story:tell:her

30.10.05

Shi mian mai fu*



Ou o título possível do meu fim-de-semana, na antítese de qualquer Heroísmo e sem tréguas da minha Ama, aqui num look Amidala Outono/Inverno 2005.

*House of flying daggers

28.10.05

ziG-Giz



Na escola, usaram a técnica do giz com leite para desenhar em cartolinas pretas imagens que parecem galáxias.
Upgrade: Na escola, eu tenho um quadro negro e galáxias, verdadeiras.

Se eu fosse ao cinema...

Ia ver As bonecas russas do Cédric Klapisch, que fez a A residência espanhola.
Assim, fico à espera do DVD.

27.10.05

A room with(out) a view

Conheci-o, e ao seu espaço, numa workshop e achei-lhe graça. Está no CCB.

26.10.05

Kustumes



Sapato preto, sapato branco

Ponto alto



23 meses

Ponto baixo



Entrada.

Plano B


O incêndio reacendeu-se e eu vou ficar por aqui a ler instruções...

Este edifício está cheio de anacronismos com estilo. Documentarei.

Trendspotting

Há pessoas que se divertem com o train spotting*. Eu, no comboio e outros lugares, gosto de fazer trend spotting. Acho graça observar os aficionados do sudoku, os que forram o Código da Vinci com papel pardo, os sacos de papel das perfumarias onde as senhoras que usam malas minúsculas transportam a garrafa de água, a Caras e o iogurte, os penduricalhos que os jovens penduram nas mochilas, os rins que todas temos à mostra, os sapatos desanatómicos e profundamente feios que algum misógino inventou há duas estações, a avidez de leitura dos jornais gratuitos. Às vezes vejo uma senhora de meia idade a tricotar e cusco-lhe os pontos, a técnica. Será knitting spotting?


*Também o título de uma black comedy extraordinária, passada numa Edimburgo que desconheço, que lançou o Ewan quando ele ainda não cantava e dizia: Choose life. Choose a job. Choose a starter home. Choose dental insurance, leisure wear and matching luggage. Choose your future. But why would anyone want to do a thing like that?.

24.10.05

passado, Presente, futuro



Hoje, a amiga é que faz anos, mas eu é que tenho uma linda base de caneca nova.

23.10.05

Housewives: as (des)esperadas*

Uma das coisas boas de viver fora, à jovem, era não ter verdadeiramente house onde ser wife. A malta vivia no laboratório, no office, no pub, nas livrarias e nos cafés. A Mrs Feeney fornecia lençóis lavados every two weeks e estava tudo bem. A roupa era lavada nas máquinas da Union e (des)encarquilhava nos radiadores do aquecimento. No Sainsbury havia muita variedade de comida 5/4 de feita (às vezes já parecia mesmo mastigada) e as saladas não precisam de ser cozinhadas. Os luxos vinham sob a forma de folhas de basílico frescas (porque é que cá não há disto?) com tomtes cereja, pre-cooked pecan pies e microwavable chicken korma.
Agora não.
Descobri as virtudes do Minipreço, onde peregrino quase todos os dias e venho carregada de víveres não processados e talões de desconto. Quanto mais roupa se tem mais roupa se suja, apesar da constância de pernas e braços. Já descobri a cebola e o alho congelados, o molho bechamel, os espinafres com queijo e o bacon cortadinho. Comprámos uma mini arca congeladora. Se calhar a solução para o cabelo era mesmo uns rolos...
E apesar desta (des)evolução falta-me sempre o leite do dia ou o iogurte de morango ou o feijão verde ou as cenouras ou a paciência. O chão só estaria limpo se levitássemos e a maior parte dos lençóis são pequenos para a nossa cama, que é mais larga do que o normal, numa antecipação de génio para as noites de ménage a 2+1/5. Agora vou ali aproveitar que ela aterrou no sofá para tirar os pêlos das pernas, ou qualquer dia já não me servem as meias**.

