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30.7.05

Balzaquiana



Obrigada amiga. Cá te espero, ao sol.

Gourmet



Ainda havia morangos.

Matiné



Fomos. A Mariana correu para todos os lados. Beijou pi-pius, remexeu riscos, comeu bolachas de aveia e ainda fez umas quantas caretas. A mummy discutiu Barcelona, espreitou umas quantas bancas e aproveitou a sombra da Rosa para uns bocadinhos de conversa. Trouxe um saco para oferecer e um crachá alusivo ao tema do momento.
Melhor, só mesmo se eu não me tivesse esquecido de levar os números de telefone dos pais da Alice.

29.7.05

Carta aberta

Queridos amigos,
Preciso de pedir-vos desculpa pela treslouquice, pela falta de notícias, pelos telefonemas entrecortados de guinchos, pelos temas fráldicos das conversas, pelo olhar deslocalizado e o discurso incoerente. Pelas migalhas que, apesar dos meus esforços de shiiva, ainda vos atingem. Pelos "temos que combinar" que nunca acontecem, pelos jantares que não partilhamos, pelos aniversários esquecidos, pelo humor inconstante.
Eu não sou a mesma. Não sou porque ninguém é sempre o mesmo e porque há 20 meses que de mim saíram duas estranhas. Ela e eu. Eu antes tinha um tempo que agora escorre, uma lucidez que desconheço. Ela exige-me aquilo que me habituei a dar-lhe, eu própria, quase toda. Sobra pouco para nós, sobra pouco para mim.
Desculpa querida S. por não conseguir desempacotar mais disponibilidade para partilhar a tua barriga, mas a minha ganhou, literalmente, vida própria. E não te impressiones que nem todas somos assim. Deve haver mães e filhas compostas, equilibradas, com casas arrumadas e pés lavados guardados em sapatos (ela às vezes não tem as meias tão sujas de andar descalça, juro). Deve haver.
Mil beijos para a Marta e um abraço alargado para ti
Ana

Personagens

Senhora das neves ou Princesa?

Nesting

Tenho uma querida amiga cheia de filha na barriga. Está na hora de fazer o ninho e só lhe apetece bicar aqui e ali. Lembro-me desses dias. Semprei achei que a piolha chegaria adiantada e preparei-me. Lembro-me das sestinhas que dormi no sofá do quarto dela, de como só me apetecia estar naquele quarto, de como cheiravam bem as gavetas, de como a imaginava e lhe pedia que esperasse só mais um bocadinho, para ter uma boa viagem.

Hoje há outro quarto e as gavetas precisam de nascer de novo e todo o seu conteúdo seleccionado. Hoje não muitas sestas e ela continua sempre um bocadinho adiantada. E é muito mais linda do que alguma vez a pude imaginar.

Globo

Aqui no gabinete estamos todos a viajar.

Alameda

Fui à minha nova Divisão de Recursos Humanos entregar papéis para o contrato. O contrato. O meu contrato, eu, a "Doutora" ("e já agora, parabéns!", com um sorriso grande de quem já conheceu muitos concursos públicos). Eu sei que isto é um disparate, mas soube-me tão bem discutir retenções na fonte...

De caminho passei pela sala, onde uma colega estava prestes a defender-se. Isto cá em baixo não é nada como em Coimbra mas, ainda assim, não havia necessidade de sentar o candidato numa cadeira onde não chega com os pés ao chão.

28.7.05

Futilices

Teve que ser, tive que fazer o teste. As malas são o meu objecto de uso preferido.

You are Coach. Chic and different is your motto. Being different and stylish is your forte, and everyone loves that! Don't forget that being yourself also means not being afraid to follow if need be.

E eu que sempre achei que era um grande saco...


O avô João também trouxe uns amigos novos, incluindo um pato e um peixe diferentes.

Amiguices



No parque, pediu uma mão que não foi a minha.
Uma colega uma vez contou-me como se lembra da primeira vez que o filho estendeu a toalha de praia ao pé dos amigos e não dos pais.

Seeding



Agora preciso dum padrão bonito para o cachecol. E de uns bocadinhos de férias para o fazer crescer.

Indian



Ao princípio encolheu-se, mas depois passou o resto da noite a comentar o péu do senhor do Delhi Palace. Isso e a comer nan com molho doce.

27.7.05



No sábado.

Memórias 8

Quando o verão era sinónimo de ócio, sestas e comezainas.
Agora, inventario recursos para fazer face a um mês de piolhice, estrebuchos vários no quotidiano prosaico das fraldas, colheradas e dormidas. Circulo as verdadeiras férias no calendário da breve fuga conjugal e amacio-me a imaginar a barrigada de beijos, abraços e risos, os excessos de pele tocada, inalada e mordiscada até que consegue, em gargalhadinhas, escapar-me e gritar Mamã! antes do próximo round.
Agora que as rotas profissionais mudaram, Benfica fica a meio caminho entre a casa e o trabalho. Não gostava de a enfiar todos os dias num carro, mas vários amigos me falam bem do Externato Fernão Mendes Pinto. Acabei de ligar e aprendi que é em Janeiro que se jogam os dados da pré-inscrição. O fax para o Externato da Torre já seguiu há uns meses, mas agora o tabuleiro das estradas já não passa por aí...

