story:tell:her

16.3.07

Li no jornal que o Starbucks perdeu a alma e parece que já nem cheira a café.
Hum.
Para mim o Starbucks lembra-me Brighton e consolo. Era de um quentinho macio, com sofás de veludo castanhos e lilás, onde eu afundava os arrepios que trazia do Inverno e da quase-solidão. A mug de capuccino nunca me desiludiu e aprendi a gostar de muffins de morango e chocolate branco. Nas visitas a Londres era também a garantia de um chichi seguro.
Tão bem me sabia aquilo que nem conseguia embirrar com o look corporate. Nunca fui em combinações esquizofrénicas de chocolates, mokas e afins, mas havia sempre canela para temperar a espuma.
Claro que o melhor de todos os cafés era o Metropole, no cimo da Minto Road, nos tempos das terras altas. Era não fumador, tinha jornais, jogos, fatias de bolo e hot drinks servidas em chávenas coloridas e desirmanadas. Ficava à beira de casa e era a nossa versão do sair à noite. Era tão caro para as nossas bolsas de escudos que muitas vezes trocávamos tudo pelo nescafé e os jam donuts do supermercado.
Apercebo-me que isto já foi há dez anos e, estupefacta, abandono aqui a memória dos factos.