*Eu não vejo a série, mas sei que existe, como a gripe das aves.
**Os pêlos das pernas ainda hão-de ter um post próprio, quando formos mais íntimos.

22.10.05

Ocean's Five


Foi giro. As partes cantadas eram mesmo muito giras, com bons ritmos, alegria e muitas palmas dos putos. Os diálogos eram um bocadinho longos, sendo para crianças, e não gostei do excesso de ênfase com a gordura da baleia nem do sotaque afrocaricaturado do caranguejo. A única que sabia mesmo cantar era a Sofia, mas o tubarão fazia uns raps fabulosos. A minha miúda portou-se bem e, mais importante, divertiu-se. Palavra* nova de hoje: caco (palco).

* e papupa (pantufa).

Just turn it



After Erwin Wurm, escultura, fotografia e vídeo no Museu do Chiado.

Nota de agenda: Arte Lisboa

Yellow submarine


Hoje vestimos os pés. Umas galochas (eu sempre quis ter umas galochas...), umas pantufas, os primeiros ténis dela (after Mama Smith), os xésimos ténis da mãe. Foi uma excitação de pés, de meias, ela experimentou todos, mesmo os meus (mas eu continuo sem umas galochas), abanava os pés e chamava a atenção do rapaz da loja, "olha!", e eu lá o dispensei com um "eu experimento sozinha, não se incomde", coitado, que ainda nem tinha bem idade para namorar quanto mais aturar F1s.
Mas claro que nada se comparou em entusiasmo às galochas (os meus são giros, mas não são umas galochas), prontamente estreadas no quintal por uma Sgt Pepper de trazer por casa.

21.10.05

Romã - ãmoR

Acho as romãs mesmo bonitas. São objectos de decoração, modelo de natureza morta e às vezes também se comem. Lembro-me de, em miúda, comer baguinhos vermelhos com açúcar. Na fase gourmet lá de casa acompanhou peixes assados e até já só enfeitou a fruteira. No outro dia reparei numa romãzeira no jardim do Palácio, mas a verdade é que este blog já teve mais fotografias. O JMS também as viu.

20.10.05

22m22d


Este blog já teve mais fotografias, mas a minha filha nunca foi mais linda.

A Piolha-mãe errou

Na edição de ontem, a mãe queixou-se do (in)sono da Mariana. Reconhecendo o seu direito de resposta, consagrado na Lei de Imprensa, publicamos aqui hoje a correcção:

Esta noite dormiu das 21h30 às 7h30, sem choraminguices, tosses, engasgos ou chuchas perdidas, acordou bem-diposta e salvou os pais de chegarem irremediavelmente atrasados, depois do pai ter desligado o despertador à hora do costume, confiante no seu próximo chamamento sem compaixão. Para mais se informa que, em represália por queixumes maternais repetidos e ingratos, acordou alegre a chamar Rui, Rui, Rui...

19.10.05

A balada da minha vida é Anjo da Guarda, do António Variações, cantada pelos Três Tristes Tigres. É a música da minha barriga, da minha filha, aquilo que queria ser para ela, que me dá vontade de rir e de chorar, a primeira música que ele gravou para nós. Se eu tivesse um dom gostava de (en)cantar.
Gosto de músicas diferentes umas das outras. Às vezes sabe-me bem embalar,

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud que de nos chagrins il s'en fait des manteaux pourtant quelqu'un m'a dit...
Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors?