Por estas horas o pappy já está a achar a mummy uma desvairada. It's a dirty job, but...

26.7.05

20 riscas no calendário



Não me sai da cabeça e a outra mamã também não. A escola é uma coisa muito importante, é a moldura dos dias e da cabeça. Provavelmente, a maioria dos bebés de 2003 irá para a escola em Setembro, se não foi já. A Mariana é um deles e não é melhor ou mais sensível, é só minha e por isso me preocupa.
Acho-a pronta, de desenvolvimento físico e psicológico. É muito móvel, decidida e desenrascada. Fala muito e percebe tudo. Come medianamente, sem grandes manias. Dorme pouco de dia, espero que não desoriente a sesta geral. É saudável. Faz hoje 20 meses. Faço hoje 20 meses.

Esquissos para o verão

1. Corar a cara, o corpo e a disposição
2. Descorar as dúvidas
3. Colorir os olhos
4. Levar os lápis de cera e fazer a Mariana perceber que não são para mordiscar
5. Tatuar-me de bom humor
6. Apagar as contrariedades maiores
7. Esborratar as contrariedades menores
8. Afiar a imaginação
9. Picotar os momentos solarengos para guardar no álbum da vidinha
10. Ocupar estes últimos dias com boas perspectivas para o mês em branco, em vez de esmiuçar as rugas do papel ou procurar o ponto de fuga.
Não cheirava a lágrimas de cera e pólen, como é costume. Estava tudo cá fora a rever os retratos que só se encontram nas efemérides, a comparar proles e rugas, a partilhar mentalmente memórias surdas de almoçaradas e parabéns.
O luto é uma coisa que chega a cada um como cada qual, mas não posso deixar de admirar a contenção, a (des)graça embalada num sotaque mais manso.

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Se não, não se faz um samba não.

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
Tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não.


[Samba da Benção, Vinicius de Moraes]

25.7.05

Depois do Conhecimentos dos Mares

Faz hoje seis anos, já vai para a primeira classe.
Ando a fazer tempo para a levar lá. Para isso e para lhe cortar o cabelo.

My mistake

Isto do cabelo trespassou-me para a mioleira.
Estou com cor de inverno e só me apetece o outono. Não fica nada bem com o biquini, com os calções. Acho que pareço um bocado gótica. Será que ainda se vendem Dr Martens em Lisboa? Sempre quis ter umas azul petróleo. Se alguém me vir de eyeliner na mão por favor acuda. Sou a única do gabinete contente com as nuvens, com os acinzentados do Tejo. Conheço-me. Estou ansiosa pelos desafios, que eu não sou de ficar à espera da vidinha. Nunca adiei um exame, casei-me depressa, quis ir defender a tese, quis ir parir a miúda. Só não vou tão depressa ao dentista.
Respiro...

ansiedade
do Lat. anxietate
s. f., dificuldade de respiração; opressão; angústia; inquietação de espírito; desejo veemente; impaciência; cabelo cor de beringela em Julho.

Alive & Kicking

Hoje vou a um velório. Não é uma pessoa próxima, é família de família. Mas há família próxima envolvida e eu estou cheia de pena. E estou farta de pensar na vida. Na minha e, principalmente, na dos outros. Outros que vivem vidinhas consumidas, que só vêem copos meios vazios, que se preocupam com tudo e se riem pouco. É um disparate. Vivam as cigarras. As formigas são umas chatas e ninguém aprecia pessoas chatas. Ai que eu não quero ser chata. Por favor. Vou deixar de ser tão chata já agora. Agorinha. Vou já rir-me aqui sozinha, sorrir-me, sorrir-lhe, beber um café e comer um bolo. Se me apetecer, com creme (nunca me apetecem os bolos com creme, mas é uma metáfora)
E sobre o kicking*, para ela (definitivamente) e para mim (em estudo).


*no catálogo da Vertbaudet

24.7.05

Aubergine

Eu gosto muito de beringelas. Recheada, panada, assada, em ratatouille.
Numa impensada premiére da nova estação (porque se vai usar muito, vão ver) deixei cozinhá-la no meu cabelo. Que agora está... escuro.

Trinta e noves fora, muito


Um aniversário de casal, um casal de filhos, um casal de netos; três casais de pais, dois casais de filhos médios, um casal de filhos pequenos. Quatro masculinos e quatro femininos. Salada de polvo, sopa de peixe, lulas, arroz de polvo, tarte de requeijão*.


*Isto da ementa é só para fazer inveja às amigas estrangeiradas. Para me pagar das saudades que já tenho de chuva, de fresco, de mais a norte.

23.7.05

Apple Crumble


Apple Beach Babe



Cada vez mais à vontade, mais divertida, mais salgada.

22.7.05

Follow your leader



Mariana, after Lars.

Assim...

