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17.3.05

Tem troco?

Nunca antes tinho tido necessidade de trocar tanta coisa como depois da Mariana nascer. Mas agora é tudo à pressa, não tenho tempo para pensar muito nisso, vou, olho, experimento ou talvez não, pago, enfio no saco de rede do carrinho dela e sigo para o supermercado. Lá, já nem olho, só enfio no saco de rede (que desafia a elasticidade dos materiais), pago e enfio tudo no carro, incluindo-a. Ora eu não sou nada assim. Eu gosto de pensar nas coisas, imaginá-las (o que às vezes dificulta algumas aquisições que nunca se comparam ao ideal), namorar as lojas, procurar, experimentar, fazer boquinhas ao espelho (não é Pat?), arrastar o passo até à caixa para medir o investimento e pronto, decidir.
Hoje de manhã quase desfiz a paciência das duas para trocar o casaco. Sim, aquele que eu ia deixar sempre para vestir amanhã. Era tudo sem graça, sem tamanho, sem tecido (porque é que as calças desafiam as leis anatómicas do traseiro feminino?), sem preço, sem riscas (e eu que me apetecia umas riscas, eu que nem gosto de riscas), sem espírito nenhum, sem statement nem estética, nem o raio que me devia atingir quando compro casacos de veludo cor de coral.
Tentei a secção das crianças, mas saí rapidamente. Fui aos homens. Consegui algo, que não divulgarei. Juntei uma sweat-shirt verde que adoro e um vestidinho de tecido levemente ajaponesado que provavelmente trocarei noutro dia. Entretanto a piolha adormeceu, dormiu, acordou, eu esfolei as costas num provador e ainda saí de lá com umas cuecas que não posso trocar nem sei se me servem, mas que eram giras e tinham tecido suficiente. Depois segui para a troca dois e percebi que tinha deixado o saco em casa. Na troca três demorámos 2 minutos e agora temos uns ganchos e uma fita, que a piolha já afasta o cabelo da testa com ar enfadado. Claro que gastei mais dinheiro do que inicialmente.
No supermercado arrebanhei um DVD dos Tweenies, que me tinham recomendado, porque embora eu resista o mais possível à televisão a miúda passa os dias em casa e aprecia novos suportes. Massa para tartes, iogurtes, queijo, fiambre, não havia creme do rabinho, amaciador para o chocolate capilar e bolachas integrais, que abuso para comprar a acalmia do gremlin, aprisionado num carrinho enquanto troco coisas nas lojas.
Estou cansada e ainda falta a vacina, o jardim, o banho, o jantar. É muito mais fácil estar a trabalhar, aqui fica o meu abraço solidário para as que o fazem sempre em casa.