story:tell:her

14.6.07

Meishi


Estávamos os três nos sofás coçados da cozinha do Daniel Rutherford. Building. Do Daniel Rutherford building. Eu talvez folheasse uma New Woman (assim uma Maria made in UK, que havia sempre alguma lá na cozinha do Daniel Rutherford. Building] ou uma Good Housekeeping. Beberricava uma mug. A Farzhana se calhar comia cuscus na mug dela. A miúda alimentava-se de cuscus e northern blots.
Não sei como começou, talvez com a velha conversa dos bilhetes de identidade. Dão sempre pano para mangas, os bilhetes de identidade. O Masaaki falou então dos cartões e dos carimbos.
Os cartões são uma instituição. A mim o que não me cabe é a tradução dos alfabetos. Não me cabe. Como é que o nome muda dos desenhinhos para os kiki e kodas e isso.
E ainda há os carimbos. Para além dos cartões, há os carimbos. Imagino aquilo tudo belíssimo, muito cuidado e elegante. Claro que me apeteceu logo um carimbo e um macinho de cartões.
Ainda há dias vi numa papelaria uma caixinha de cartões tão bonita. Os meus cartões têm o modelo da instituição e foram impressos à pressa com uma requisição de favor antes de uma viagem.
Quero uns cartões finos, que digam pouco, que eu, pode não parecer, mas não sou de muitas falas.

Às tantas, a mulher levantou o chapéu vermelho, abriu o fecho da mala e tirou de lá de dentro uma caixinha de pele negra reluzente, mais pequena do que uma cassete de música.