... Não há cabeça que me chegue. Outro gorro.

"A" história

To whom it may concern
Este post é sobre o parto.
Vá lá, era inevitável. Havia de chegar o momento e é hoje. Porque a conversa já começou noutro lado, porque há barrigas amigas que se preparam para o grand finale. Pirem-se todos os que puderem para o próximo post, qu'isto vai ser a doer. Literalmente.

Tive dois abortos, um deles com curetagem no hospital. Engravidei a terceira vez, fiquei os primeiros três meses de repouso, tudo a correr bem; depois perderam-me a análise bioquímica, que não pode ser repetida fora do tempo, paciência, confiança; às 35 semanas a placenta estava grau III, envelhecida e o estudo do esfregaço mostra que sou Strep B positiva (20% de nós estamos colonizadas sem saber; pode causar doenças graves se o bebé se infectar durante o parto; toma-se antibiótico intravenoso e importante mesmo é fazer a análise, para saber e tratar); na mesma consulta aparece na Mariana uma pequena dilatação num rim. Buuuuuuuuu. Algumas dores pélvicas.
36 semanas, CTG no HSFXavier. Eu quis levar a mala, eu sabia. Ninguém me acreditava. Ecografia detecta líquido amniótico reduzido. "A Ana fica cá, vamos induzir. Vá almoçar e volte lá para as duas e meia". Ah, eu sabia e estava muito calma e confiante. Os outros nem tanto. O pappy estava afogado em aulas, eu fui com os meus pais para o CCB, passear. Almoçámos em Belém, comi robalo grelhado. Eu calma, a avó Lurdes em choque, a chorar ao telefone, eu a rir-me e a acalmar os outros. Eu genuinamente calma.
Deram-me uma bata de flanela azul, giletaram-me levemente, entregaram-me dois tubinhos para a limpeza intestinal; muito fácil e rápido. Entrego as roupas à minha mãe e digo até logo. Está tudo bem, mãe, não fiques nervosa.
O CTG na barriga, aquele som de cavalo de corrida, o soro com o antibiótico, os comprimidos por baixo. Tudo calmo. As primeiras moinhas, nada de especial, a mamã cega ao meu lado, há horas naquilo. Vi-a meses depois, nas páginas da Pais&Filhos, com o Gonçalo bebé. A doutora a dizer que já se via alguma ondulação no gráfico, eu na mesma. O toque. Dói, mas é rápido e poupa dores futuras, vale a pena. Colo verde. A doutora a dizer-me "Ana, se calhar só lá para amanhã". Tudo bem. Algumas dores, o pappy comigo e eu a respirar certinha, sempre fui boa aluna. Toque, bolsa rebentada, a coisa começa a desenvolver. Dores legítimas, mas normais. Três dedos e meio, pedido de epidural [as dores ainda eram médias, eu tenho um problema de coluna e, embora estivesse autorizada, temo a epidural; pergunto à médica, mãe de 3 filhos, se é mesmo preciso: "Ana, se a puder levar, aceite", naquele tom de quem sabe o que está a dizer]. Dores médio-grandes. A epidural não dói nada, o que custa é estar quieta com as contracções; suo, respiro, já está. O céu.
O céu.
O céu.
Falo com o pappy, que tinha ido jantar porque "ainda faltava muito", do telefone da médica. Soo ganzada. Tudo é lindo.
Hora e meia depois desço à terra e às dores. Sinto-a descer. A parteira acha-me uma exagerada e ralha-me. Diz que estou a fazer mal a força e que o bebé já tem um alto na cabeça. Eu acho-a uma exagerada.
Faço a força certa, deitada de lado porque ainda ninguém me mandou abrir as pernas. Sinto a vontade, aquela que é mesmo como se quiséssemos fazer cocó. É mesmo, é essa e é inconfundível. Digo ao Rui, que estava um bocado atrapalhado com as minhas inpirações na máscara do oxigénio, para chamar a parteira. Ela vem contrafeita, não me acredita. Enfia a mão.
"O pai tem que sair. Maca!". Ah!
As maiores dores de que me lembro foi ao passar da cama para a maca, a tentar levantar o rabo com um bebé a sair. Dói à brava. Lembro-me de pensar que tinha que me lembrar que doía. Na mesa do parto foi um instante. Outra parteira, muito eficiente, pouco simpática, mas aquilo não são momentos para pitimilititi. É precisa uma voz de comando, uma voz que saiba, porque nós não sabemos e temos muitas dores. Força, muita força. Não se sente o corte. "Agora não faça força, não faça!". Eu sabia o que era, eu tinha estudado. A piolha tinha o cordão enrolado no pescoço e no ombro. Não fiz, aguentei uns segundo e depois, flop. Escorregou de mim. Uma trouxa acinzentada, quentinha, na minha barriga. 00h56m, já é dia 27. Levaram-na logo, mas eu não percebi porquê. Estava "atrapalhada", tinha um apgar de 6. Recuperou logo. Outra mamã a parir ao lado enquanto me cosem. Eu a fugir da agulha, sem querer. Ralhete. "A sua menina é tão linda, tão redondinha", diz-me a primeira parteira, de repente simpática, de repente sorridente, de repente já não havia alto nenhum na cabeça não é?
Levei cinco pontos. Quando acabou, a minha parteira também mudou o registo e foi a minha melhor amiga durante as próximas duas horas. Sorriu-me, fez-me festinhas no cabelo, deitou-me a piolha ao lado e garantiu-me que eu já tinha peito. Ajudou-nos com carinho e ela mamou mais de meia hora. Foi tão bom. Chamava-se Felicidade, a parteira, a sério.

