story:tell:her

22.11.06

Arrivals

Hoje fui à minha escola velha ouvir o meu chefe novo falar coisas novas sobre assuntos velhos, podemos mesmo dizer mortos, embora não menos vivos por isso.
Percebi que eu já fui mais à frente do que sou hoje, que a memória é algo que se aprecia melhor quando já se tem alguma. Eu escolhia sempre o futuro: a ciência que o inventa, o jornalismo que o procura, a novidade, a trend. Hoje valorizo o presente, entusiasma-me a gestão (?!), a mudança contemporânea. Qualquer dia ainda gosto de antas e cromeleques.
Discordo da expressão "X não era do seu tempo". Para além da óbvia impossibilidade física, aborrece-me a injustiça. É exactamente por estas pessoas serem e viverem plenamente o seu tempo que esse tempo evoluiu para outro. Que o mundo gira e avança e isso, que eu também aprendi as frases do senhor.
Depois há a nostalgia. Aquele nevoeiro emocional que nos aporta ao saudosismo, ao "no meu tempo", em que provavelmente nada era consideravelmente melhor ou pior, mas em que o tempo era nosso, porque parece que o tempo é sempre dos jovens, que o agarram com mais força. Nestas plateias geriátricas, cheias de memórias e tempos que não são meus, percebo claramente que o meu tempo é agora. Uma coisa extraordinária no meu chefe é que dá-me sempre vontade de ir a correr trabalhar.

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Esta URL hoje esteve por uma tecla. Mas como senti o encosto suave da memória vou dar mais uns bytes ao seu futuro. Isso, recebi uma generosa oferta de template (que ainda não é este, estou só a experimentar) e lembrei-me que posso retirar os comentários.