story:tell:her

28.5.08

free postal sentences

woefully insufficient yet so strangely beautiful

Nature Theatre of Oklahoma

27.5.08

semântica

Quando é que o epifânico se torna epitáfico?

out of life

Morreu o Sidney Pollack. Assim sendo, é hoje que confesso publicamente o meu gosto pelo África Minha.
O que eu gosto do Robert e da Meryl, da música, da fotografia e dos diálogos. Não tenho preferência conhecida pelo continente vermelho, pelas raízes, pela etnicidade, pelo multiculturalismo, mas tenho pelas histórias de amor, principalmente as tortas. Choro sempre no funeral do Denys.

He wasn't ours, he wasn't mine.

26.5.08

l'air du temps

gris

berryied

Numa efervescência cor-de-rosa, até só sobrar a espiral branca, polvilhada de confetti.

22.5.08

I [heart] sonhos

I.
Queria um sonho, por favor.

II.
Tem sonhos?

in Pastelaria Brasileira, Rua Augusta.

borboletas na barriga

O Zé Mário vai publicar um livro de micro e nanocontos. Como diria a minha pisca, que boa ideia.
Desde a caixa baixa que ele me lembra violetas. E eu sempre preferi violetas a gladíolos.

O ZM foi meu colega de curso, mas ainda menos biólogo que eu. O que é que isto diz da FCUL? Que tem potencial na liberal education.

19.5.08

en attendant d'autres rêves de révolte*

Faz parte de mim, esta inquietação. A vida é uma função co-seno. Ninguém está sempre em high. E por aí fora.
Tempero-me de expectativas, mas alimento-me de realidades. Vivo de certeza os melhores anos da minha vida. Sou querida.
Mas também é verdade que espero sempre outra coisa. Não é mais, é outra.

*frase de Faustin Linyekula num postalfree

15.5.08

Os blogs estão cheios de jacarandás.
Aqui na cité não há, mas lembro-me doutros.

14.5.08

tutela

Depois dos dois beijinhos e do "estás cada vez mais linda" a minha semana foi sempre a descer. Tenho cá para mim que lhe lembro os dias felizes. Há pouco tempo, entre fatos e botões de punho, comentou sorrindo que me tinha visto crescer. O meu chefe, pouco dado a saudosismos e tenso com a agenda do dia, mirou-nos sem compreender. Deve ter ficado a achar que o senhor era amigo da família. Pois não é esse o caso.
Acontece que foi a minha primeira tarefa. Por esta altura, há oito anos, saí de casa com um fato azul e nem cheguei a pisar a redacção. Fomos todos ali ao Paço, para a conferência de imprensa. Nesse dia não escrevi uma linha, mas houve muitos mais dias. Eram tempos de expectativa, de novidade, de financiamento comunitário. Acreditávamos todos. Deve ser por isso que me cumprimenta assim. Deve ser por isso que eu, mesmo no meu pior mau feitio, bufando por dentro com o populismo das medidas, digo sempre olá professor e sorrio.

11.5.08

lis_boa


Where else can you see paradise by the dashboard light?

7.5.08

catching-up

Há que anos que ouvia falar dos Tibetanos, mas só lá fui há umas três semanas. As miúdas levaram-me à TomTom onde há koziols dos grandes.
Há dois dias cortei o cabelo. Muito. Torto. Adoro-o. É quase uma não existência. Tão curto que não o sinto, à parte o caracol torto. Senti-me uma escultura e passou a música que ele me deu.
Ontem convidaram-me para uma festa 70's. Mas o que é isto, uma vida própria?

4.5.08

a filha da mãe


> Ò mamã, vamos à Austrália?
Não filha, vamos só ao outro lado do rio ver flamingos. A Austrália fica muito longe, blá, blá, o avião, blá, blá.
> Aqui é a Austrália?
Não querida, é o Seixal (?!).
Não sei de onde lhe chegam as antípodas e tantas outras coisas. A minha filha-pessoa vive, definitivamente, para além de mim. Gosta de cavalos e chocolate. Resiste cada vez mais à sesta. Canta e dança o tempo todo (tipo, TODO!). Gosta de pintar e desenhar e correr. É a campeã da casa no melga-spotting (ali, mamã, ali, ali). Proibi-a de falar comigo enquanto tiro o carro da garagem (vamos bater ali mamã, o carro está todo torto, mamã!). Está sempre pronta para sair de casa. Quando quer dizer muito diz mil e dois.

a mãe da filha


À medida que desabafo a ingratidão filial da pisca, contam-me as histórias mais inverosímeis. Outros, antes de mim, já passaram pelo síndroma dos douradinhos. Havia a garota que "quando for grande quero ser stripper" (filha, sabes o que é uma stripper?), o puto que o que mais apreciava no pai era ele "ver um episódio dos malucos do riso" (que o pai jurava nunca ter acontecido) ou o clássico com o pai é que é tudo tão mais giro.
Eu, claro que não me aguentei, e fui à fonte esclarecer a situação. Com o meu ar mais eu estou a perguntar isto, mas não é nada importante, nem estou nada magoada, nem aflita nem nada perguntei-lhe sobre o exercício. Claro que se lembrava muito bem (agora lembra-se sempre de tudo muito bem) e a pergunta inicial era porque é que eu gosto da mamã. E lá me repetiu tudo, com uma leveza desarmante. Eu gosto da mamã porque às vezes fica zangada, às vezes não (assim, numa dicotomia simples, evidente e confortável) e por aí adiante.
O pai, obviamente, riu-se. Ainda começou a enumerar-me as diárias provas de amor e as manifestas declarações de que não, eu não sou uma megera a causar danos indeléveis na criança, mas eu precisei de enlutar sozinha o meu próprio desapontamento. Na verdade, tudo isto é sobre mim, não é sobre ela. Eu adoro-a e digo-lho todos os dias, baixinho, a seguir à noite feliz, não caias da cama e não partas o nariz.

3.5.08


Não fosse a fortuna do encontro com as miú das e possivelmente tinha passado o dia a ruminar no papel manteiga. Ali, na parede da sala azul, em letras tortas (será para fingir que são eles que escrevem?), a minha filha traduziu-me assim A mãe é zangada, às vezes è boa. Emendou com um Eu sou uma traquinas, mas o coração já se me tinha estilhaçado na blusa. Prossegue com umas idas ao jardim, gelados e, la piéce de resistance, umas massinhas com douradinhos. Termina com umas histórias ao deitar quando eu, descompassada, já lia a correr os outros relatos. A peer pressure, a esperança que, ao menos, lhes tivesse caído mal o almoço e pronto, fosse disso. Mas não. Multiplicavam-se os relatos de beleza e amor, e eu cada vez mais enrugada, mais panada de miséria, quais douradinhos, que caraças a miúda come aquilo cada seis meses.
Confirmei que 1) não sou linda, 2) não gosta muito de mim nem eu dela (as declarações eram muitas vezes mútuas), 3) aquele era mesmo o dela, que tem uma maneira arrevezada de fazer o R do nome.
Já racionalizei tudo, mas cada vez que penso nisto apetece-me chorar outra vez.

croissant, tâmara e açafrão

Ontem, passeando uma folga sem expectativas, entrei na Nacional.
Seguiram-se seis horas (!?) de companhia, tão deliciosa quanto improvável.
A Ana cortou o cabelo (parabéns Ana!), a Ana pintou as unhas, a Ana divertiu-se à brava.

1.5.08