Considerações:
- a Mariana era linda
- a recuperação foi óptima; de pé, fazia tudo; não me conseguia sentar nos primeiros dias, mas de lado também se está bem; dica de uma amiga: guardar pensos higiénicos, ligeiramente molhados com água, no congelador, para aliviar a costura
- os pijamas funcionam tão bem como as camisas de dormir e são mais giros
- as cuecas descartáveis de rede são óptimas
- levar pensos normais porque os do hospital são enormes
- a piolha teve icterícia fisiológica e ficámos 5 dias; estar no hospital foi bom; ajudaram-me muito com a subida do leite
- na subida do leite é muito importante ter ajuda; alguém que saiba, que ensine a massajar e a tirar o excesso de leite com os dedos
- a Mariana era linda
- as visitas no hospital são sempre demais
- levar umas calças de grávida para a saída que a barriga não se vai assim
- a Mariana tomou antibiótico durante um mês por causa do rim, mas está tudo bem; é sempre vigiada, mas a coisa resolveu-se sozinha
- tinha 46 cm, 2760g e era linda
- tinha um pequeno derrame num olho, do esforço do parto, que passou logo; tinha uma manchinha na testa que passou ao fim de um mês; tem uma mancha na nuca que ainda se vê, mas sem importância
- tinhas as unhas enormes e arranhava-se, a rabininha.

Correu tudo bem. Foi tudo óptimo. Fica-se com outra perspectiva relativamente à dor física. A Mariana continua linda.

21.7.05

The London Witch Project?

Again. Como outra vez?
Bummer.

A Família


Tumbalalão


Já sou avó

Ontem à tarde a Mariana teve o seu primeiro bebé. Chama-se Bebé. É um menino de olhos azuis. Tem uma chucha, um biberão e um bacio.
De repente apercebi-me que ela já tinha idade para ter um bebé. Depois dos livros, blocos de construção, cubos, puzzles, popós e tractores. Confesso que não é um brinquedo que esteticamente me apele, mas tenho grandes expectativas pedagógicas para ele: responsabilizá-la pelo bebé, saber onde ele está (já tentei com as bus (chuchas), mas não resultou porque temos várias), tomar conta dele, usá-lo como companheiro de potinho, ajudar a adormecer. Ela gostou logo dele e fica tão gira a naná-lo ou, com um ar muito compenetrado, a dar-lhe o biberão. Acho é que lhe vai querer roubar a bu.

Foot Challenge



Ontem lembrei-me deste quadro, mas não me conseguia lembrar qual era o quadro. Queria o quadro do terceiro pé, aquele dum pintor que começa por B, acho que é holandês ou assim (assim flemish), e é uma festa, um jantar, uma taberna... Os meus colegas são óptimos googlianos e a malta gosta de desafios. Claro que o quadro do qual eu não me lembrava lhes atrapalhou um bocado o trabalho. Hoje, ao folhear um livro, reconheci o nome: Bruegel. E cheguei ao tripé.
Pronto, podemos voltar todos a trabalhar.

20.7.05

Boa Onda

Como que a responder-me, a rádio lá em cima no bar.

ImPortaoNados

Viémos agora da cóla nova, eu e o pappy. Viemos os dois no popó, a arejar receios pela marginal ensolarada. Aquilo que lá ir, de entrar o portão, de combinar burocracias e estratégias, de ver que os chapéus são tão feios (a piolha tem péus tão giros...), de imaginar esfoladelas nos joelhos e abraços lacrimejantes nas pernas, aquilo deixou-nos assim, com miufinhas.
Parece que eu já falei muitas vezes na mesma coisa, já repassei planos e agendas, convoquei possibilidades de ajuda e planos de emergência, antecipei ranhos e ronhas. Já falámos disso, diz ele. Pois já, mas eu sou iterativa e à força de repetir mentalizo-me e testo operacionalidades, sinto-me mais controlada.
Setembro vai ser o mês da habituação, eu ainda estou disponível e o sol ainda deve brilhar. Depois será o turbilhão. Eu sei que toda a gente passa por isto, que há bebés que estão na escola desde logo, que a minha vai-se habituar como os outros. Eu sei que não é nada de especial, que se vai divertir, que vai comer tudo sem safanões, que se calhar até vai gostar de ter um péu igual ao dos outros meninos. A educadora dela chama-se Lúcia. Imagino-a a dizer "úxia", a falar nesta estranha que vai passar mais horas com ela acordada do que eu. Mas já hoje outras pessoas passam mais horas com ela do que eu. Mas sempre está na nossa casa. Onde por acaso já acho que se aborrece.
Vi lá a ementa da semana. Normal, era normal. Eu até gostava das comidas todas. Só não vejo a necessidade do leite creme, mas um dia por semana também não é grave. A piolha não come doces. Eu até já ando preocupada porque agora só quer iogurtes dos bons, com sabores e pedaços, que devem ter muito mais açúcar. A culpa foi minha, mas aquela fermentação branca já me enjoava.
Será que vai decobrir os ovos kinder, os bollicao e isso?
Sou mesmo um bocado chata. Já falámos disso.
E de como eu quero que esteja bem, que seja feliz e saudável, e de como gosto tanto dela, já falámos disso também?

