story:tell:her

31.3.05

Silly Season

Declaro hoje a abertura oficial da época das birras. Gritos, guinchos, lágrimas, soluços, muita ronha e muita escola para um piolho tão pequeno. Não sei se foi da noite mal acordada, dos nervos que aquele soluçar me provoca ou de alguma coisa comida, passei o dia mal-parada, com as tripas revoltadas e a cabeça leve, leve demais. Ainda consegui ir vacinar a criança, mas apeteceu-me atropelar um velhinho no parque de estacionamento que insistia em comandar o trânsito. Definitivamente, não me sinto bem, nem uma pessoa de bem. A revolta das minhas tripas impediu-me de alimentar a minha filha a algo mais do que puré de maçã (e ainda lhe roubei um bocadinho), papa, leite e bolachas.
Mais lágrimas e gritos e apertos nas tripas para a sesta depois de almoço. Está perdida de sono, mas não me deixa pô-la na cama. Na cama dela. Extenuámos as duas na minha cama e lá descansámos um bocadinho. Saímos (está tanto calor!) em busca de tachinhos e panelinhas na lojinha dali, para ver se eu volto a conseguir fazer o jantar verdadeiro sem "ajudas". Voltamos com um puzzle de animais que é possível recombinar em criaturas transgénicas. Insistiu no colo enquanto espiolho os sítios do costume (onde estás mãe tonta?), viu este post, apontou e disse Mamã.

30.3.05

Impressões


Se hoje é dia, gosto deste. Não gosto muito é de visitar museus exclusivos porque a dada altura a admiração banaliza-se e parece que já não dou valor. Com este lembro-me de acontecer isso. Olha, mais um. Olha, outro.

Games-to-teach et al.


Lembram-se?
Parece que os jogos têm um papel relevante na educação informal. Claro que com esta desculpa séria hoje lancei a desgraça na minha sala de trabalho.

P'ro Pé


A Mariana precisa de sapatos. Eu acho a maior parte dos sapatos uma chatice. Mesmo os dos putos, ou talvez ainda mais os dos putos, para os quais não há desculpa. Por enquanto ela usa daqueles da Lisbonense, de carneira, mas vem aí o bom tempo e o pé cresceu.
Está a ficar vaidosa, a minha piolha. Pede-me para por uma fita, já aguenta os ganchos e quer ver-se ao espelho. Percebe perfeitamente quando tem uma roupa nova e pavoneia-se. Adora a escova e pentear-se. Quer pentear a mamã, o chão, as paredes e os móveis. Ando à espera de mais uns cabelos para experimentar um elástico. Já não é um bebé, é uma menina. E estes ténis ficavam-lhe mesmo bem.

29.3.05

Aritmética do sono

Numa palavra: sono.
Duas palavras: com sono.
Três palavras: com muito sono.
Quatro palavras: por culpa da Mariana.
Que foi deitada connosco por causa do meu medo dos vómitos e putativos engasganços e isso. Que não fica quieta na nossa cama nem dois minutos, em constante rotação sobre si e nós, puxando-me o cabelo, arranhando, roubando toda a almofada, horizontalizando-se nas duas almofadas ou, e isto dói, atirando com a cabeça em cima da minha cana do nariz. Tudo a dormir. Ela, claro. Eventualmente, foi despejada na caminha dela que já não devia haver nada no estômago dela e havia muito cansaço no nosso. Só que lá para as cinco e tal acordou com este tatá, que nós lhe oferecemos ontem e que eu, sim MEA CULPA, deixei com o alarme ligado.
Uma palavra: totó.

Embrulhados

Era como a piolha ontem tinha o estômago. Quando cheguei a casa vomitou um bocadinho, mas depressa ficou bem disposta. Ao jantar tentei convencê-la a mastigar pãozinho torrado, com uma lambidela de doce. Foi indo até ver que nós tínhamos comida de verdade, incluindo arroz. Dei-lhe uns bagos. Comeu com tanto gosto que lhe dei mais. Comentei com o pai que o médico não queria que se desse comida a um estômago vomitado. Continuou a comer alegremente mais bagos. Terminámos todos e pediu para lavar as mãos (é uma novidade e adora estender os braços para agarrar a água que sai da torneira). No sofá, deitou a cabeça no meu colo e, de repente, sairam todos os bagos. O médico tinha razão. Coitadinha, tinha um ar assustado e um lamento fininho, que a minha filha não é nada caguinchas. Mudei-nos a roupa, lavámos a língua (e as mãos, pois) e adormeceu na caminha de almofadas da sala. Vigiou-nos enquanto nos aventurámos com a Polly e o Sky Captain e depois fomos todos trambolhar para a cama. Hoje, o creme de arroz ainda está todo na barriga, viva. Eu ainda tenho o coração um bocadinho embrulhado.

