story:tell:her

17.7.05

Às pintas



Intentámos a praia logo de manhã. Para trás ficou uma casa desfraldada, uma fralda com o cocó de última hora, aquele já à saída da porta, e uma vontade insatisfeita de dormir. Eu estava ansiosa porque me tinha enganado a ver as horas. Na rua acalmei o desengano de levar uma criança pequena para a praia já tarde. Ainda não eram nove. Fomos de carrinho para a praia da frente. O carrinho é o passo limitante da cinética da praia, mas o carro seria cretino, não?
Fomos para a beirinha, metade de nós carregada em peso, mais as coisas (as coujas) pela outra metade, pelo areal que ela tinha recusado. Acampámos, metade de nós encheu dezenas de baldes de água que a outra metade entornou. Por si. E tinha tanta areia colada que parecia biónica.
E estava tão gira com o péu verde e os pézinhos enterrados na maré.
De repente, uma onda de desvontade subiu-lhe pelo encharcado e quis ir para a "rua". Sair. Ir embora, em choraminguice. Cheia de areia, uma miss t-shirt molhada de barriga saliente. Vesti-me, despi-a, semivesti-a, arrisquei xixis pelas pernas abaixo. Joguei uma lógica de barqueiro para trazer aquilo tudo (molhado) de volta para o passeio: eu+coujas, ela a desandar atrás; deixar coujas na posição 1, apanhar criança ao colo e levá-la para posição 2, em cima de toalha; voltar a 1 e trazer coujas; voltar a 2 e resgatar criança+toalha.
Mais uma hora de parque, tropeções, tolas (futura negra na bochecha), pasta de bolacha no escorrega, escorregadelas fantásticas (é uma selvagem, go kido!), quasicontacto directo com os peixes do lago, areia misturado com sujo. Criança suja, com nódoa na bochecha.
Mãe despenteada.
Mãe cansada à brava e ainda não era meio dia.
Mãe que acabou de pentear-lhe o sono com os dedos e escreve aqui isto porque não levou a kodak*.

*a foto não é de hoje, mas a(s) pinta(s) é toda nossa.