19.7.05

Wish list

A agenda: era uma destas que eu queria. Na FNAC comprei cadernos, mas não vi agendas...
Vi-a há poucos dias, aqui ao pé de casa, com sacos de compras e um saco de pano florido. Eu ía de carro, não pude parar para dizer olá. Quando vamos ao parque ao sábado de manhã penso se nos encontraremos. Nunca calhou. Há minutos atrás encontrei-a por aí. Porque há lágrimas que só quem chora é que conhece, abraço-a com força.

Ahead

Embora ainda esteja tanto calor, não consigo evitar de pensar na rentrée.
No emprego novo, na escola nova, na vidinha que cresce e será tão diferente de agora. Sempre que vamos ao parque, que borregamos no chão da sala ou compramos o pão de manhã penso que tenho que aproveitar, que o tempo vai ser mais curto, os dias mais escuros, se calhar até voltará a chover. A Mariana não sabe o que é chuva.
Penso se vou de carro ou de transportes, que demoro uma hora de comboio e metro (um dia tricoto, um dia leio), que nunca se sabe o que se demora de carro, que não gosto de guiar tanto, que não gosto de ser mais uma a entrar na cidade, mas que na saída ganho sobre rodas uma boa meia hora de piolhice.
Imagino a escola dela, os bibes aos quadradinhos azuis escuros (que temos que ir lá buscar, note to self), umas botas novas, a excitação de uns dias, os choros doutros, as doenças pegadas por todos, o custo de afastar o edredão nos dias cinzentos.
Recupero a memória de roupas mais próprias, mais direitas, tenho que comprar um bom fato e um blazer giraço, não cedo nos sapatos.
Já tenho mil ideias, todas igualmente absorventes, para as tarefas novas. Por este caminho é melhor contratarem já uma dúzia de eus. Preciso de um caderno de capa rija e uma agenda. Apetecia-me uma Moleskine, onde haverá?
Sorrio-me com a possibilidade de voltar a almoçar com o meu amor, de partilhar a maçã assada a ver o lago. E ela, será que gosta da comida da escola? Não é niquenta, a minha linda, mas quando não quer comer não há meio. Não gosta de bananas, tenho que avisar que não gosta de bananas.
O fato devia ser cinzento. Não muito escuro. Vou tricotar um cachecol cor de beringela. Vou encomendar as instruções do gorro e fazer um para cada um de nós. Vou ler romances e marcar as páginas com listas de compras. Vou dar-lhe banhos demorados e apertar ainda mais a trouxa de turco e menina.
Vamos ser muito felizes, de gorro.

Maré negra

Umas Papillio novinhas nos meus pés. Um gorro pirata para tricotar.
E tudo o resto está bué colorido.

18.7.05

Shooting up for the sky


Vistas bem as coisas, será o meu primeiro emprego. Oficialmente em Outubro, 15 anos depois de entrar na Universidade.

Que lata



Esteve cá a tia Conceição e deixou areia à beira da minha camioneta. Fica aqui o registo da boa vontade de não a despejar toda antes de tu chegares.

Verde martelado



Suponho que tenha ficado sempre engasgado, aquele casaco chickened-out.
Saldei a dívida por 19,90€.

A Oilily já invernou, como aliás quase todas as lojas reais por aí. Este avanço de temporada sem nos dar tempo para saldar contas passadas aborrece-me. E não acho bem quase nunca haver nada para pechinchar nos miúdos. Fui invadida por uma onde negra e ainda resgatei uma camisola e uma T-shirt pretas do monte desmoronante das etiquetas vermelhas. Arrebanhei uns quantos fatos de treino giraços para a piolha e pimba, acabou-se. Bugger. A coisa leva o seu tempo senhores lojistas,
It takes time
To get your gal to see the light
It takes time
It isn't always love at sight

...

Memórias 7

Lembro-me de cantar isto com a Pat, num carro de pai, duas chinfrinas no banco de trás, a desperdiçar pennies pelos pensamentos da querida doutro.
Ela lembra-me muitas vezes a Marlene.
Lembro-me de transpirar a dúvida na pista do Jamaica ou de coçar a barriga.
E sim, também me lembro de ver o paraíso há mais de 20 anos.