28.3.05

Wish list 7


Ou umas verdes com cabeça de sapo, que eu nunca cheguei a ter quando era miúda...

Wish list 6

Um cabelo liso.
Liso, daqueles que se penteiam e ficam brilhantes. Daqueles que permitem ver as tesouradas desorientadas e modernaças. Daqueles que suportam um dia de chuva sem encaracolar a paciência até parecer um microfone. Pufavor.

27.3.05

Sementeira


Este é o "jardim" cá de casa. Acho que vou plantar salsa, coentros, manjericão e hortelã. Por exemplo. Eventualmente. Os vizinhos do lado plantaram ladrilhos.

87/16

Meses. Nossos. Dela. Parabéns.

Mini-diary


Wireless, Workless, Sleepless, Playful, Joyful, Full. Of crumbs, do folar, everywhere. Quatro dias inteiros. Prova superada.

Mini-Biblioteca


Enquanto não sabe escrever, eu carimbo em forma de assim. Também pode ser em lilás.

Salada


Desde miúda que adoro escolher as cores. Dos lápis, das canetas, dos papéis, das lãs. Em casa da minha mãe ainda se encontram estojos cheios de relíquias de feltro e minas quebradas. Na época de exames da faculdade, cada disciplina tinha um look gráfico que uniformizava apontamentos. Era essencial escolher o papel e as canetas antes de começar a estudar.
Aqui em Oeiras há uma loja de lãs muito simpática com cores que me adoçam as manhãs de sábado, quando vimos do parque e a piolha dormita no carrinho ou cabriola com o pappy no adro da igreja.
Entretanto arquitecto riscas (apetece-me riscas) de cores fortes e continuo sem conseguir ser fiel ao padrão da revista.

26.3.05


Estado Novo, estado velho.

Acabámos dentro de água.

Z-ó-ó.

Anda a apetecer-me lilás.

Lácteo


Não sai de dentro para fora, mas entra de fora para dentro.

O Elmer não estava lá.

Os ursos foram os preferidos. Foi difícil sair de lá. Do parapeito.

...à zebra.

Da avestruz...

Mas bom mesmo é pedir um elevador de colo e ver, ver tudo de cima.

Sentámo-nos nos degraus, como agora gostamos tanto de fazer. Qualquer pequeno ressalto do chão se transforma num pequeno banco, qualquer desnível é subido e descido, muitas vezes, como treino.

Ontem fomos ao jardim zoológico. Quando penso muito nisso, este misto de jardim, didáctico, lúdico, mas enjaulado, causa-me dúvidas. Lá dentro prefiro os recintos às jaulas, fico contente quando vejo que há filhotes e, em boa verdade, divirto-me. A Mariana divertiu-se muito e isso, isso foi muito fixe.

24.3.05

Pappy, tem paciência


Ó pá não consigo estar sempre a ralhar e a tentar explicar a diferença entre os Tweenies e o James Bond!

Pela boca

A solução é deixar de cozinhar especialmente para ele e respeitar o que está a tentar dizer: "Quero comer por mim próprio".[...] É preferível desistir, por uns tempos, de grandes limpezas.[...] Embora a malnutrição seja um terrível problema mundial, não é provável que afecte as famílias que lêem este livro.

15 meses, T.B. Brazelton, O Grande Livro da Criança

Hoje, o almoço era ovo mexido com pedacinhos de legumes e queijo. Estava mesmo bom. A cozinha ficou com uma patine proteica que mo lembrará durante os próximos dias.

Cinco euros e assim meia torta, como me anda a apetecer. Não havia em verde.

Miúdas!