Sonorápida

Tenho um amigo, com uma filha duas semanas mais nova que a Mariana, que me dizia que a dele "uma semana come, outra semana dorme", não acumulando (dis)funções. A Mariana come ou quase-come. Deve ter dormido, decentemente, umas duas semanas quanto muito.
Quando nasceu tinha um miado baixo, que não incomodava nada, mas comia de 3 em 3 horas ou menos. Comeu de noite até mais de um ano, a certa altura mais de 1/5 litro de leite por noite. De dia dormia dez minutos, com esforço, e acordava fresca. De noite nunca mais de 9-10 horas. Nunca "até mais tarde". Nunca ronha. Já não se quis deitar, já se quis deitar comigo, já quis acordar comigo ou só acordar, quando não é o nariz é a tosse ou os dentes ou os sonhos ou as tolas na madeira. Oo o tal eitinho que temos que ir buscar as duas, escadas abaixo, tropeções acima. Esta noite foi a tosse, os aerossóis, o xarope de cenoura, o mel, quase que tentei a cebola no quarto. No meu quarto, pois claro. Já não me lembro de dormir descansada. Mesmo quando fica uma noite fora deixa lá ficar a minha vigília, o sobressalto a meio da noite, "o bebé?", que é assim que me falo dela, que acordo por ela, com ela. Tenho um sono acumulado, comprimido, entranhado, irrecuperado, que já não me deixa mal-disposta, faz-me mal-disposta, e desconfio que me encaracola ainda mais o cabelo. Preciso mesmo de ir ao cabeleireiro. Abrirão de noite?

18.10.05

Ambrósia

Claro que a minha filha tem muito mais happenings do que eu. Por enquanto sou eu que lhos marco, aqui, mas estou à espera do efeito escola para multiplicar as nossas obrigações sociais.
No outro dia Fomosalibebé, de que gostei médio, achei um bocadinho pós-moderno e não havia necessidade nenhuma daquele pano voador inicial que deixou um rasto de choro, também no meu colo.
O ano passado fomos ao Fungagá e divertimo-nos à brava as duas. Quase que me apetece ir outra vez, já passou um ano. No sábado vamos à Canção dos Oceanos e em Dezembro aos Ninicos-dança. O ano passado fomos à música para bebés e gostámos.
Claro que a minha filha não fica no meu colo, nunca, e eu passo o tempo a recuperá-la de palcos, escadas e birras várias. Aposto que quando me levar ao Lux vai empoleirar-se nas colunas.

Dadora

Acabo de receber o meu primeiro recibo de vencimento. Da vida, que bolsas e recibos verdes isentos não conta. Diz quanto ganho por parcelas, atribui um valor pecuniário à minha hora, ao meu dia. É, na verdade, um bocado assustador. Como se eu já não sofresse o suficiente quando a acordo, quando lhe tiro o pijama com promessas de roupa gira, quando avalio mentalmente o tempo disponível para cumprimentar os patos, quando me demoro a ver os desenhos na sala e depois corro para apanhar o rápido. Pimba, x euros para ficar a ler a história da gotinha de água. Não posso doar-me à ciência tão cedo, tenho que viver-me mais um bocadinho.

Pic(o)ar o ponto

Sete, éramos sete: 2+2+2+1. Tricotei uma linha, mas não faz mal que o mais giro dos encontros de tricô é falar de tricô, não é fazer tricô. A Patita também foi e encarreirou logo naquilo, é uma natural born crafter. No sábado de manhã vamos ver lãs lá na lojinha da terra. Sim, que eu não sou a única a achar que a parte mais excitante da coisa são os novelos, as cores, as mesclas. Ontem estavam lá uns Phildar lilás extraordinários. Pronto, não sabemos bem o que fazer com 100% de lã não muito macia e irregular, mas são uns lindos novelos. Agora tenho que ir procurar as instruções do ponto risotto que vi num gorro...