17.7.05

Às pintas



Intentámos a praia logo de manhã. Para trás ficou uma casa desfraldada, uma fralda com o cocó de última hora, aquele já à saída da porta, e uma vontade insatisfeita de dormir. Eu estava ansiosa porque me tinha enganado a ver as horas. Na rua acalmei o desengano de levar uma criança pequena para a praia já tarde. Ainda não eram nove. Fomos de carrinho para a praia da frente. O carrinho é o passo limitante da cinética da praia, mas o carro seria cretino, não?
Fomos para a beirinha, metade de nós carregada em peso, mais as coisas (as coujas) pela outra metade, pelo areal que ela tinha recusado. Acampámos, metade de nós encheu dezenas de baldes de água que a outra metade entornou. Por si. E tinha tanta areia colada que parecia biónica.
E estava tão gira com o péu verde e os pézinhos enterrados na maré.
De repente, uma onda de desvontade subiu-lhe pelo encharcado e quis ir para a "rua". Sair. Ir embora, em choraminguice. Cheia de areia, uma miss t-shirt molhada de barriga saliente. Vesti-me, despi-a, semivesti-a, arrisquei xixis pelas pernas abaixo. Joguei uma lógica de barqueiro para trazer aquilo tudo (molhado) de volta para o passeio: eu+coujas, ela a desandar atrás; deixar coujas na posição 1, apanhar criança ao colo e levá-la para posição 2, em cima de toalha; voltar a 1 e trazer coujas; voltar a 2 e resgatar criança+toalha.
Mais uma hora de parque, tropeções, tolas (futura negra na bochecha), pasta de bolacha no escorrega, escorregadelas fantásticas (é uma selvagem, go kido!), quasicontacto directo com os peixes do lago, areia misturado com sujo. Criança suja, com nódoa na bochecha.
Mãe despenteada.
Mãe cansada à brava e ainda não era meio dia.
Mãe que acabou de pentear-lhe o sono com os dedos e escreve aqui isto porque não levou a kodak*.

*a foto não é de hoje, mas a(s) pinta(s) é toda nossa.

16.7.05

Teoria da Educação

- O papá?
- O papá foi no avião.
- Papá no tuão.
- Vamos papar sopa?
- Nãaaaaaaao!
- Sim, sim, que é muito boa.
- Nãaaaaaaaaaaaaaao. (safanão)
- Sim, sim. Uma colher para veres que é boa.
- (Choro)
- E pêra, queres pêra?
- Não!(choro)
- Queres o quê?
- Não! (choro)
- Queres sair da cadeirinha?
- Não.
- Queres ficar aqui sentada?
- Não.
Tenho nódoas de sopa nas minhas calças favoritas e nódoas no único coração que tenho pelas caras de zangada, ralhos e confrontos vários. Sim, Cat, custa muito.
(...)
- Uma noite feliz, não caias da cama e não partas o nariz.

Teoria da Evolução



Já aprendi a minha lição. Hoje comprei-lhe umas sandálias 23 que têm que durar até Outubro. Todos os 20, 21 e 22 que acumulei no armário desde o início da primavera foram eliminados por selecção natural.

’cause two out of three ain’t bad (?!)



Fomos aviar o pappy para Viena. Ia cabisbaixo, o pappy, que estas coisas acabam por perder a graça e a miúda está cada vez mais gira.
Aprende e reinterpreta palavras novas todos os dias. Hoje foi "coisa" e "mesma". Soa estrangeirada, ainda não está pronta para mexilhão.

Depois de ter a piolha passei a pensar na vidinha das outras mamãs e lembro-me muitas vezes das single mum. Deve ser difícil. Muito difícil. Eu, que passo a vida a queixar-me que "faço tudo nesta casa", sou uma sortuda. Não faço, não fiz e sei que lá para a semana volto a não fazer.

Os Rolo de Carne não percebem nada.

Pub

Há uma loja Birk no Atrium Saldanha.
Eu queria estas, mas não havia o meu número.

15.7.05



Levei-a no meu sonho azul
Azul, Azul
Da cor do céu
Levei-a comigo
Sonhou um sonho
Da cor do meu
Deitadas no leito da lua
Na frescura, que tremor...

Trocava a vida toda
Pela vida deste amor
Meu Sonho Azul

14.7.05

Catalunya: Es + Fr



Los dos sur les dos.

Barceloneta


Do Born a Horn.

Medidas e isso


Stanley Brouwn.

Reflexo-me



MACBA.
Branco.
As fotografias de John Coplans. Kosuth.
Por favor, aqueçam o ar condicionado, por favor.

Porque eu gosto de coisas tortas



Ele, depois do outro.

