story:tell:her

28.11.06

And a bang on the ear

Bem a jeito para a efeméride, ontem bati com a cabeça na parede. Em frente de todos, com a cataplana ao lume, acertei com força, com muita força, numa ombreira. Ouvi o estrondo a ecoar-me por dentro, fechei os olhos e anunciei-lhes a preocupação com o lume. A seguir, encostei o frappé à pancada e continuei.
Ainda estou tonta. Três anos de rodopio e uma ombreira concorrem para me vacilar. Ela estava feliz, mimada, eufórica com a casinha e a atenção. Recusou o vestido de fada e fui eu que usei o colar. Não faz mal, o bolo da escola tinha smarties e eu em casa consegui salvar o edifício de cenoura do Jamie com o maravilhoso topping de mascarpone e lima. Eu é que sou uma fada e bem que usei o meu uniforme. Isso e os músculos da mão direita.
Não sei bem porque o faço. Porque insisto numa ementa própria, absorvente, que me serve já turva aos da casa. Ela certamente não me saboreia melhor do que a uma caixa de miniaturas e nem sempre posso vestir a Cinderela entre dois palitos no forno, mas de algum modo lhe ofereço o que tenho. Espio-me de ralhos e sobrolhos numa mamã de avental, num bolo torto, recuperado com uma espátula e a vontade de ser capaz. Enformo-me em biscoitos de chocolate, dou-me temperada de sal e mel, tostada de amor. É por isso que o faço, para me oferecer num altar com base de cortiça.