story:tell:her

17.11.07

No meu trabalho há um quadro preto no bar. Uma ardósia grande, frequentemente rabiscada. No meu gabinete há um quadro preto. Uso-o para recados. Tenho que pedir a alguém que vá lá rabiscar qualquer coisa charmosa. Porque um quadro preto tem um charme distinto, legítimo.
Temos cá em casa uma powerbox e ele há muitas séries. Assim como os advogados se devem rir com as barras do tribunal de cenário e os médicos com as múltiplas urgências e diagnósticos, eu sorrio-me várias vezes com batas forenses e agora também com os núm3ros.
O rapaz não está nada mal, não senhor. Poderia encontrá-lo a comer croissants ao pé do meu quadro preto. Tem aquele arzinho desvalido dos investigadores, mas não chega a ser socialmente desajustado.

A grande concessão ficcional que ali vejo é o tempo e o excesso de entusiasmo. Ninguém pensa, pipeta ou o que for no espaço de um episódio. A vida real é cheia de fracassos e repetições.

Este post estava em draft há semanas.
Reconheço-me queixosa, quezilenta e com mau feitio, como nou tras estações.
Mas isso vai acabar.
Upa.