story:tell:her

19.10.07

...

Estou liquefeita. Para além de tudo, deram-me 27 m2 de stress para daqui a nada.
Acabei de viver uma deadline, uma das primeiras que virão nos próximos dias, literalmente ao minuto.
A minha filha está em cada dos avós e falou-me ao telefone de um rato com magia. Ou qualquer coisa parecida.
Pediram-me uma fortuna por umas paredes montadas em alveolado. Se a Universidade tivesse esse dinheiro casava-se.
A parede do stand não aguenta o plasma. É preciso um tripé. O que me obriga a engenharia no alveolado.
Eu também preciso de um tripé.
Eu hoje devia ir apanhar uma bebedeira.

13.10.07

Um audiobook. Quero experimentar um audiobook.
Há que tempos que me falta uma voz.

Finalmente, uma alpaca. Ainda não lhe decidi o fim, mas estará ligado aos meus ombros. Tenho ombros tensos, nodosos. Os músculos ressaltam-me as canseiras e corcundo assustadoramente. É uma pena, que até tenho um colo bonito e gosto muito de decotes. Às vezes ela ainda me explora o peito numa sem cerimónia filial.
Há dois anos que me apetece um xaile.

the pathologist

Esta semana tive o meu primeiro júri académico. Como a tradição ainda é o que era, a funcionária assumiu que eu era a candidata. Lá a poupei com um sorriso e uma treta qualquer tipo "pois, eu sei que pareço mais nova".
Eu não pareço nada mais nova. Tenho 35 anos e vê-se. Na expressão dos olhos, nos cantos da boca. Nas mãos. O problema é que a Universidade está velha. Não mudem o estatuto da carreira e vão ver, as algálias a pingar nos corredores.
Tive uma semana tramada (porque sou nova?). (Porque) como estou cá para muitos anos, ainda acredito na sustentabilidade dos processos. Por outro lado, ouvi a melhor quote dos últimos tempos, numa sala cheia de VIPs (e eu, tão nova, que liguei a pedir um convite; mais novos que eu só os miúdos lindos que a Gulbenkian contrata para ajudarem na logística), por entre uma maioria de ideias estafadas e alguns breves momentos de profunda admiração intelectual. A saber: the perfect diagnosis is autopsy.

lêveda

Esta noite sonhei com sonhos. Uns quatro, assim dos grandes. Eu gosto de sonhos grandes, leves, cheios de alma. Lembro-me que faltava parte de um, não sei por quem.
Deve ser o corpo a pedir-me açúcar. Eu acredito muito nos pedidos do meu corpo. Quando estava grávida nunca lambi colheres nem esgravatei nos vasos. Nunca exigi loucuras fora de horas, mas tinha vontades. Às vez doces outras salgadas. Tenho muitas vontades salgadas. Adoro cafés combinados com chamuças. A menina é mais gulosa de petiscos do que de doces. Dêem-lhe queijo e deixem lá os pudins.
De manhã fui à Baixa e não sonhei. Estou há dias com uma coisa cá dentro. Não sei se veio do infectário, mas consome-me a tripa e impede-me de sonhar.
Também me doem as costas.

9.10.07

s(t)eaming


Como quase tudo o resto nos blogs, esta costura parece melhor do que de facto está.
As mangas estão mal pregadas e todas as costuras estão tortas e/ou demasiado abertas e/ou fechadas.
Coser tricô é um tormento. Antes agulhar mais umas costas. Credo.
Agora, que já não tenho coragem para desformatar, encontrei ajuda.

7.10.07

Novo livro favorito.
Fazemos as duas, que as brincadeiras vêm aos pares.
...
Eu também posso fazer, pois posso?

inside my bag



duas carteiras, não consigo deixar de usar duas carteiras
chaves (de casa, que eu ando de transportes), telemóvel
óculos, tenho sempre óculos escuros
acabei-o
o tricô, por acaso dentro de um saquinho
catálogo, porque gosto sempre de ter uma coisa bonita; conforta-me; às vezes é um papelinho com referências de lãs que não chego a comprar; às vezes é um pauzinho de papel com perfume
folheto das borboletas; fomos ontem
falta mais uma carteira onde seguem os lenços de papel, o baton de cieiro (que nunca uso mas tenho sempre), umas toalhitas, um elástico, um minidesodorizante, uma escova e lápis de cor

5.10.07

i heart grey


Linho/algodão, ou a camisola que eu devia ter acabado antes do frio.

Se eu tivesse time para estar out possivelmente não precisava da revista. Mas assim já posso acompanhar a vida no mundo exterior.

4.10.07

veggie

ou porque é que acho graça ao reino vegetal,

r-evolution: industrial design: botanic
missed tree
zaum, tree

3.10.07

knit update

:: Parece que foram eles que desenharam as camisolas do Matrix. Há padrões para venda. O lookbook é fantástico.

:: Falta-me uma manga da ink flared sweater.

