story:tell:her

7.10.05

Piolhite



A culpa pode ser dos dentes, mas tão depressa não me vêem os meus. A miúda fez uma inflamação respiratória considerável. Tem uma faringite ou uma laringite ou lá o que é. Tem pieira que eu aprendi que é uma chiadeira respiratória, assim um barulho com mau ar, com pior ar do que os engasgançso das ranhocas, assim uma falta de ar. Telefonemas da escola (nunca é uma coisa boa, os telefonemas da escola) por causa da pieira (que na altura eu ainda não sabia o que era, mas googlei e descobri em brasileiro), depois por causa da febre. Fomos às urgências do centro de saúde, que em boa verdade são é nossas que as urgências são sempre nossas, nunca são do centro de saúde. O médico era lento, de pés e de cabeça. As sessões de aerossóis* foram um extenuo soprado por um tubo. A primeira foi sempre em pranto, a segunda foi sempre em canto, que não há nada como pais desafinados mas persistentes. Safou-me um CD de putos onde aprendi que tenho uma boneca assim-assim, que veio de Paris para mim-para mim e versões rap das galinhas doidas.
Daqui a bocado lá vou (desen)cantar outra vez o repertório para lhe pulverizar os remédios pelo nariz, que a boca está ocupada com tosses, chuchas e semi-dentes.

*Arejámos o sol pela primeira vez com um mês, mas afinal eram apenas os cornetos do nariz desenvolvidos e a ressonadela passou quando lhe cresceu o nariz até ao tamanho dos cornetos.