sign that normally says 'Organic Items Today: 130' today counts only 60?
Quê?
Earn upwards of £67,000 but were never in it for the money?
Pronto, já chumbei. Podiam ter posto esta logo no princípio.
Buy Third World to save the Third World?
‘Tou a ver…

1.4.07


De algum modo, o jardim faz parte de nós. Como os parentes da infância, que recordamos em casas que já não existem. Nós no jardim, como também já não somos. Os nossos filhos no jardim. As obras novas e as obras velhas. Ela a chamar árvore do Tarzan à Ficus e a tropeçar-lhe nas raízes. As raízes.

Esvoaçámos.
Como bater as asas.

A árvore está . Um tronco magrinho, adoptado na primeira primavera dela.

purest blend


JB - 17 anos


JB - on the rocks

29.3.07

Ele hoje dorme fora e eu vou tirar os pelos das pernas. Com calma, vou besuntar-me de espuma e curvar a lâmina sem piedade. Desde os tempos das Escócia que abandonei a cera. Porque eram demasiadas libras, porque me puxavam os derrames e porque não mudei de namorado. Substitui a relação com os pelos pela relação com o homem. Saímos todos a ganhar. Também uso pijamas de flanela.
No outro dia fiz uma máscara. Besuntei a cara com uma pasta esverdeada e sentei-me na beira da banheira, a sentir aquilo a arrepanhar-me a expressão. Já não fazia há tanto tempo que já me tinha esquecido daquele puxão purificador, que eu cá gosto que os tratamentos se sintam. Pensei que depois ia tirar os pontos negros do nariz com aquelas fitas mágicas que também secam na cana. Tenho um prazer mórbido quando observo os pequenos anões de gordura, geometricamente espaçados, arrancados sem piedade e exibidos de pernas para o ar. Uma vez convenci-o a fazer aquilo e o mariquinhas gritou que doía muito. Os homens são uns fracos. O que dói é depilar as virilhas e arranjar as sobrancelhas.
Nesse dia já passava das nove; a criança alimentada, lavada e supostamente dormida. Mamã, mamã. Já não sei qual era a urgência, mas recordo a expressão parada, levemente enojada e temerosa quando me debruço. Vai lavar a cara. Encolhida, afastou-me num esgar de recusa.

26.3.07

Eu até já tinha reparado, mas hoje, hoje tive a certeza: a miúda tem os meus dentes. O meu pai confirmou que também já tinha percebido. Ora bolas, isto não é nada bom.
Há coisas que até acho graça. Habituei-me a que me expliquem que "ela é igual a ti!". Mas detesto ver-lhe os meus defeitos, um legado misto de snappishness, nariz e, agora, dentes. Agora já não, mas durante muitos anos tive o phantom limb do aparelho. Ora bolas.

23.3.07

A talentosa Mrs. Ripple

Mais dia, mais dia também hei-de fazer uma manta de croché. Acho que acabo sempre por preferir os quadrados às ondas, mesmo quando são perfeitamente descombinadas.
Menos dia, menos dia, e enquanto não me liberto das teclas, sempre aproveito a luz fresca da casa nova.

Right hand

Já não coxeio, agora só retraio ocasionalmente a postura. Um amigo ontem disse-me que o arrasto dava um certo charme. Como a rouquidão. Ora isto é a miséria total, uma pessoa a cavalgar socialmente as mazelas.
Tenho uma mão cheia de urgências e mais uma dúzia de coisas importantes para fazer. Esta semana disse ao meu chefe que precisava de ajuda, o que me custou que eu não gosto de trabalhos de grupo. Ele riu-se e disse que era bom sinal. Eu afastei a franja e levantei as sobrancelhas com um ar entusiasta. Upa. Isto agora resulta muito melhor depois da Eliete me trabalhar o arco.
Entretanto torci o pé e pendurei a correria até acabar o relatório que devo às autoridades há quase cinco meses. Custa-me tanto que chego a fantasiar uma manobra menos dextra.

22.3.07

Left foot

Estou constipada, alérgica e torci um pé. Não me está a correr bem a semana. Há dois dias, chego tarde e gasto mais de meia hora no indiano que nos outros dias é sempre rápido. Esbaforo para a casa e tinham-se esquecido do nan. Não se faz, pá.
Hoje ao fim da tarde fiquei rouca e agora carrego uma fronha de ranho que amanhã de manhã será amarelo.
Como hoje de manhã, quando me começou a doer o pé. O pé que já está quase bom, mas agora dói-me a perna do esforço de coxa. Caí ontem com a miúda ao colo e fiquei de joelhos nas pedras da calçada.
Sou tão coitadinha.

18.3.07

after colin


A Britlândia tem um fotógrafo famoso, daqueles que regista postais e livros de mesa de café. O grande mérito do Colin é estar lá sempre nos dias solarengos, registando uma terra de quase-nunca, com uma luz brilhante e uma paleta forte que o enevoado de quase-sempre não deixa vislumbrar aos desprevenidos. O Colin mostrou-me o que nunca vi e o meu obrigada regista-se nestes pequenos momentos de vidinha encenada.

