story:tell:her

11.6.06

Sugar white

Quando ela falou no Chefe Silva, sorri-me toda por dentro.
Quando sai da casa dos meus pais levei alguns dos volumes encadernados da teleculinária. Durante os primeiros meses/anos desfolhei gostos e aprendi a proporcionar ingredientes. Aos maravilhosos combinados do rectângulo nos anos 80, juntei umas libras de modernice. Cheguei a recortar dezenas de cantos de revista. Agora confesso que raramente receito. Concordo com o Jamie* no rigor de escala que requerem alguns bolos, mas eu também não gosto de fazer bolos. Mexo bem os doces, mas não gosto de depender de leveduras e cozo sempre demais.
Lembro-me dos assados com castanhas, dos volumes especiais da Páscoa, dos pastéis de nata e das bolas de berlim e, claro, do bolo de noiva. Cheio de desenhos de açúcar num fondant branco, muito branco. Muitos anos depois explicaram-me que havia truques nas fotografias, coisas imundas de publicitário, como o creme de barbear/chantilly. Não acredito.
O meu bolo de noiva não tinha andares. Era um círculo térreo de massapão, rodeado por uma coroa de folhas de hera, mas o meu vestido era branco como o fondant. Descontando as primas nubentes de outras décadas, ninguém mais escolheu o branco. Arrozei uma paleta impressionável de bejes, mas nenhum branco. O tule branco é tão mais bonito. Aposto que o Chefe Silva concordaria comigo.

*Há bocado embeicei-me outra vez. Até me apeteceu fazer bolo de banana, eu que não gosto de coisas de banana. Bolo de banana é tão, tão brit. Com icing, claro.