story:tell:her

14.3.08

black fairy

Ontem comprei um vestido com a minha amiga. Adoro-o e a minha amiga disse-me que eu parecia uma fada. O que não vale ter uma amiga destas.
Acontece que o vestido é, de facto, um bocadinho mágico. Apesar de a menina lhe ter lamentado a cor, o trapinho tem-me atapetado o dia desde cedo.

- Ò mamã, mas é de cor preta...
- E qual era a cor bonita?
- Corderosa!

Na estação, corro para um rápido e preparo-me para os solavancos da marginal em pé. Ali por volta de Caxias, o rapaz do casaco de carneira-que-não-era-carneira levanta o olhar espelhado e, enquanto se levanta precipitadamente, comanda-me numa voz de noitadas e brusquidão que me sente. Não, obrigada, não é preciso. Atrapalho-me com tanta solicitude e pondero se me imaginará grávida - o vestido é amplo, sem cintura - mas o sorriso dele é tão generoso, quase embevecido. Despeço-me no final, radiosa de descanso.
Na escola então, perdi a conta aos cumprimentos. Que coisa. Pena não ter encontrado o meu chefe.