story:tell:her

9.5.07

Há qualquer coisa de literalmente memorável nas letras que decoramos na adolescência. Deve ser uma mistura de cérebro limpo (pré-universidade e pré-maternidade) e tempo investido que faz com que ainda hoje cante de cor o que já não ouço há anos. Aposto que nunca mais vai acontecer.
No fim de semana, muitas mães e muitos filhos pequenos comeram bolo de morango decorado com smarties nos parabéns da amiga. Sobre aquilo de uma pessoa ficar atrofiada depois dos miúdos, eu tentava confortar(me) (n)uma recém-chegada dizendo que, eventualmente, melhorava bastante. Chamaram-me à realidade as mães múltiplas, apontando-me a singularidade da prole e as consequências da iteração do processo. Todas estas mães acumulam vários graus académicos conseguidos em vidas anteriores e unanimemente reconhecidos como quasinutéis. Sabem dizer coisas difíceis como farmacogenómica. Estas mães agora lêem revistas, que é mais rápido. Eu, à minha conta, consigo proezas nunca imaginadas, como perder o bilhete de identidade (ninguém perde, sem história, o bilhete de identidade), obliterar da memória acções praticadas e devidamente registadas, como mudar a morada no bilhete de identidade, chegando inclusivé a comprar novos impressos e sorrir debilmente para a funcionária perante um monitor acusador. E agora por acaso não me lembro se tinha outro talão para levantar o passaporte ou nem por isso...
Mas a prova final da degenerescência é que a gente não segue um CSI. A queixa inicial nem foi minha, mas podia ser. Eu pergunto coisas a meio. Eu, irritantemente, pergunto, vocalizo, confundo as coisas. Eu não era assim. Ele não se casou comigo assim. Hoje dá a 24 e o melhor era eu dormir uma sestinha.