story:tell:her

12.1.06

Inquieta

T(r)emo ter-me enganado no número delas. Precavi-me e não pisei as pedras do caminho, mas amarrotei o humor. Que infantil. Pendo tarefas e tarefinhas, inconveniências. Preciso de um caderno que esqueci em nenhures, ali para os lados da Politécnica. Tenho que aprender a letra do Rei e da barriguinha, ela gosta tanto. Ela é uma querida, anda uma querida. Só é pena os gritinhos, deve ser uma fase. A boneca da mãe, a minha boneca. Fazemos desenhos a meias. Ela pinta o cabelo. Mais ou menos no sítio certo ou uma estética alternativa. Preciso de cortar o cabelo. E provavelmente de as trocar. Bugger. Vou trazer um creme das mãos para o gabinete. Quase nunca ponho creme nas mãos, mas devia. Passo a vida de molho na vidinha, resseco-me. Belisco-me para avaliar a elasticidade. Hum, já passei os 30 e vou ter um creme para as mãos na gaveta. Lembra-me o laboratório, o pó das luvas. Quando eu vivia de luvas. Há anos que não visto a bata.

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

abridged