Shity shity bang bang

A escola da Mariana tem dois patos e eu até tive muita sorte. Não sei bem onde, mas em alguma altura pousei a mala no chão. Talvez quando lhe tirei o casaco, quando sacudi as migalhas ou quando fui lá atrás guardar o carrinho. Tive muita sorte porque só dei conta quando me sentei no comboio e ainda nem tinha pousado a mala no colo. Muita sorte porque o nariz das mães detecta cocós com muito maior facilidade, é uma coisa que se adquire, esta capacidade de torcer o nariz, de desconfiar quando alguma coisa está suja. A sorte continuou porque tinha comigo lenços de papel e pude limpar o cocó do pato - deve ser do pato que nesta altura do ano mais ninguém tem treino de bacio. A sorte foi ter-me cheirado logo, a mim e a todos à minha volta, mas eu não levantei os olhos e por isso não tive que dar explicações nem falar de patos. Não que eu nessa altura conseguisse falar, transpirada, cansada, esfalfada, ocupada a limpar o cocó do pato do canto da minha mala. Ainda era bastante cocó, tive mesmo sorte em não ter barrado mais nada, ufa. Outra coisa positiva é que eu sei que é mesmo assim, que o cheiro do cocó demora a passar, às vezes até é preciso abrir a janela e mesmo aborrecido é quando já é de noite e ficam aquelas moléculas a perdurar no quarto. Que o cocó nas criaças é uma coisa persistente e cíclica. Nos patos também. E agora no canto da minha mala. Eu devia era ter toalhetes húmidos comigo, isso é que tinha sido uma sorte. Paciência, assim já não foi mau.

17.10.05

Rentrée

Logo vou Picoar com as lãs e as agulhas...

16.10.05

Linner



Aos domingos gosto de não jantar, de ajantarar. Sabe-me bem um cheiro de forno*, de castanhas, de café com leite. Já que não consigo instituir o brunch, consolo-me com um linner.

*Scones, abridged: 2 colheres de tudo menos de farinha, que são 12.

Easy like sunday morning

Fui finalmente ver a menina da S. É pequenina e linda como a minha era. Como são sempre as nossas meninas. A Mariana está crescida. Hoje comeu um prato de papa sozinha, comigo a ver e a dar cotoveladas ao pai. Se houver baba no sofá é minha que não consegui fechar a boca com a visão da técnica, da confiança, da colher a limpar os cantos da boca. Sabe contar e cantar. Canta o que não conheço, com coreografias que me despistam, que me fazem rir. Brinca connosco, tem humor, faz olhares, domina as sobrancelhas, abre portas e gavetas, decide. Reconhece os caminhos de carro e de carrinho, lembra-se de tudo o que já viu no jardim, em casa da avó, no supermercado. De noite já não posso fazer de conta que não a percebo a chamar. Quer tomar banho em pé, beber pelo copo, calçar os sapatos, tirar a fralda, por o creme. Percebe os castigos e os miminhos. A minha doce. Ajardinámos toda a manhã, molhámos as calças na relva, vimos cogumelos e bichos de conta, desconcentrámos o tai-chi. Hoje gozámo-nos de beijos, de brincadeiras, amortecemos preguiças no edredão, branco, lavado, a cheirar bem, já sabe bem o edredão, macio de mimos e conversas tolas.

15.10.05

Amiga em segundo grau

A miúda espreitou o blog, viu o post da Belinda, foi buscar a menina e apresentou-me a menina! a Patícia!, muito sorridente.

