story:tell:her

31.7.08

das férias

Quando pedimos um cone de gelado com o chantilly por baixo.
É esse o momento em que escrevemos o out of office autoreply.

30.7.08

...

Tem graça que ando às voltas com isto. Aliás, os blogs criam correntes de assuntos.
Eu também não sei como é que as pessoas que lêem estas postas me imaginam porque eu, de facto, conheço pessoalmente as pessoas que eu sei que lêem as postas. As outras, que eu não conheço, e que não me conhecem a mim, e que se calhar lêem as postas, são uma massa indiferenciada a quem eu não consigo atribuir opiniões.
Claro que eu podia perguntar a algumas pessoas, que eu conheci depois de terem lido algumas postas, se eu sou como elas me imaginavam. Mas nunca perguntei. Nem sei se quero saber a resposta.
É que por acaso irrita-me esta coisa de as pessoas (como eu própria) acharem que conhecem as pessoas que lêem (como eu faço). Ou, personalizando, de haver pessoas que acham que me conhecem à conta disto. Claro que esta irritação não é, em boa verdade, contra as pessoas, que eu não conheço e de quem não posso ter opinião, é contra mim, que me dou aqui a conhecer e mais às minhas coisas.
É que eu gostava de ser complexa, mas sou só complicadinha.

29.7.08

thin-skinned, temperamental, ripens early

MAYA
Why are you so into Pinot? It’s like a thing with you.

Miles laughs at first, then smiles wistfully at the question. He searches for the answer in his glass and begins slowly.

MILES
I don't know. It’s a hard grape to grow. As you know. It’s thin-skinned, temperamental, ripens early. It’s not a survivor like Cabernet that can grow anywhere and thrive even when neglected. Pinot needs constant care and attention and in fact can only grow in specific little tucked-away corners of the world. And only the most patient and nurturing growers can do it really, can tap into Pinot’s most fragile, delicate qualities. Only when someone has taken the time to truly understand its potential can Pinot be coaxed into its fullest expression. And when that happens, its flavors are the most haunting and brilliant and subtle and thrilling and ancient on the planet.

*

> ò mamã, nós estamos no planeta Terra?
> sim
> que bom, gosto muito do planeta Terra.

28.7.08

just go to the mall

This blog is sentimental tacky crap; are you in a coma?

27.7.08

teen_Aging

Ou então somos é uma geração tardia.
Descascamos cuidadosamente os tiques da maioridade, recusamos admitir que já não somos um x-s, alimentamos um calão anacrónico. Alguns mantêm o look EP, (ainda) usam t-shirts de bandas ou recusam-se a usar carteira. Eu tenho um anel no segundo dedo do pé direito, comprei umas sandálias com franjas e tenciono passar o verão a dizer fixolas como a minha amiga. Na rentrée logo me preocupo outra vez com isso.

25.7.08

ya(w/r)n

Apetece-me fazer isto, que é quase igual a isto, que já fiz.
Desde o vendedor de passados que acho graça a homens que falam de osgas.

24.7.08

thir(s)ty-something-else

Somos uma geração precoce.
Galgámos umas quantas escadas e agora trambolhamos de cima.
Ontem almocei lá em baixo. Uma salada generosa, descrita em três linhas de menu. Mudaram outra vez a decoração. Roxo. Um avental preto, demasiado solícito, esvoaçava por cima das nossas azeitonas. E pronto, logo no paté a conversa aterrou no sítio do costume.
Tal como o menú, temos um currículo com muitas linhas. E perante as opções, temos pressa. Precocemente aborrecidos, alimentamo-nos de novidade, sempre à espera de outra coisa qualquer. Não é necessariamente melhor, é outra. Parece que há quem se drogue, quem compre uma vespa, faça um piercing. Outros apaixonam-se pela vizinha [e eu disse-lhe: sim já sei, os pés da tua vizinha... vá, liga-me quando quiseres falar disso e não faças disparates].
E a vida é isto. Os melhores anos da nossa vida numa nostalgia precoce.

the noise from the crowd increases the chance of misinterpretation

Acho o teclas giro; assim tenrinho.

23.7.08

frágil

Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar demais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais

A urgência de agarrar
Qualquer coisa para mostrar
Que afinal nós também temos mão na vida
Mesmo que seja à custa de a vivermos fingida
O estatuto para impressionar o mundo
Não precisa de ser mais profundo
Que o marasmo que nos atordoa

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

...

apenas uma palavra por dia, o bem que me fazia

ilha

22.7.08

sex in the garden

Successful fertilisation in the angiosperms depends on pollen tubes finding their way to the ovule. In vivo, pollen tubes frequently change their direction of growth until they finally reach the micropyle. Once in the female tissues, changes in growth direction must arise from the perception of ill-characterised spatial, mechanical electrical and chemical cues from the stigmatic environment. Exactly how these signals are perceived and transduced is not yet known.

[...]

It is interesting that when addressing the reluctance of cAMP signalling pathways in plants, Bolwell (1995) already put forward this same intimacy between AC and stress signalling […] Even more significant to this work is that the same rationale could be applied to pollen tubes: localised interaction with environmental cues at the very tip, where reorientation can occur within a few minutes.