Postales



As vistas de Barcelona:
- muita gente, ai tanta gente
- muita gente gira e jovem, ai tão giros e tão jovens; só me anima o facto de ter sido sempre tomada como local; falaram sempre comigo em espanhol e catalão; umas percebi outras não, algumas fingi-me de brit
- carote, caro ou muito caro; comprei um abanico por 1,25 e uns óculos "produto branco"; não trouxe presentes, que não sou de obrigações injustificadas e a globalização estragou o efeito da coisa
- o bairro: El Born
- tapas: Sagardi
- restaurante: La Fonda
- presuntos e queijos: Set del Born
- bonecos de feltro; encontrei esta loja por acaso o ano passado e agora fui lá de propósito
- bonecos Mika; estava lá este, mas os euros...
- a loja: Custo Barcelona; só é pena o custo
- aquilo que gostava de ter trazido e não trouxe: uma Vaho.

Down the aisle



O melhor de ir assim, a dois, é isso mesmo, o ir a dois.
Hey chico, me gustas.

10.7.05

On Air

Vamos três dias Barcelona. Stop. Piolha estagia avós. Stop. Pappy SEB, Mummy livre. Stop. Repito, Mummy livre. Non Stop. Stop.

8.7.05

100 medos



Na Bike Magazine de Julho vem uma nota sobre as pedalices do pappy. Uau!

(E agora, quem o atura, quem é? Hem? Hem?)

Espírito científico



Uma das aulas mais giras do primeiro ano era a observação microscópica da água do lago. Todos os estudantes de Biologia conhecem assim as intimidades do Campo Grande.

A piolha esforça-se sempre por conseguir uma amostra lá em baixo no parque.

HipoTese



Há 10 anos, o primeiro parto foi difícil. Demorou meses e muitas noites de revisões, mais de 250 referências e um anexo com as imagens em papel fotográfico, grosso e tecnicamente revelador. Na altura vaticinou-se uma próxima obra em tomos, mas não: menos de dois meses, 103 páginas, ligeiramente mais pequena que A4, arial 10/11, capa verde escura. Low budget, low profile.
Hoje estive no meu antigo lab e fizeram-me um dos melhores (e raros, que ninguém liga nenhuma a isto, nem o júri) elogios ao pequeno livrinho. O M. leu-a.

English speaking

- E fala bem inglês?
- Sim, vivi no Reino Unido e cá tinha estudado no Britânico até ao Proficiency.


E então lembrei-me que conheço o metro de Londres, que sei que é grande, muito grande, com muitas entradas e saídas; é um polvo, não é um peixe-espada como o nosso. E sei que tem muita gente, gente nova, gente velha, gente gira ou nem por isso, gente diferente uma da outra. Convoco imagens e imagino exclamações, raciocínios e decisões, que aflições destas não se imaginam. Mas proficiency, determinação e organização, humor, isso sei que há lá.
Oh Dear.

7.7.05

EntreVista

É dos géneros jornalísticos que acho mais difícil, a entrevista pergunta-resposta. Obriga a gravar, ouvir, transcrever e escolher, escolher muito bem.
Dia 8, às 10h15m. Entrevêem-me.
E depois escolhemos todos, espero que bem.

entrever
v. tr., ver confusamente, com dificuldade; distinguir imperfeitamente; pressentir; calcular, prever;
v. refl., ver-se de passagem; divisar a custo.

In between



Confirma-se que sou geradora de birras, gritinhos, tolices várias. Que se porta muito melhor se eu não estou presente. Que parece que há outros relatos semelhantes, com outras mães e outras filhas. E então? Angustio-me na mesma, com as dúvidas que se calhar são também doutras. Avalio-me em culpas e desculpas. Doseio-me como posso por fora e explodo risos, orgulhos, irritações, cansaços e um amor inexplicável por dentro.

Hoje chega o filho mais novo de uns amigos. Já vem vestido e calçado, já anda. Já abre bem os olhos. Lembro-me da piolha ter aqueles olhos de gatinho, desfocados. Eu também a vejo cada vez melhor, todos os dias mais nítida. Eu também estranhei aquela pessoa pequenina que me puseram no colo. O W. já é maior, mas de certeza que vai lá caber com a mesma facilidade. Boa sorte.

6.7.05

Ensombrado



A Fundação proporciona as condições para o estudo e reflexão, para o debate de temas e ideias, para a realização, enfim, das mais diversas actividades culturais e científicas. Mas não permite a presença de crianças (porque "é um recinto perigoso e não dispõe de vigilância"), mesmo temporária e com uma mamã ao lado, sinusoidando a vidinha de jovens pais serra acima, serra abaixo. Estranhas portadas num tão grande horizonte.

Noutra opção, a piolha portava-se lindamente com o Pappy, descansando a mamã em saudades à sombra, com vista para a piscina.

ComTempoRâneos



Para discutir a arte e outras coisas.

Ângulos


A esquina da mesa virava-me para fora. Umas vezes resisti, outras não.

ComVento



Dei com o caminho, o espírito da coisa e algumas pessoas novas. Exigi, exigi-me uma (re)visão de projectos verdes e maduros. Enquadrei-me.

3.7.05

Hasta la vista

Vou passar dois dias inteiros com gente crescida no meio de uma serra. Prometo fotos.
I'll be back.


