story:tell:her

12.1.06

A menina da rádio

Durante anos foi motivo de brincadeira. Cheguei a recortar anúncios para dobragens de filmes infantis. O esquilo. A vida na floresta mágica. Ainda consigo fazer as gargalhadas, nem sempre de propósito.
Com o tempo aprendi a falar, a colocar-me, a recursar-me de tons institucionais, afáveis, sérios, divertidos. A dar apertos de mão e terminar com trivialidades. Mas serei eu uma menina para a rádio? De vez em quando penso nisso, pensam-me nisso, rimo-nos disso. Falo depressa, ainda não aprendi a reduzir, a embraiar uma de força e não de velocidade. Vou treinando tons com ela, para quem faço tantos papéis. Good cop, bad cop, funny cop, mad cop, de vez em quando fora-da-lei.