story:tell:her

26.5.07

bahi_ana



Sei nem como começar.
E agora parece que já tá tudo esfriando, fugindo da pele. Vai ver deu sorte que as fitinhas são de nylon e não rasgam nunca.
É um calor que cheira. Uma terra suada, de janela aberta.
Pobre, tão pobre que a gente habitua-se ao defeito de tudo. E quase tudo vem com algum defeito; as igrejas quase tão ricas como as originais, as praias quase tão bonitas como nos folhetos, as palmeiras quase tão altas como nos postais.
Rica, tão rica que a gente habitua-se ao feitio de tudo. O sol, a brisa, a água do mar, a fruta, o desnível da expectativa. A graça.
Viajar sozinha tem vantagens. Perdi muitas horas de escuro aquartelada no hotel (sozinha, aconselho não, vai de manhã...) mas ganhei todas as que vivi na chinela. Quase não entrei em nada, mas estive dentro de tudo. Da rua, do ônibus, do cais, do mercado, da areia. Recebi tantos sorrisos quantos dei. Acendi vela, amarrei fitinha, baixei preço ou nem por isso. Há anos que não me tinha assim, só para mim, para a minha vontade ou preguiça, leve de horário e escolha, capitã de areia.