17.3.07

wish knits


Se, em vez da semana empilhada que me espera, eu tivesse uma poltrona e uma bay window, seria assim:
top dress undress whatever

From the top of my head


Assim de repente, acho que também vai ser uma despenteada.

16.3.07

Li no jornal que o Starbucks perdeu a alma e parece que já nem cheira a café.
Hum.
Para mim o Starbucks lembra-me Brighton e consolo. Era de um quentinho macio, com sofás de veludo castanhos e lilás, onde eu afundava os arrepios que trazia do Inverno e da quase-solidão. A mug de capuccino nunca me desiludiu e aprendi a gostar de muffins de morango e chocolate branco. Nas visitas a Londres era também a garantia de um chichi seguro.
Tão bem me sabia aquilo que nem conseguia embirrar com o look corporate. Nunca fui em combinações esquizofrénicas de chocolates, mokas e afins, mas havia sempre canela para temperar a espuma.
Claro que o melhor de todos os cafés era o Metropole, no cimo da Minto Road, nos tempos das terras altas. Era não fumador, tinha jornais, jogos, fatias de bolo e hot drinks servidas em chávenas coloridas e desirmanadas. Ficava à beira de casa e era a nossa versão do sair à noite. Era tão caro para as nossas bolsas de escudos que muitas vezes trocávamos tudo pelo nescafé e os jam donuts do supermercado.
Apercebo-me que isto já foi há dez anos e, estupefacta, abandono aqui a memória dos factos.

14.3.07

baby fly

A miúda está espigada. Assim crescida e alongada. Sinto-a a medrar, todos os dias. Como perdeu a pançota pode ser que se salvem as calças do ano passado. Tem uns pés lindos, esguios. Já não tem rechonchices de bebé. Já não é um bebé, mas às vezes finge-se de bebé, gatinha e diz que não sabe falar. Mas a minha menina diz coisas fantásticas e desafia-me todos os dias. Retém o que lhe digo, mesmo quando não parece. E muitas vezes não parece. É teimosa e forte. Quando não espero, repete-me o ralhete que lhe dei a ela. Fiscaliza-me as opções e as regras. Ando aqui direitinha e coerente. Peço desculpa.
Mas mesmo giro foi virmos hoje a descer as escadas e ela reparar: "Mamã, tens uns sapatos* novos; são tão giros; quando eu for grande também vou ter uns sapatos desses". Eu rejubilei e ele suspirou.

*mas amarelos.

10.3.07

8.3.07

Querida Internet,
Assim de novidades só que a minha filha está a perder a barriguinha de bebé. Escorregam-lhe as calças e foi assim que me apercebi.
Tambem lhe cortei o cabelo e agora tenho uma filha escadeada.
De resto, o meu homem fez 40 anos.
Afadigo-me, não tricoto e preciso de uns sapatos.
Sempre tua,
Ana

(e agora acompanhava uma fotografia enevoada, de ladecos, com a assinatura do fotógrafo em diagonal e em que, pela primeira vez na vida, eu apareceria penteada; mas não vai acontecer, como muitas outras coisas)

25.2.07

hooked



O tamanho da minha ausência de quase tudo o que é extracurricular chegou pelo correio.
Encomendei-os há muitas semanas e enganei-me a digitar o cartão, o que os atrasou outras semanas. Agora vivem em cima da mesa da sala e palavra que ainda não os abri.
Quando não estou a trabalhar, exercito a articulação mental a pensar no que hei-de vestir no dia seguinte. E mais nada. Cá em casa come-se o que calha, para gáudio da criança. A própria criança foi vendida este fim-de-semana.
Um grande amigo, parceiro de tensões e relatórios, que de tão atrasados até parece que já não existem, disse-me no outro dia: tenho tanto que fazer que penso "olha, vou ao cinema". Isto não é o mundo ao contrário, é a vidinha da malta que tem dores de cabeça.
Como é óbvio que nos próximos meses não vou ter tempo para mais nada, decidi hoje, depois de mais um highlighting ("olha, vou ao cabeleireiro"), que vou passar a usar saltos, utilizando os momentos em que tentarei não cair como pausas no trabalho.

14.2.07

must

O cenário. A personagem ciranda pelos stands com um caderninho cheio de post its.
Encena um sorriso afável e dirige-se para o polaco alto e magrinho que já a tinha aturado no dia anterior com remakes de perguntas perguntadas oficialmente, e supostamente respondidas.
A personagem teme que o rapaz não a possa nem ver e começa logo a desculpar-se pela insistência but you see, for us this is really important and since there are no financial guidelines yet (a crítica, no meio sorriso) I am back to bug you about it. And I actually looked for your colleagues, but since there is noone else around I must haunt you again. Sorriso.
O rapaz polaco, alto e magrinho, com aquela corzinha de leste e um sorrisito que quase não chega a ser, responde:
Ok, that's fine. But before you ask the questions I must tell you that today you look great.