(re)Play

A roupa é uma coisa gira. Diverte-me, gosto de pensar nisso e altera-me o humor. Hoje comprei umas calças porque me apaixonei pela etiqueta. As calças são fixes, mas têm uma etiqueta fantástica. Cada vez mais ligo às pequenas coisas. Como as etiquetas, os forros, os botões. Tenho uma capacidade extenuante de embirrar com pespontos. Os pespontos são uma coisa fundamental. E ele há pespontos terríveis. Por enquanto ainda não gasto fortunas em roupa interior. Sou uma básica, não me rendo, não me enchumaço, já me acetinei mas deixei-me disso. Mas admito que talvez venha com a idade, isso de dar três digitos por cuecas. Como a cena dos forros. No outro dia vi uma saia com um cós lindo. Não a trouxe porque me ficava francamente mal. Tenho uns sapatos com um forro lilás que acho bonito, é uma pena não se ver. Gosto de solas, também gosto de solas. Aquela etiqueta de hoje vai mudar-me o guarda-roupa. Eu compro tudo solto, nunca há "um conjunto", até embirro com twin sets. Nada é comprado para nada em particular, o look é sempre parcial. Tenho mais roupa do que o que preciso*. Tenho roupa mal comprada e peças usadas até ao excesso. Dou muitas coisas, não me custa. Gasto muito os sapatos, embora não goste muito de sapatos. Gosto de malas. Reparo sempre numa mala bonita. Conheço-as, avalio-as, julgo por elas. Por causa da etiqueta, hoje quase me calcei de rosa, mas não havia o meu número.
Sou uma caçadora solitária. A minha mãe acha-me mais chata do que a minha avó e nunca vamos às compras juntas. Há muitos anos que não tenho amigas para ir às compras. Ninguém me adivinha os gostos. É muito raro oferecerem-me coisas para usar e provavelmente ainda bem. Ele não me compreende, apesar de me ver tantas vezes. E também nunca dá o palpite certo quando lhe pergunto, o que é injusto da minha parte, esse é um jogo perdido. Não sei se alguém me aprecia as (des)combinações porque eu não pergunto e não incentivo comentários. Talvez o meu pai me ache alguma graça. Foi a única pessoa com quem já partilhei roupa.
Basta-me um olhar rápido para ver, avaliar, rotular. Lembro-me do que alguém tinha vestido há 20 anos. Um desperdício de memória. Às vezes, raramente, na rua, vejo alguém assim. Quase que me apetece falar-lhe. Hoje, ela experimentou as minhas calças e levou outras. E eu tinha acabado de namorar noutra loja as que ela trazia vestidas. Também tinha um cós (p)refeito dos filhos e um busto desgostoso, lamentámo-nos. Estava ali uma putativa amiga, devia ter-lhe pedido o telefone.

*Não assumo quaisquer responsabilidades pela utilização futura deste desabafo.

14.10.05

Britcom(mon)

Uma amiga ofereceu-me um livro de viagens no Reino Unido, que tenho lido nos transportes quando descanso dos ataques de tosse. Deixou-me cheia de saudades. Por outro lado, ontem apercebi-me o que era que eu sentia de familiar e ao mesmo tempo estranho no meu novo edifício: é como lá, mas cá. A eficiência logística, a estante do correio, o estilo confortável para trabalhar mas sem tiques de casa cláudia, a secretaria e o computador do economato, o encerado, as alcatifas, o cheiro, as casas de banho, o rosa-salmão das pinturas (a paleta de cores britânica é sempre a mesma, das paredes aos guardanapos de papel e às gabardines), o convívio das secretárias às refeições, sempre à mesma hora. Felizmente a cantina é muito tuga, por sinal óptima, e não creio que sirvam macaroni cheese. Mas que tenho vontade de arranjar uma mug, lá isso...

12.10.05

Baby-Dolls



Belinda. Vamos chamar-lhe Belinda. Achas bem Pat?
A Belinda nasceu aqui.

Nodding

Ontem vimos um episódio do Noddy na "tuão". Era sobre o suposto dia de sorte do Noddy, prometido por uma espécie de fortune cookie da terra dos brinquedos, e de como tudo afinal corria mal nesse dia. No fim, o taxista imberbe de barrete e guizo percebia que a sorte era ter tantos amigos, blá,...
A seguir deu o Bob.

Ora:
- eu hoje sou o Noddy, embora o meu carro já não seja amarelo (já foi)
- hoje ensopei os pés, a paciência e um bolo de arroz
- dói-me o nariz de tanto o assoar
Mas,
- hoje lembraram-me que,

Some girls are bigger than others
Some girls are bigger than others
Some girl's mothers are bigger than
Other girl's mothers

Send me the pillow ...
The one that you dream on ...
Send me the pillow ...
The one that you dream on ...
And I'll send you mine


Como perguntaria o Bob: Equipa, vamos conseguir? Sim, vamos conseguir.

