story:tell:her

26.3.13

164

Não conseguia tirar os olhos do rapaz.
Incomodava-me a canícula na veia, embora me tivessem garantido que já não estava lá a agulha. Se ao menos eu pudesse continuar no cadeirão.
Primeiro foi a surpresa, depois dei por mim a sorrir, estranhamente acompanhada. A memória a escorrer e a desprender-me os músculos. Isso e o anti-inflamatório.
Estava lá a acompanhar um pé partido. Tinha um livro de fotografia, mas estava obviamente indisponível para imagéticas. Mexia-se pouco. Eu também me mexia pouco, apesar de já saber que não havia agulha nenhuma.
Vá que já lá não estava o 166, uma pulseira amarela sibilante. Toda a sala se suspendia em cada inspiração. O rapaz já não se cruzou com o darth vader da infante santo.
O pé partido entretanto tinha-se levantado da cadeira de rodas para fumar um cigarro lá fora. Um lázaro da passa.
Era toda a metade superior da cabeça. O cabelo, a testa, o olhar. Mais baixo.
Encontrar as nossas pessoas assim, no fenótipo de estranhos, é muito perturbador.