story:tell:her

28.3.13

f:és

Ocorreu-me que o amor a um deus desatento pode ser como o de um amante desiludido.
Uma pessoa ama outra. A outra não cumpre. Isto não desvaloriza o amor da primeira, a qual poderá sempre elevar-se no consolo da sua verdade. Tal como o crente não atendido na sua fé.
Pior, o outro revela-se uma alforreca ou o deus um opressor.
O amor, essa dádiva extraordinária para quem o sente, escapará incólume? Tal como a beata que se mancha continuamente de parafina, poderá o amante reincidir naquele sorriso autista (beato, cá está) mesmo que magoado (já a parafina, queima pouco)?
Na verdade, o que temos para dar não se mede pelo que disso é recebido. Isso seria tremendamente injusto para o dador. Afinal, a compatibilidade de medulas, sabe-se, é muito baixa.