Depois é que vai sendo

Agora que me apercebi da verdade, que a partilhei com amigos, que espreitei os bastidores da parentalidade, da vida adulta, agora já sei que é assim. Quero dizer, que a vidinha é assim. Não é o que vai ser ou o que poderia ter sido, é assim, vai sendo. Como concordava ontem uma voz amiga ao telefone, rouca e tússica como a minha, "a vida é isto; não vale a pena estar sempre a dizer depois é que vai ser". Vou só ali tirar um curso e depois é que vai ser, vou viver uns anos ali e depois é que vai ser, vou ter um filho e depois das fraldas é que vai ser. Não, vai sendo, por isso mais vale aproveitar as coisas boas todas, quando aparecem, e não ficar à espera delas para dias maiores, mais calmos e decansados, mais iguais aos outros dias todos.
Como tão bem disse a Cat, os putos são todos iguais. Uns comem, outros dormem, uns choram até aos 2 meses, aos 2 anos, aos 20 anos, todos têm diarreias e vomitam e babam a roupa das mães e puxam pelos braços (principalmente se a mãe estiver num computador) e pedem colo (às vezes já matreiros, na reinação, quando a mãe está a fazer xixi), têm ranhos e às vezes piolhos. Em todas as casas há cotão e louça suja e roupa amachucada e armários desarrumados e contas. Toda a gente devia comer mais peixe e mais legumes e menos bolos. Não há mães insolúveis quando ainda não são oito e está a chover tanto que ainda não me secaram as calças. Toda a gente chega atrasada de vez em quando e muitas pessoas deixam cair bolos de arroz nas escadas do metro. Muitas pessoas têm vergonha de se assoar nos transportes públicos, sabendo que ninguém gosta de ouvir entupimentos e imaginar secreções esverdeadas, quanto mais tirá-las de si com elegância e discrição.
Não, as noites nunca mais vão ser inteiras e descansadas porque depois das constipações e dos pesadelos e dos xixis vão chegar as discotecas e as borbulhas e os namorados. Depois de já saberem tomar banho sozinhos vão deixar de querer tomar banho. A vida não vai ser depois de nada em particular, vai sendo com todas as coisas no geral. Com festinhas na cara da mãe enquanto se apertam os sapatos, com papas recusadas, cuspidas, empurradas e bolos de arroz perdidos em escadas e encontrados outra vez em qualquer pastelaria, uma especialidade da casa.

11.10.05

Antiself

A farmácia estava escondida por prédios altos e um labirinto de semáforos. Cheguei lá com indicações que incluiam uma agência funerária, o que não me parece a ordem natural da coisas. Não tinham Cêgripe. Não tinham. Está em falta. Como está em falta? Agora que até já chove falta-lhes o Cêgripe? Não, não quero outra coisa. Não quero porque tenho um estômago com muito mau feitio. Quero o Cêgripe! (não gritei, mas passei a ser antipática). Já estive melhor. Ela parece que está bem, disseram-me e eu acreditei, que quero acreditar. Tenho comichão, deve ser uma gripe alérgica. Ou isso, ou então rejeito-me a mim própria num (in)esperado ataque de autoimunidade conceptual.

O bug do ano 2005

Preciso de um anti-vírus.

9.10.05

What you vote is what you get

E assim acontece no rectângulo. Lá na minha terra, com (Isal)tino e sem vergonha. Eu escolhi com dificuldade, mas convicta que BEm. Siga, pelo menos para linha.

A miúda continua a arfar e nós com ela. Os bichos ontem atacaram-me a garganta e moeram-me o corpo. Uma injustiça, doer-me a garganta logo na tarde que passo com a amiga Pat. Fomos à loja do momento, desfiámos novidades com meses de atraso e velhidades do próprio dia. Falámos de nós e da nossa circunstância, de afectos e ergonomias. Para além da massagem emocional, tenho uns presentes lindos que hei-de imagear quando a logística me voltar a favorecer. Boa viagem amiga. Deixa lá que aqui está a chover* como já não me lembrava...

*No nosso retiro de saúde em casa da ascendência, a brincadeira ontem era pedir colo ao para ir ver a chuva.

