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3.5.06

Malaise de vivre

Ironicamente, redescobri a expressão este fim-de-semana, por causa do Freud e tal. Que estava em todos os jornais e afins. Este fim-de-semana li mais jornais do que no resto do ano e tive-a a martelar na cabeça, à malaise. Assim do lado de fora da cabeça, que eu não sou ingrata e este fim-de-semana foi óptimo.
Malaise é uma palavra linda. Só é pena ser uma coisa má, mas isto acontece-me frequentemente com o francês. As palavras são lindas, mas têm mau fundo, como malheureusement, a mais falsa de todas.
Se calhar aquilo que eu, e a esmagadora maioria das minhas amigas, temos é uma forma de malaise de vivre, uma nostalgia trintona de nós próprias e das nossas expectativas.
Contaram-me duma mãe que teve que fazer uma cura de sono, porque o filho não dormiu até aos 3 anos. Todos me prometem agruras incomparáveis a ranhos, tosses, galos ou varicelas. Ainda ontem a Juíza Amy se estrapalhantou com a filha adolescente na Sic Mulher. Parece que com os adolescentes é que é a doer. Eu, que já me zango porque ela não me deixa vesti-la sem pinotes, tenho que repensar a minha escala de gravidade e gritaria. Ela foge-me, encaracola-se, mede-me, repete uns nãos trocistas, amolece os membros e ensaia um choramingo. Eu enfio, puxo, afino manobras de placagem e, invariavelmente, grito. Uma doida, uma mamã muito doida, se isto lá tem alguma importância.
Mas oiço as miúdas todas atrapalhadas e a culpa é da malaise.