story:tell:her

24.7.07

terra do nunca

Acabei de sair de uma mesa de almoço dominada pela infantilidade e nem de propósito.
Ando tensa, a desejar as férias e a temer as férias. 24 horas de coabitação com o gremlin, readaptação das regras às casas, às pessoas, aos tempos das férias. A tosse que não passa, o dobre das refeições, logo das insistências e malabarismos, os perigos da praia, do campo e mais um queijo.
Passo a vida a ouvir-me e palavra que isso me cansa. Nego dezenas de coisas por dia. Castigo-me por mais uma meia dúzia que admito contrariada.
É como nos jogos de computador, o nível de dificuldade vai subindo. A miuda é esperta e destemida. Mesmo teimosa. Responde-me e eu acho isso justo, mas palavra que às vezes me enfurece. A palavra aqui é fúria. Nesses momentos oscilo entre a pena de mim própria (coitadinha de mim, que me esforço tanto e até parece que não vale a pena), o sentido do ridículo e da desproporção, o riso, o orgulho (tão inteligente que até me respondeu assim) e às vezes mesmo a ausência de outro sentimento que não seja a fúria e vontade de gritar.
É muito mais difícil comigo do que com qualquer outra pessoa, incluindo o pai. Esta é uma injustiça com que não me conformo.
Há meses que não leio conselhos, os livros lá de casa já expiraram aos três anos. O pediatra acha-a óptima. Valem-me as outras mães e os outros filhos.
Ela é o Peter Pan (é sempre o Peter Pan) e eu sou a Wendy. Mas às vezes queria ser a Sininho.