story:tell:her

5.2.07

like a virgin

A última vez que peguei na tesoura foi na véspera do exame de Fotossíntese, há uma dúzia de anos. Cortei curta e não contei com o que ainda encolhe. Emoldurei-me assim, com canudos compridos e uma franja rasteira, e discorri sobre pigmentos.
Ontem, atulhada de pendentes, ansiosa e um bocadinho disparatada, fui arranjar as unhas. Não contente, pedi as sobrancelhas. As sobrancelhas, aqueles pêlos inofensivos que temos por cima dos olhos. Estou maravilhada até agora, não me canso de ensaiar expressões novas e, tivesse eu tempo para me ver ao espelho, não saía da casa de banho. Não contente com a audácia, despejei um tubo de reflexos acobreados no cocuruto, de luvas, na casa de banho onde me mirava, enquanto eles foram ao jardim das pinhas. Há que anos que não domesticava tais avarias. O cabelo está absolutamente na mesma, mas palavra que o meu espanto tem outro arqueio. Já só me falta emalar a vidinha e voar.