Hoje é quinta feira, não há feira da ladra, mas há feira de Carcavelos. Há anos que lá não ia. Durante anos só lá ia. Ontem, a amiga falou na feira e hoje, primeiro dos 4 dias em que vamos aturar-nos uma à outra de seguida, lembrei-me de levar a piolha numa excursão tipicamente de míuda. E fomos*. E divertímo-nos à brava. Mexemos e remexemos, comemos farturas e voltámos com um balão redondo e coisas giras e baratas, como estas. A minha filha já é uma companheiraça.

*Que a amiga cor de canela não o tome como uma traição! Lá voltarei assim que combinado.

23.3.05

Croquete

Ainda não comeu, mas aposto que gostava. Já não tem paciência para sopas e purés. Quer comer sozinha. Por enquanto entorna sozinha enquanto eu, dissimulada, enfio colheradas mascaradas de brincadeiras. Quer um garfo. Gosta de queijo, feijão preto, grão, bacalhau e farinheira. Adora arroz e massa, manga, pera e até já comeu uma pontinha de banana (que odiava). Chama "pão" a tudo, mas sabe muito bem distinguir o croissant que eu tento esconder. As bolachas de água e sal satisfazem tanto como as Maria. O iogurte é a melhor coisa do mundo, especialmente se enriquecido com bolacha e puré de manga. De manhã, enquanto eu me demoro a apanhar os livros, as meias, as toalhas, os cremes do chão, aponta para as escadas e abre e fecha a boca, com barulho. Vamos mãe, lá em baixo há Cerelac quentinho.

22.3.05

Coquete

E não é que ontem ao jantar começou a fazer olhinhos e a pestanejar tipo Betty Boop? Fica tão gira... onde é que ela aprendeu a fazer isto?

Estamos sem email e com uma Internet disfuncional. Uma catástrofe. Mordisco a caneta para aliviar a privação. Até posso fazer outras coisas, mas perturba-me não poder googlar quando me apetece. Como "The request URL could not be retrieved"?

Golla alta


No caminho para aqui há uma loja de telemóveis que tem destas e doutras bolsinhas na montra. Eu não retiro pica nenhuma do telemóvel, só quero que ele funcione faz favor. Acho ridícula a sua utilização como símbolo seja daquilo que for. Quase não mando mensagens porque eventualmente me aborreço com a minha incapacidade estenográfica naqueles teclados minúsculos. E, no entanto, namoro sempre estas bolsinhas. Acho-as girinhas. Claro que são tão ridículas como aquelas roupitas que as velhotas vestem aos cães. Claro que já tomara eu encontrar a coisa a tempo, quanto mais despi-la antes do "tou". Claro que já me lembrei de enfiar o meu telefone numas meias da Mariana para copiar o look.

21.3.05

Wish list 5

É lindo, este colar da Hilda. Foi pena a chuva, que adiou a feira.

Entre capas

Elas escreveram um livro e eu vou pedir à Oli que mo traga lá do Brásiu. Podemos começar já a organizar um esquema de empréstimos.

O cheiro

Que não sei de que é, embora saiba qual é. Cheira muitas vezes a isto em Lisboa. Hoje cheira. É assim um cheiro torrado, que deve sair de uma chaminé. Lembra-me o cheiro das breweries em Edimburgo. É um cheiro que cheirava muito na estação do Rossio, mas os comboios são eléctricos, não combustam. Eu até gosto deste cheiro, é-me familiar. Hoje lembro-me muito de . Está assim murky como lá, mas muito mais quente, claro. Lá o meu cabelo tinha sempre caracóis, por causa da humidade, e eu usava azul escuro. Lembro-me do cheiro do edifício que já não há. E do cheiro dos aquecimentos, dos oleados no chão, do lamb, das chips, do custard cream para o bolo que o Masaaki achou que era sopa e encheu uma tigela daquilo. Lisboa e Edinburgo têm (tinham?) o mesmo valor médio de precipitação anual, vi no jardim botânico.