Pretende-se neste encontro criar um fórum para a discussão acerca do papel das Ciências da Complexidade numa possível aproximação entre as abordagens do artista e do cientista enquanto criadores. A ideia central é discutir possíveis contribuições provenientes de conceitos fundamentais dos Sistemas Complexos, tais como: Emergência, Criação de Estruturas, Caoticidade e Interdependência, para uma melhor compreensão de pontos de contacto que numa e noutra perspectiva (científica e artística) possam existir.

Quê?

A pêa (fruta de qualquer espécie) é sempre levada na tacinha para o degrau do quintal. Qualquer dia tenho que arranjar um espantalho.

Narcisa


Reconhece o bebé em todo o lado e reflexa-se com sorrisos e poses.

Maternodiversidade



A pal escreveu este post em forma de assim sendo, angulando-me de forma favorável e generosa. A boca espantou-se-me, como naqueles dias em que o cabelo exerce vida própria e, de repente, alguém nos gaba o despenteado.
Eu conheço algumas mothern, e outras só modern, que arrancam admirações aqui e ali, mas nenhuma se sente doutra maneira que não seja a vidinha nossa de cada dia nos dai hoje e perdoai a falta de pão fresco, assim como nós perdoamos os pêlos na banheira.
Suponho que se houvesse um making-of dos blogs tudo teria menos graça. Como quando passamos a viver juntos e deixamos de resguardar aqueles tempos de ninguém em que os namorados se renovam de mistérios.
De qualquer modo, eu também tenho inveja de quem multiplica as barrigas e ainda se orienta o suficiente para dar com a Internet, sem perder as chaves de casa, do carro, da despensa e da disposição.
Beijos para a I. e festinhas na barriga.

P.S. O meu domingo, abridged:
Acordar, constatar a falta de energia para espraiar, lavar, vestir, alimentar, sair; comprar, ensacar, ver que ainda são só nove e meia; guardar os víveres no carro, voltar lá acima com esperança de espiolhar os até 50%, diminuir a culpa no playground ainda vazio, meia hora depois resgatar forças para a arrancar às beterrabas-baloiço, aceder à chucha, desdenhar os por centos a menos, voltar ao lar e aproveitar o sono dela para lavar o quintal, a entrada, o chão da cozinha (que nunca atinge a limpeza dos anúncios), as portas cheias de restos de dedos embolachados; migar os legumes para as salsichas com couve lombarda, assumir que é preciso cozer a couve antes de a enrolar na chichinha e, depois desta epifania culinária, cúmulo do cpu usage da minha manhã, continuar a lida sem mais mistério.

2.7.05

But I still haven't found

What I am looking for. Para as férias.
Já não vamos para a ilha por causa de tudo, do mês, do excesso de gente, de preço, de praia.
Mas para onde? Sem muito carro, muita gente, muito calor, muito. Assim com menos, menos esta/ufa.

A Gregados

Assim que cheguei lembrei-me, lembrou-me.
Estas e mais estas:

O abraço é um colar, mas sem fecho.
Na gruta boceja a montanha.
As porteiras são as parteiras da manhã.


Será que o O'Neill conhecia isto?

Tweeter & Woofer



Nos tempos da faculdade, as miúdas gozavam à brava com os colegas que passavam noites a (des)construir colunas de som. Mais tarde aprendi que existem orquestras de altifalantes.
Admiradas desde sempre pela piolha, as colunas são agora fixadas com atenção, a "quica" sentida e vigiada em viagens compenetradas de uma para a outra.

1.7.05

Always on top



A cereja no meu bolo era arranjar um emprego a sério, onde me deixassem fazer as coisas que eu gosto misturadas com tarefas concretas e exequíveis dentro de prazos limitados, daquelas que deixam a sensação do dever cumprido. Como os exames. No meu scotslab, ao pé do telefone, vivia na parede uma lista de tarefas que acabava: ... The pigs are fed and we're ready to fly. Sempre que me refaço em listas - para já, para a semana, para a vida - anseio pelo momento triunfante em que sacudo as mãos da ração e abro os braços prontos para o vôo.

No dia a dia, as pequenas tarefas lá em casa terminam com um Já está! que a Mariana aprendeu a saborear e repetir, nem que seja só fechar a porta do microondas depois de aquecer o leitinho.

Acho esta inutilidade adorável.

Com Plexidades

A Mariana gosta muito do Bob Construtor e eu também. Às vezes até me apetecia ser a Wendy, ter uns brincos vermelhos e, sobretudo, colorir o colarinho.
Mas hoje apetecia-me mesmo era residir aqui um tempinho e partilhar (per)plexidades.


Se eu fosse um animal não era uma formiga. Segundo alguns era um esquilo. Eu sinto-me canguru, com um marsúpio cheio de divisões internas onde aconchego a piolha e outras ideias que tenho. Os outros pesos tento carregar em saco próprio do lado de fora. Para a semana retiro-me um bocadinho para ouvir as ideias dos outros. Até lá, vou tentar alijar das minhas os pequenos pesos da vidinha que me afundam a imaginação. Não sei o que há no frigorífico para o jantar. Ask me if I care...