story:tell:her

4.3.06

Fight club



Elas(Mariana, * *, e mais por aí) tocam nos pontos e nós tocamos em fuga. Das tontices, das choradeiras, da fúria. Eu sou uma mulher crescida, esclarecida, capaz de cozinhar almoços para 15 pessoas mais putos, e enfureço-me com uma piolha de dois anos e uns bocadinhos, uma criatura que carrega os meus genes, que cresceu dentro de mim, que viveu de mim e por quem eu me daria, que vive comigo e com o meu marido, de quem também descarrega os genes. Esta pessoazinha é capaz de me tirar o melhor e o pior, de me transfigurar numa Hyde medonha, chata, cansativa, uma criatura hedionda que obriga a lavar os dentes, a apanhar brinquedos, a calçar sapatos, a comer sopa e a adquirir códigos de convivência social.
Estamos em guerrilha, travada quotidianamente, esquina a esquina. Ela é uma sniper da lágrima, uma mina de incoerências. As nossas manhãs são bipolares de abraços, mimos e puxões, contrariedades e convulsos patéticos. Esforço-me por não gritar. Sibilo. Chispo. Engulo. Como bombons e, ò doce vitória, não os partilho. A minha filha faz birras, mas ainda não aprendeu a dizer chocolate.