20.3.05

Eu compro

Tudo cá em casa. Das batatas à pulseira, roupa para todos três, comida para todos três e traz um amigo também, livros, brinquedos, não CDs (qu'isso é o Pappy, sem contar a Escolinha de Música, que tem as galinhas doidas), roupas da casa, mimos de comer, medicamentos, enfim, tudo o que há na praça, na mercearia, no centro comercial e na Baixa. Isto quer dizer que gasto imenso dinheiro, aliás, eu gasto o dinheiro todo que sai da carteira. O outro dinheiro sai do banco e nunca o vemos, aquele que paga a casa e os seguros e essas coisas assim "de responsabilidade". Eu é mais papelinhos amarrotados aqui e ali, muitas vezes guardados por causa das trocas. Falo disto porque é uma canseira. Make no mistake, eu gosto de ir às compras, mas esta realidade consumista está a matar o rouxinol que havia em mim. Eu gosto de pensar em mim como mais do que um pin code. Nunca gostei de sacos plásticos. Nem de papel. Não gosto de sacos e tento sempre enfiar tudo na mala. A minha mala parece o saco do Sport Billy. Além dos efeitos colaterais de ter sempre o mesmo ângulo de escolha para tudo. Neste momento nós e a nossa casa somos verdes. Uma autêntica família Shrek num pântano de clorofila. Vejo sempre se há em verde, menos na fruta.
Precisava de calças. Já está, pernas curtas, com bolsos tortos. Não gosto de comprar calças. Nunca ficam bem atrás, na cintura. Umas delas desafiam a ergonomia feminina, mas são as mais giras. Tinham 70% de desconto, fiquei orgulhosa. Claro que assim só sei falar daquilo que compro, porque é o que mais faço. E do que não compro, como a saia verde, daquele verde Julianne Moore, lindo, fundo, que não me ia tornar mais parecida com ela. Também não me apeteciam tantas sardas. Já assim, eu própria, parece que estou toda cagadinha das moscas de tantos sinais. Tenho que comprar um protector.

19.3.05


Dezembro de 2003, Rui e Mariana.

Pais e Filhas


A mãe tem as mãos iguais às do avô João. O avô é pai da mãe, como o Pappy é pai da piolhinha. O avô agora confunde-se quando a mãe chama "Pai", porque às vezes é o pai da Mariana e não da Ana. O avô gosta muito da Mariana e diz que mais linda que ela só a Ana, que é filha dele e mais linda que todas as filhas, mesmo a da filha Ana. Depois de ser mãe, a Ana passou a perceber muito melhor o avô João. A mãe gosta muito do avô João e sorri por dentro quando diz que a Mariana é a menina do papá. A Mariana também tem as mãos iguais às do pai Rui, "porque um amor assim, mão na mão, junto a ti, não poderá ter fim".

18.3.05

Mariana Capelo Gaivota


Mê!
O copo da água, o jornal, o novelo, as agulhas circulares, o comando da televisão, enfim, tudo o que não é .

Spring MeetUp


Amanhã à tarde vamos à festa. Mais alguém vai? Encontramo-nos ?

Bodas de Prata

Já saíu o número comemorativo dos 25 anos do JL. Lá está o top 25 dos livros dos últimos 25 anos. As listas individuais estão só no online. Não resisti a espreitar algumas. Afinal as escolhas não são tão uniformes como eu antevi. Dos 25 mais votados, os outros 39 inquiridos acertaram em 5 dos meus. Pas mal. Suponho que seja mesmo assim, que cada um escolha de acordo com a sua circunstância. A minha incluíu livros infantis, ensaios e autores jovens. Saíu em forma de assim.

17.3.05

De gancho


Por acaso eu não acho que tenha mau feitio. Não percebo porque dizem que sai a mim...

Com fita


É assim que são mudadas todas as fraldas.

Tem troco?