***

Sete anos depois, ocorre-me: será que isto faz de mim uma perita em relacionamentos?

20.7.08

Beco da Verduga, 17


Segues a linha do eléctrico, atiras-te ao poço, viras à direita e entras no beco; percebes ao fundo o azul e branco, sorris-te e começas a subir as escadas; esticas a manta no fresco e dispões-te; enches os copos de risos e misturas a salada; o tomate biológico come-se com casca e as purpurinas brilham-te por dentro.

intelligent design


O deles, que nós tivemos mesmo foi sorte.
Anyway, obrigada mr bd.

six feet above


Há uma graça acrescida em amigar a F1. Os filhos não são os pais (tal como nós gostamos tanto de fazer notar um degrau acima na progenia). Os filhos são pessoas pequeninas que tecem as suas próprias malhas, mesmo quando ainda lhes fiamos a teia.

18.7.08

escancarei a porta do bar

Esta coisa de fazer amigos novos traz uma nostalgia danada dos amigos velhos.

copycat

- ò mamã porque é que tu não sujas a boca a comer?
- porque a minha boca é grande e eu abro-a bem para acertar com o garfo
- ò mamã, suja lá a boca
Não me lembro quem é que disse isto, mas o problema de ouvir Tom Waits é que depois só se consegue ouvir Tom Waits.

17.7.08

lavanda blues

Enquanto me lembro de um verão longínquo, duas miúdas esganiçadas no banco de trás do Honda do Manel, ocorre-me o moto perfeito para este meu gabinete.

> a penny for your thoughts <
Primeiro o João, depois o Pedro.

Mas o que interessa mesmo é isto:

“Now we have fashion universities, and the world media is here,” she observed before shooting off a list of Portuguese designers now working senior positions in major international fashion houses..."

A ver se o meu pai deixa de dizer que eu só tenho queda para profissões de mal-vestidos.
we busted out of class
had to get away from those fools
we learned more from a three minute record
than we ever learned in school

murmurs

Eu ia avisada. Já não me lembro quando é que ouvi a história pela primeira vez (mas lembro-me das letras do Bruce Springsteen, por exemplo), mas vi-os naquele vislumbre de Roma, há muitos anos. Recentemente, estornei-me.
É admirável. Ainda mais quando se formaliza o espanto.

They found that a given bird interacts not with all birds within a certain distance, as most models had assumed, but rather with a fixed number of neighboring birds - usually six or seven ...

Novamente, como no liceu.

16.7.08

frankly

I want to live and I want to love
I want to catch something that I might be ashamed of

15.7.08

résumé

Por causa das viagens dos outros, imagino como seria o meu resumo. É um exercício recorrente, reduzir mentalmente as minhas materialidades. Alguns dirão que é mesmo só mental. Admito que colecciono um número insano de vestidos e tops. Que tenho cinco pares de birks. Mas nada disto é verdadeiramente importante ou representativo. São apenas pedrinhas de sal. Embaraços burgueses, coisas da idade. Tenho uma wish list breve de objectos de culto. Aquisições inscritas no ar do meu tempo, que há-de vir.

Se eu me guardasse num contentor, estimo que ocuparia 4 m3.

Depois levava cinco vestidos, uma camisola, um impermeável e uns óculos escuros. Mais o google e um frasco de creme nívea. Tricotava quadrados que me enviava pelo correio.

14.7.08

das expectativas

Acusam-me de ser intimidatória. De intimidar. De expectar sempre demais de tudo e de todos. Mas eu, de facto, expecto. Tu não expectas?
Não quero um crescent, quero the whole of the moon.

da memória

hot tears flow as she recounts
her favourite worded token

11.7.08

da linguagem

Acabaram-se as ramélias e as mélguias; chegou o gelado de palmira (aquele branco mamã; ah, baunilha).

9.7.08

in my head

Scotch Mist

De vez em quando, dá-me para isto.

6.7.08

recent quotes

1) O D. da sala verde convidou-me para ir a Paris ver filmes.
2) Je t'aime de tous mon coeur (escrito num postal de aniversário - 6º aniversário).
3) JA CA TAMOS. DPS APANHA A ROUPA. BJS (sms devidamente identificado).

Caramba.

1) Espero que a menina continue a receber convites maravilhosos.
2) Este miúdo tem futuro.
3) O meu king of convenience é um verdadeiro romântico.

3.7.08

a vida em 34 mm

É verdade que há momentos em que parecemos enquadrados. Coincidências de guião, luzes privilegiadas, guarda-roupa promissor. São apenas instantes, takes fortuitos por entre o despacho normal da vidinha. Logo a seguir entornamos o café na saia, marcamos o dentista, (re)descobrimos as unhas imundas da criança, apercebemo-nos da borbulha no queixo.
A escatologia da realidade encolhe sempre tudo um bocadinho.

2.7.08

After RAP/John Austin

O que me apetece escrever num email xx.pt:

Eu insulto-vos.