story:tell:her

21.4.06

Spill(it)over

Ontem, fui, hormonalmente descompensada e suficientemente auto-comiserada, leiloar dificuldades e acordar pendentes institucionalmente mastodônticos. Semi-sucedi e segui para um seminário na minha ex-escola, que prometia spillovers de conhecimento no sistema de inovação português. Nem mais. Não percebi a econometria, mas acho sempre um charme discutir deflatores e taxas de depreciação.
Mas verdadeiramente revelador foi a conversa de corredor. Um colega, pai de dois, queixou-se de tal modo que parecia eu. Parecia mesmo eu, no meu pior. Que a malta vai ao engano, que ninguém avisa que isto é assim. Desesperado, chegou a matriciar uma análise custo-benefício. Mal. Outro colega, pai de três, mais velho, explicou-nos que os miúdos são centros de custos puros e que o retorno é a longo prazo.
Eu volto para casa, tarde, plena de jargão e consolada de queixas alheias, depois do banho, da escova e do pijama, e encontro a beatitude de uma paz familiar alegre e carinhosa. Parecia uma fábula. A minha miúda esteve deslumbrante, carinhosa, em todos os aspectos adorável. Será que achou que eu (me) tinha pirado? Não sei, mas apeteceu-me lambê-la ou mesmo engoli-a, para depois acariciar a barriga e ronronar.