Nunca antes tinho tido necessidade de trocar tanta coisa como depois da Mariana nascer. Mas agora é tudo à pressa, não tenho tempo para pensar muito nisso, vou, olho, experimento ou talvez não, pago, enfio no saco de rede do carrinho dela e sigo para o supermercado. Lá, já nem olho, só enfio no saco de rede (que desafia a elasticidade dos materiais), pago e enfio tudo no carro, incluindo-a. Ora eu não sou nada assim. Eu gosto de pensar nas coisas, imaginá-las (o que às vezes dificulta algumas aquisições que nunca se comparam ao ideal), namorar as lojas, procurar, experimentar, fazer boquinhas ao espelho (não é Pat?), arrastar o passo até à caixa para medir o investimento e pronto, decidir.
Hoje de manhã quase desfiz a paciência das duas para trocar o casaco. Sim, aquele que eu ia deixar sempre para vestir amanhã. Era tudo sem graça, sem tamanho, sem tecido (porque é que as calças desafiam as leis anatómicas do traseiro feminino?), sem preço, sem riscas (e eu que me apetecia umas riscas, eu que nem gosto de riscas), sem espírito nenhum, sem statement nem estética, nem o raio que me devia atingir quando compro casacos de veludo cor de coral.
Tentei a secção das crianças, mas saí rapidamente. Fui aos homens. Consegui algo, que não divulgarei. Juntei uma sweat-shirt verde que adoro e um vestidinho de tecido levemente ajaponesado que provavelmente trocarei noutro dia. Entretanto a piolha adormeceu, dormiu, acordou, eu esfolei as costas num provador e ainda saí de lá com umas cuecas que não posso trocar nem sei se me servem, mas que eram giras e tinham tecido suficiente. Depois segui para a troca dois e percebi que tinha deixado o saco em casa. Na troca três demorámos 2 minutos e agora temos uns ganchos e uma fita, que a piolha já afasta o cabelo da testa com ar enfadado. Claro que gastei mais dinheiro do que inicialmente.
No supermercado arrebanhei um DVD dos Tweenies, que me tinham recomendado, porque embora eu resista o mais possível à televisão a miúda passa os dias em casa e aprecia novos suportes. Massa para tartes, iogurtes, queijo, fiambre, não havia creme do rabinho, amaciador para o chocolate capilar e bolachas integrais, que abuso para comprar a acalmia do gremlin, aprisionado num carrinho enquanto troco coisas nas lojas.
Estou cansada e ainda falta a vacina, o jardim, o banho, o jantar. É muito mais fácil estar a trabalhar, aqui fica o meu abraço solidário para as que o fazem sempre em casa.

16.3.05


Há o pingo no nariz, o rabito assado, a diarreia. Cheira-me a dente. Se calhar não é boa altura para a vacina. Nunca me parece boa altura para as vacinas. Não gosto de a trair com sorrisos enquanto leva as picas, não gosto das febres, rabugices e ben-u-rons. Não gosto que o que cura arda. Especialmente nela.

Vamos, vamos !

De vez em quando, até os economistas têm graça...

15.3.05


De quem são?

Ao peito


Efectuamos estudo mamográfico bilateral visualizando-se seios de pequeno volume com distrofia por fibrose e adenose. Não visualizamos limitantes nodulares, distorções do estroma ou microcalcificações com características de suspeição.
Quer dizer, as maminhas estão boas, mas são pequeninas e distrofiaram-se depois daqueles tempos de leitaria 24h/7d. Tenho tantas saudades destes bancos de jardim.

Cosmopolitan


Ontem fomos ao Frágil. Todos três cá de casa e mais as tricotadeiras de Lisboa. Foi muito fixe, só tive pena de não ficar mais tempo. Aprendi truques e agora só me apetece tricotar (e dormir, mas isso merece outro post). A Mariana, verdadeira cosmogirl, adorou o sítio e dançou, rainha da pista, com os bracinhos no ar e o desequilíbrio chique de quem se sente à vontade. Depois fomos a um restaurante indiano. Adorou o nan e o arroz basmati, rejeitando enfadada a sopinha que eu desisti de lhe oferecer. Adormeceu no carro e acabei por deitá-la meia vestida, aconchegada pelo adocicado de incenso e caril.

14.3.05

Hoje

tricô. E talvez a piolha também se venha embaraçar nas lãs.

Chocolate


O meu cabelo novo é assim, cor de chocolate amargo, que é mais escuro e yummy. A piolha olhou, olhou e estendeu a mãozinha, para mexer na franja esbeiçada. Depois riu, riu, riu muito, o que faz de mim uma mãe que dá vontade de rir. Estou contente.

13.3.05

Veludo coral


Foi comprado por impulso, num dia down, com a promessa de me animar a primavera. Ainda tem a etiqueta, já voltou à loja dentro do saco, para fazer da primavera uma coisa mais discreta, e voltou comigo porque tudo o resto me pareceu demasiado aborrecido. Agora que me visto sempre em menos de três minutos, preciso de cultivar este estilo aparvalhado/chic, entre o trendsetting e a (in)estética desmiolada. Ou pelo menos de me convencer que ainda é possível alimentar esta dúvida.

festas

Vi na Rosa e fiquei cheia de vontade de ir. No próximo fim de semana ainda há o dia do Pai e a festa da Primavera. Viva.