[I must tell you that today you look great]

A personagem, estupefacta e mesmo um bocadinho estúpida, semi-sorri, agradece e insiste nos average personnel costs. Só por sorte não lhe afagou o cocoruto, como se faz aos putos.

E porque é que estando eu nesta correria e aflição, cheiinha de trabalho e ainda sem financial guidelines, me ocupo a descrever esta história?
1. porque significa que há esperança de todas nós, mamãs estafadas, recebermos um elogio de um estranho;
2. porque hoje é dia de corações e eu tenho por sorte um há tantos anos, tão bom e há tantos anos, que TODOS OS DIAS me diz coisas destas e eu nunca escrevi um post sobre o assunto, o que é desmerecido e ingrato;

Assim sendo, minha riqueza, obrigada por todos os elogios e isso e gosto mais de ti do que de pão com manteiga.

Já agora, se alguém me souber informar se a cedência de pessoal intra administração pública e entre esta e as IPsFL é tributável de IVA ou não, agradecemos, e poupar-se-á a um coração polaco, alto e magrinho, mais uma canseira.

13.2.07

...


Todos os dias trabalhados lá se multiplicam em dias trabalhados cá e não faço outra coisa senão isso.

5.2.07

like a virgin

A última vez que peguei na tesoura foi na véspera do exame de Fotossíntese, há uma dúzia de anos. Cortei curta e não contei com o que ainda encolhe. Emoldurei-me assim, com canudos compridos e uma franja rasteira, e discorri sobre pigmentos.
Ontem, atulhada de pendentes, ansiosa e um bocadinho disparatada, fui arranjar as unhas. Não contente, pedi as sobrancelhas. As sobrancelhas, aqueles pêlos inofensivos que temos por cima dos olhos. Estou maravilhada até agora, não me canso de ensaiar expressões novas e, tivesse eu tempo para me ver ao espelho, não saía da casa de banho. Não contente com a audácia, despejei um tubo de reflexos acobreados no cocuruto, de luvas, na casa de banho onde me mirava, enquanto eles foram ao jardim das pinhas. Há que anos que não domesticava tais avarias. O cabelo está absolutamente na mesma, mas palavra que o meu espanto tem outro arqueio. Já só me falta emalar a vidinha e voar.

2.2.07

Five ways outside my heart

Para a semana vou estar cinco dias fora. Preocupa-me o eurofrio, mas reconforto-me com a ausência de cinco levantares, cinco banhos, cinco jantares, cinco corridas iguais, seguidas, atrasadas. Vou tomar cinco banhos descansada, vestir cinco roupas na ordem normal das coisas. Eu passo a primeira manhã numa figura deplorável, com meias e roupa interior, às vezes uma t-shirt ou camisola, mas sempre sem a camada exterior enquanto não acabo de vestir e lavar o gremlin. Agora que me visto à senhora, não posso arruinar tanto esforço com acrobacias estridentes, pasta de dentes, xixi, ranhos ou corn flakes. Vou pentear-me ao mesmo tempo que olho para o espelho e, quem sabe, hesitar ou chegar a trocar de roupa.
Claro que vou perder cinco relatos mirabolantes, em que a personagem é perseguida por outras criaturas com menos de um metro, escorrega imaginariamente no recreio, fica irremediavelmente cheia de dói-dóis e chega mesma a ser mordida por um crocodilo. Cinco beijos lambuzados de iogurte, num tresando delicioso a morango, cheio de crocante. Cinco abraços de quadrados azuis e brancos, perdidos de botões. Cinco cantigas esganiçadas e quem sabe cinco palmas.
Vou passar cinco dias a ser crescida, a falar com outros crescidos sobre coisas adultas e levemente incompreensíveis. Não levo fatos porque os casacos não cabem debaixo do meu lindo sobretudo e assim como assim toda a gente anda de fato. Vou pintar os olhos e esticar o cabelo, mas aposto que ninguém me vai dizer que sou a mais linda, nem oferecer-me as flores do passeio.
Vou comer mais do que cinco chocolates e estará a chover o tempo todo.

1.2.07

six different ways inside my heart

Ninguém me encomendou, mas apetece-me replicar o meme:

1. falo de mim na terceira pessoa, o que tende a baralhar interlocutores desavisados; mas a Ana já fez mais isso que agora
2. não gosto de doces verdadeiramente doces, tal como a maioria das combinações de ovos e açúcar da doçaria conventual; prefiro um bolo de arroz; conheço quem ache isto esquisito
3. mexo imenso os dedos dos pés a dormir; chego a acordar com cãibras
4. não gosto de cortar o pão com faca, gosto de tirar bocados tortos à mão
5. não gosto de dormir com portas de armários ou gavetas entreabertas
6. gosto de abacate, beringela, pickles e alheiras; detesto borrego, pescadinhas de rabo na boca e cabidelas; perco as maneiras por doces de requeijão.