story:tell:her

23.10.05

Housewives: as (des)esperadas*

Uma das coisas boas de viver fora, à jovem, era não ter verdadeiramente house onde ser wife. A malta vivia no laboratório, no office, no pub, nas livrarias e nos cafés. A Mrs Feeney fornecia lençóis lavados every two weeks e estava tudo bem. A roupa era lavada nas máquinas da Union e (des)encarquilhava nos radiadores do aquecimento. No Sainsbury havia muita variedade de comida 5/4 de feita (às vezes já parecia mesmo mastigada) e as saladas não precisam de ser cozinhadas. Os luxos vinham sob a forma de folhas de basílico frescas (porque é que cá não há disto?) com tomtes cereja, pre-cooked pecan pies e microwavable chicken korma.
Agora não.
Descobri as virtudes do Minipreço, onde peregrino quase todos os dias e venho carregada de víveres não processados e talões de desconto. Quanto mais roupa se tem mais roupa se suja, apesar da constância de pernas e braços. Já descobri a cebola e o alho congelados, o molho bechamel, os espinafres com queijo e o bacon cortadinho. Comprámos uma mini arca congeladora. Se calhar a solução para o cabelo era mesmo uns rolos...
E apesar desta (des)evolução falta-me sempre o leite do dia ou o iogurte de morango ou o feijão verde ou as cenouras ou a paciência. O chão só estaria limpo se levitássemos e a maior parte dos lençóis são pequenos para a nossa cama, que é mais larga do que o normal, numa antecipação de génio para as noites de ménage a 2+1/5. Agora vou ali aproveitar que ela aterrou no sofá para tirar os pêlos das pernas, ou qualquer dia já não me servem as meias**.

*Eu não vejo a série, mas sei que existe, como a gripe das aves.
**Os pêlos das pernas ainda hão-de ter um post próprio, quando formos mais íntimos.