Somos duas miúdas morenas, giras e divertidas. Gostamos de pão com manteiga, jardins, novelos e sapatos redondos à frente. Uma de nós deve ir hoje ao cabeleireiro. Castanho? Amadeixado? Castanho? Amadeixado?

Enquanto não chega o tapete usamos todos o chão móvel da Mariana.

O nosso quintal não tem terra, mas tem relva.


Tu precisas tanto de amor e de sossego
- Eu preciso dum emprego
Se mo arranjares eu dou-te o que é preciso
- Por exemplo o Paraíso
Ando ao Deus-dará, perdido nestas ruas
Vou ser mais sincero, sinto que ando às arrecuas
Preciso de galgar as escadas do sucesso
E por isso é que eu te peço

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego

Se meto os pés para dentro, a partir de agora
Eu meto-os para fora
Se dizia o que penso, eu posso estar atento
E pensar para dentro
Se queres que seja duro, muito bem eu serei duro
Se queres que seja doce, serei doce, ai isso juro
Eu quero é ser o tal
E como o tal reconhecido
Assim, digo-te ao ouvido

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego

Sabendo que as minhas intenções são das mais sérias
Partamos para férias
Mas para ter férias é preciso ter emprego
- Espera aí que eu já lá chego
Agora pensa numa casa com o mar ali ao pé
E nós os dois a brindarmos com rosé
Esqueço-me de tudo com um por-do-sol assim
- Chega aqui ao pé de mim

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego

Se eu mandasse neles, os teus trabalhadores
Seriam uns amores
Greves era só das seis e meia às sete
Em frente ao cacetete
Primeiro de Maio só de quinze em quinze anos
Feriado em Abril só no dia dos enganos
Reivindicações quanto baste mas non tropo
- Anda beber mais um copo

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego

Sérgio Godinho, 1979

Ah, já cá chegaste piolhinha!

12.3.05


Olho outra vez para baixo.

Opposite


Sol e flores pequeninas, em frente à porta. A casa que quisémos comprar e depois era o dinheiro, a hipoteca, a prestação e as obras, muitas, o isolamento e o telhado e as casas de banho e a cozinha e tudo e, de lá, olhámos em frente e vimos, nova, a nossa casa nova.

Estarei viciada...


... na mescla?

11.3.05

À esquerda

Hoje calhou em conversa. Copyleft, License Art Libre, Open source. Muito à frente. Muito interessante. E lá me lembrei daquela vez do artigo para a Visão, que eu escrevi com copyleft e depois eles esqueceram-se de publicar a licença no pé da página.
Já tinha reparado que a Rosa tem a Creative Commons License.

É só da Mariana porque não há tamanho para mim.

Eyes Wide Open

Os meus, lá para as cinco e até lá para as seis. Acordo, tropeço no sono e trago-a a escorregar de mimo e a fincar as pernas na minha cintura. Quase todas as noites nos pede, com um chorinho ou uma tola na madeira. Deito-a no meio, sossega de imediato e só fica a chucha. Tchu-tchu-tchu-tchu-tchu. E eu a olhar o despe(r/n)teio.

10.3.05


Olho para baixo e vejo redondo.

Eyes Wide Shut


Estamos ambas cansadas da guerrilha. O sono de dia é muito difícil. É impressionante a capacidade de luta dela. Cai de trôpega, esfrega o chão, encosta-se a tudo, até já diz ó-ó, mas não se deixa adormecer. Não come de sono, mesmo se tem fome, quer tudo e nada, pede colo e logo escorrega para o chão. Não dorme. Chora, chora, chora. Choro. Descontrola-nos. Arremessa, arremesso. Também tenho fome e não como. Peço. Peço por favor. Chama-me mamã e faz-me festinhas. Mas não dorme. A minha culpa pelas lágrimas. A minha razão desorientada diz-me para manter a firmeza e insistir no (des)canso. Lembro-me dos livros. Mantenho. Está aqui ao lado a dormir mas eu não sinto que tenha ganho nada.