story:tell:her

8.4.06

Upa



Abriu a época. Ontem o meu marido regou os tapetes de relva artifical no quintal e hoje eu empoleirei-me numas sandálias. A criança está a portar-se bem e vai deixar as fraldas. Fomos almoçar ao indiano ali de trás e o choro não foi nosso. A minha Mariana era "a menina que se está a portar bem, vês?", dentro do estilo, claro, com gargalhadas desbragadas e cantorias e empurrarres de carrinho por entre as mesas. Ah! A minha filha foi a que se portou bem! Isto é inaudito e merece ser guardado. Nós até gostamos do indiano ali de trás porque nunca tem ninguém. Como também diz um amigo, desde há dois anos que saio sempre dos restaurantes a pedir desculpa. A minha coroa de glória foi um jantar no Bairro Alto com um casal gay canadiano, acabado de conhecer, que me convidou para jantar sem saber que eu era uma mãe de família. Enganei-os bem. Mas hoje não. Hoje saimos em glória. Pena não ter levado as sandálias.

Eu precisava era de uns ténis, mas comprei umas sandálias. Altas. Lindas. Não me resisti no espelho. Obriga-me a andar direita e talvez deixe de olhar tanto para baixo. Claro que já pensei que vou levar umas sapatilhas para empurrar o carrinho até à escola. Depois deixo-as no saco de rede do carrinho e subo-me para a cidade. Já está tudo pensado. Para uma completa ascensão estival só me faltam uns vestidinhos.

Não sei nada de xixis e cocós. Tenho que ler a teoria. Isso e comprar-lhe cuecas. Não tem cuecas, a minha patanisca. Parece que a escola quer cinco mudas de roupa. Na segunda-feira depois da Páscoa já não pode levar fralda. Imagino os ovos de chocolate.