7.10.05

Piolhite



A culpa pode ser dos dentes, mas tão depressa não me vêem os meus. A miúda fez uma inflamação respiratória considerável. Tem uma faringite ou uma laringite ou lá o que é. Tem pieira que eu aprendi que é uma chiadeira respiratória, assim um barulho com mau ar, com pior ar do que os engasgançso das ranhocas, assim uma falta de ar. Telefonemas da escola (nunca é uma coisa boa, os telefonemas da escola) por causa da pieira (que na altura eu ainda não sabia o que era, mas googlei e descobri em brasileiro), depois por causa da febre. Fomos às urgências do centro de saúde, que em boa verdade são é nossas que as urgências são sempre nossas, nunca são do centro de saúde. O médico era lento, de pés e de cabeça. As sessões de aerossóis* foram um extenuo soprado por um tubo. A primeira foi sempre em pranto, a segunda foi sempre em canto, que não há nada como pais desafinados mas persistentes. Safou-me um CD de putos onde aprendi que tenho uma boneca assim-assim, que veio de Paris para mim-para mim e versões rap das galinhas doidas.
Daqui a bocado lá vou (desen)cantar outra vez o repertório para lhe pulverizar os remédios pelo nariz, que a boca está ocupada com tosses, chuchas e semi-dentes.

*Arejámos o sol pela primeira vez com um mês, mas afinal eram apenas os cornetos do nariz desenvolvidos e a ressonadela passou quando lhe cresceu o nariz até ao tamanho dos cornetos.

5.10.05

Re-Publicar



É cada vez mais difícil encontrar um sítio para passear e estar e almoçar num feriado, fora de casa, em Lisboa. Hoje, conseguimos desorar todos três de manhã, depois de uma falsa partida às 7h30. Mas depois ficou tudo engatado, que as preguiças empatam mais do que um toque na faixa da esquerda. Muita gente, em todo o lado, a feriar. Voltámos.

3.10.05

Entalados

No dia em que o sol parecia uma uacha trincada, o pappy amanheceu do hospital com uma tala no médio que ontem embateu no muro. Logo de manhã, na cola, a Mariana diarreiou os calções enquanto eu estreava oficialmente o trabalho novo, coisa que ninguém deu conta (o trabalho, que a diarreia notou-se). As pedalices ficam assim em pousio e espero que as diarreias também. Cá para mim é tudo culpa dos molares que estão a romper. Como o osso torto da avó que amanhã os doutores vão endireitar (o osso, que a avó já é 89 anos de assim). Há dias em que nem uma roupa gira anima a malta.

1.10.05

Happy Hour



Juntaram-se, leram as piolhices para inspiração e, apesar disso, acharam que eu era colorida. Ofereceram-me o tempo que me deram, nas gargalhadas, nas discussões sobre tudo - especialmente os outros, nas ajudas com o programa que should be named no more, na vidinha dos últimos três anos. Obrigada, muito obrigada. We'll swatch ourselves around.

Funkie goes to BairroAltwood



O jantar era no indiano do Bairro Alto às nove e meia. Eu já não vim a casa e entretive-me a Chiadar. Gosto da animação, das lojas, dos cafés. Subi mais Alto e descobri uma loja com uma luz péssima e uma roupa fantástica. Daquela que se reconhece logo como my cup of tea. Trouxe um fato dobrado em A4 num saco verde. Um fato (no sentido em que são duas peças - calças e casaco - do mesmo tecido) que se dobra assim só pode ser uma boa compra. Tiracolei-o o resto da noite com gosto, como um troféu, uma prova de mim no-funkie na minha nova vida no-skunkie.

A noite foi muito divertida. O riso, escancarado, sentido, torcido, deixou-me os músculos doridos. Não dançámos, mas doem-me as pernas por estar tanto tempo de pé com (tantos) copos tanto tempo de mão. Já não bebia um B52 há mais de 10 anos. O Joaquim ganhou-me o shot, mas o balcão era alto e eu estava em bicos de pés para chegar à palhinha. Quero desforra. E sim, os bolos de Campo de Ourique são os melhores de Lisboa. Trouxe bolas e merendas para o pappy levar de Avalanche. Já trouxe saudades.