:: Vogue Knitting 25 years: free patterns

:: J'aime bien Montparnasse

amity



No fim-de-semana vinha à minha frente no comboio uma mãe com uma gabardine improvável. Sei que é uma mãe porque a filha vinha ao lado. Fartei-me de rir com elas, disfarçada ou obviamente. O telemóvel não tinha teclado e era preciso agendar o fim do dia entre as partes da família (não nuclear, novos modelos de célula, blá, blá, blá, pais separados).
A gabardine era assim azul/verde/piscina/petróleo. O resto descombinava agradavelmente. Não sei se a pré-adolescente (é assim que se diz agora, não é, nesta fúria evolutiva dos tempos modernos) se apercebeu disso.
Como tantas outras coisas, a minha estética mudou com a maternidade. Ou melhor, ganhou uma nova dimensão. Imagino como a minha filha me vê. Se me repara nos tiques, se me reconhece as manias, se me aprova. Até quando serei maravilhosa? Será que algum dia me transformarei num vexame?
Lembro-me de uns sapatos verdes da minha mãe. Verde escuro. Lembro-me do frasco do eyeliner e do pincel fininho.
E agora dou por mim a imaginar se ela um dia gostará de usar as minhas coisas. Justifico compras especiais também com isso. Tenho uma wish list própria de peças intemporais que também serão dela.
Não sei se é por isto tudo que estou tão enamorada pela comptoir. Porque tem trapinhos maravilhosos, tão trapinhos e tão maravilhosos. Uma paleta discretíssima e uma qualidade macia. Uns bons saldos. Este domingo cumpri lá os meus presentes em falta e imaginei-a pendurada na tapenade tenra que me massaja o ombro.
Confesso que adoraria participar na campanha, eu que não gosto de tirar fotografias. Mamãs, este ano há um casting no Porto, agora em Outubro. Vão lá.

1.10.07

domesticada

Hoje começa o terceiro ano do meu contrato de trabalho e estou de férias. O meu 22ª dia de férias em 2007.
Ontem, por volta da 1h30, depois de ter confirmado as dúvidas com a enfermeira do Trim-Trim, descansei a espertina pela blogosfera do costume. Segui o link da Jane sobre o livro.
Como estou de férias e a miúda adormeceu o ben-u-ron, discorro.
No outro dia conheci a Vargas num programa da Oprah. Um programa sobre as mulheres mães e trabalhadoras, blá, blá, blá. E eu vi. E lá estava a discussão do costume. Esta senhora é um case study lá na América, onde não há licença de maternidade.
Eu gosto do blog da Jane. Tem fotografias maravilhosas e aquela englishness que eu gosto de acompanhar. Quando vi a capa do livro fiquei ligeiramente desapontada, mas perdoei-lhe. Acho a capa desagradavelmente doce, como os bolos de aniversário das lojas, e só tolero o título se lhe atribuir uma brit-irony. Eu não sou crinoline lady-like, sou mais toalha preta por baixo da porcelana. Dito isto, a Liz não percebeu nada.
Eu também acho que somos umas totós e por acaso não culpo os media, culpo-me a mim, e certamente não culpo a Jane. É verdade que isto pode ser só mais um anel da espiral de culpa. Pelo menos sinto-me diagnosticada, o que já é um avanço. Lentamente, firmo pequenas conquistas. Interiorizei o conceito de fim-de-semana, aceito ajudas, peço ajudas, já não acho que preciso de ler todos os livros e fazer todos os puzzles, não luto com cenouras, ervilhas, saladas e afins, também dou gelados e chupas (em vez de negar sempre para contrabalançar as ofertas de terceiros), deixo passar uma ou outra lavagem de cabelo e compreendo que não se deve interromper um episódio do carteiro Paulo. Evito responder a emails profissionais às dez da noite ou nove da manhã de domingo, mesmo que os veja, porque eu sou uma pessoa com uma vida.
Gosto de tricotar e cozinhar. Não me apanham no gardening (nos nossos três metros quadrados de garden) e a máquina de costura foi um erro de casting. Tenho quase tantos anos de escola como de vida, mas quando (a academia liga muito a isto) me perguntam se sou doutora respondo que sim, mas que disfarço muito bem.
Às vezes tenho saudades da bata e já pensei que seria óptimo poder usar avental. Gosto tanto de aventais. Os meus são tradicionais, com peitilho, mas também aprecio os estilo lounge ou nazarenos. Acarinho a visão de uma mãe de avental. Eu uso avental porque sou uma mãe que faz o jantar, mas não nutro juízos de valor sobre quem nem por isso.
E o jantar é o maior sacrifício da minha vidinha. Já me perguntei várias vezes se vale a pena cozinhar-me, todos os dias e mais as efemérides. Talvez sim. Possivelmente não. E obviamente que ninguém tricota para poupar o que quer que seja, senão sanidade mental. Nem para impressionar ninguém, ou ainda não repararam na deselegância dos resultados? Uma pessoa, esta pessoa, tricota para se distrair, para se desafiar ou para (se) oferecer tempo. Um presente de agulhas é uma oferta de tempo. Muito mais caro que a caxemira.
Hoje estou de férias porque lhe diagnostiquei uma otite. Daqui a bocado vou deixar o doutor decidir sobre o antibiótico.