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20.5.05

Jornadas

Segunda feira começo a mestrar e hoje voltei ao Cenjor para ir buscar um livro. Há muito tempo que não subia o Lavra depois de passar pelas Portas de St Antão. Sempre gostei do caminho. O cheiro das bifanas e os ovos cozidos sobre o sal, a lojinha dos pins militares, os teatros, a lingerie de vidraça, o Ateneu, as pedras tortas do chão. Subimos e metemos pela rua estreita, quase beco, o jardim do Torel. Quando eu queria ser jornalista ainda não havia Mariana, só muito laboratório e uma tese para acabar. A pipeta cansava-me e eu queria mudar de vida. Passou o verão no jornal. Viver um diário é muito cansativo, mas também muito excitante. Concretizei aquela vontade de dizer "parem as máquinas", que é como quem diz agarrem o fotólito antes de seguir para a gráfica. Fiz uma primeira página na semana em que cheguei, era sobre uma tempestade solar. Aprendi a usar o telefone e percebi que não, não se pode tirar aquele canto à fotografia, corta-se no texto. Continuei a escrever, em folhas mais pequenas e brilhantes. Mas gosto mesmo é da tinta nos dedos, mesmo que menos frequente.