story:tell:her

4.1.06

DR 1/2006, de 3 de Janeiro

Ontem fui ao Parlamento. Com os meus sapatinhos excrescidos pisei alcatifas e quasei encerei o chão de quatro. Cera e lustro. Perdi passos e entrei na câmara. Não digam que vos trouxe cá. É mais pequena do que imaginei. É sempre mais pequeno do que imaginamos, mais humano, mais dimensionado. Quando os vemos de cima parecem mais longe. Mas não. É como um anfiteatro de escola.
Por acaso, alcatifei uma entrevista no Parliament no dia em que votaram o Iraque. I'm afraid I can't show you the green room today. Mas vi a vermelha. Tão pequena. As alcatifas delimitam arenas, pedigrees. You see, they should not step on the red carpet. Cera e lustro. Tomei chá numa sala apainelada. E eles a escolher o Iraque. Tudo o resto muito calmo, eu a sorver o chá e pimba, verde p'o Iraque.
Foram afáveis. Admirei-me com o desassombro do Presidente. Gosto em vê-la. Está bem que eu tinha uns ganchos novos, brancos, de click-clack, mas não lhe percebi o gosto. Não me conhece. Nunca me viu. Gostou-me, pronto. Uma de nós tinha sido professora dele, sempre lhe justificava o gosto, mas eu? Deve ser do pó das alcatifas, dos voláteis da cera. Mas lá que lhe gramei o discurso, gramei.
Not even the government are gonna stop you now
But are you ready to be heartbroken?