Faço imensas listas. Listas de coisas para fazer, onde gosto de riscar as feitas. Quando trabalhava no laboratório adorava escrever no vidro da bancada. Gosto de esquemas e fluxogramas. Na faculdade quase nunca tirava apontamentos em forma de frase. Gosto de listas de ideias.
Mas não gosto das outras listas. As listas dos livros, dos filmes ou das músicas preferidas. Não gosto de tops. Gosto de listas sem hierarquia. As outras não fazem sentido para mim. A qualidade das coisas depende do momento e está em permanente (des)construção.
O JL vai fazer 25 anos e pediu aos colaboradores que escolhessem 25 livros portugueses dos últimos 25 anos. A minha lista não tem ponta. Devo ter escolhido tudo mal. Eu não sou uma literata, é certo, mas odiei este exercício. Assim como não gosto que me perguntem qual é o meu filme favorito, ou a música ou sei lá. É que eu mudo muito de opinião. Durante anos a minha cor preferida foi o azul e agora é o verde (mas para este verão escolhi o coral!). Não gostava de marisco e agora tenho que controlar o colesterol no verão, Gostava mais de vinho branco do que vinho tinto. Às vezes bebia Coca-cola, brgh. Continuo a gostar de T-shirts brancas e sapatos redondos. Não gosto de Delfins, mas já ouvi. Não gosto de guitarradas tipo Pink Floyd. Gosto de Smiths, mas já não se usa. E de Loyd Cole. Não gosto de demorar para sair de casa e agora é uma epopeia. Gosto de cozinhar e de comer. Gosto de festas nas costas, não gosto que me apertem e não consigo dormir agarrada a nada nem ninguém. Já tive o cabelo castanho, vermelho, cor de laranja e amarelo. Curto, médio e comprido. Agora está só desarranjado. Gosto da praia e de biquinis, não de fatos de banho. Adoro chinelas, não gosto de meias de "senhora".
Acho as listas uma parolice. No JL vão-me achar a mim uma parola. A minha lista tinha livros infantis e ensaios. E crónicas. É que gosto mesmo de crónicas. E a única coisa que estará para sempre no meu top é a Mariana, mesmo que dizê-lo pareça uma parolice.
