story:tell:her

10.11.08

5.11.08

bom dia América

60,964,092 votos e um slogan (@15:35) gamado ao Bob, the builder.

30.10.08

A imagem - construída com colónias de bactérias geneticamente modificadas com a proteína_nobel_2008 - muda durante todo o tempo da exposição.

27.10.08

backcast

Esta disposição está a encanitar-me o calor.

forecast

Este calor está a encanitar-me a disposição.

26.10.08

da biologia

As planárias têm um cérebro circular subepidérmico, ganglionar. Estão cobertas de cílios sensoriais; os músculos apenas lhes permitem torcer ou virar o corpo. Todos os órgãos vitais são simples. Não têm olhos, mas percebem a luz por ocelos. Todas as espécies são hermafroditas, mas também se podem bipartir assexuadamente. A maioria é carnívora ou necrófaga.

Ocorre-me que a evolução, afinal, não é uma coisa assim tão extraordinária.

22.10.08


Noone listens to this anyway [...] This is about when we were younger. Todos nós.

Ou talvez não.


Qualquer dia os 80's são só vintage, sem qualquer embaraço.
Pois que ainda estou para perceber como isto me acontece. Por exemplo, de como é que acerto nas mesas. Hoje, por acaso, leio uma frase e lembro-me do Ken.
O Ken é um gajo fantástico (desculpa Pat, ainda não me actualizei nos adjectivos). Tinha uma alcatifa verde-água e um Mac branco daqueles da bola. Confesso que aquele pelinho esmeráldico me constrangiu um bocadinho o andar (o inverno inglês não perdoa pegadas), mas tinha nível.
Íamos almoçar a um italiano ao lado da church. Bebíamos sempre vinho e espalhávamos muitas horas pelas histórias e pelo mundo (havia uma filha andarilha). Aprendi que (não) me fartei. Afinal, foi ele que inventou os 3%. O Ken é um wise guy e não tinha pejo de o assinar.

dos impérios

Construídos de chocolate. Apetece-me comer um império de chocolate.

20.10.08

wind (3)

and the wind did howl and the wind did blow

bad girls (5)

O que me estranha não é a cobraça. E não me pasma a competência da cascata na perna da Santanico (afinal, a rapariga fez-se). Engulo a inveja pela copa e mesmo a razão busto/cintura. Passo por cima da tenrice da Lewis. Agora o George com o cabelo escuro, what a fucking show.

loch, a única palavra que digo com sotaque

Bem cafôna, né? Cafoninha. I love it.

19.10.08

18.10.08

17.10.08

red

dos prémios coruscantes

Há, entre nós, alguns especiais. São seres de luz; por vezes forte como no meio da manhã; fusca como no final da tarde; promissora como a madrugada. Quando nos observam, fazem uma leitura de relâmpago cifrado. Nem sempre os vemos. Habitam as desoras, velam-nos os interlúdios. Como por magia, salvam o minuto de ouro no relógio. O segredo é saber aceitá-los, se algum dia os conseguirmos reconhecer. Mesmo depois de se arquivar toda a ciência, não há equação que os preveja. Simplesmente, acontecem-nos.

16.10.08

E agora, para variar, a crise financeira. Ou não.
O piercing vai bem, obrigada. E eu gramava mesmo isto.
Criança sem cáries. Criança com sorriso apertadinho. A fada dos dentes vai ter um trabalhão.
Ontem, depois deles, escavei a estante e o google à procura do parágrafo mágico. Nem floresta nem montanha. O tempo e o espaço são, afinal, termos de busca difícil.

15.10.08

Fronteirinhas



Um salão de Outono com mesas café-concerto; os quadros sentados, de pé ou encostados; os tri(n)tões; as jovens promessas de 55 anos; as barbas tenras de quem tem 20 anos e ainda demasiados clichés. I thought that I heard you laughing.

14.10.08

perguntas (2)

Ò mamã, o que é que acontecia se a Terra não girasse?

declinações

O tempo e o timing são duas coisas completamente diferentes.
My mother loved it so she said
Sad eyed pearl and drop lips
Glancing pierce through the writer man
Spoke hushed and frailing hips
Her old eyes skim in creasing lids
A tear falls as she describes
Approaching death with a yearning heart
With pride and no despise

Hot tears flow as she recounts
Her favourite worded token
Forgive me please for hurting so
Don't go away heartbroken no

Just wise owl tones no velvet lies
Crush her velvet call
Oh Marlene suffer all the fools
Who write you on the wall
And hold your tongue about your life
Or dead hands will change the plot
Will make your loving sound like snakes
Like you were never hot

13.10.08

nurture

> O mamã, não era tão bom uma escola sem regras?

nature

Sábado à tarde, no hipermercado da terra. Passeio um cesto com rodas (que parece um trolley de cabine; sou igualmente desajeitada com este) com as coisas da lasanha (nunca vou às compras assim, com fito, mas a minha boleia tinha levado a criança ao horto sem promessa de voltar).

> Olá L., olá A., olá M. (mãe com dois filhos).
> Olá... (e conta-me que o puto, colega da pisca larisca, tinha partido os segundos óculos desde Junho; e mais o sábado ali; e mais que ele tem tanta energia; e mais - o puto é mesmo levado e eu sou muito caridosa com mães exaustas - ...)
> Tu és a mãe da M., tu és a mãe da M., tu és a mãe da M. E como é que eu sei? Porque tu és muita parecida com ela!

...

> Toda a gente diz que tu és parecida comigo.
> Mas tu és muito mais linda.
> Ò mamã, tu também és gira... (assim condescendente).

...

Quinta-feira vamos ao dentista. Raios me partam os genes.

to have and have not (3)

Was you ever bit by a dead bee?
Was you?
Yeah. You know, you gotta be careful of dead bees. They can sting ya just as bad as live ones, especially if they was kinda mad when they got killed.
I feel like I was talkin' to myself.
I bet I've been bit a hundred times that way.
Why don't ya bite 'em back?
I would, only I haven't got a stinger.

Eddie é um rummy e as abelhas esvoaçam-lhe do hálito para avaliar cada nova personagem; uma espécie de teste de carácter embebido no guião.

Terá porventura os seus perigos, esta análise pronta. Faço-o mil vezes. Um sistema binário de rights e wrongs. Em havendo tempo, estou em crer que as iterações corrigem os erros mais grosseiros.

12.10.08

to have and have not (2)

É um Hemingway, com rasuras de Faulkner. Um pós-Casablanca. Há um bar e um piano.

I'd rather you wouldn't call me Slim. I'm a little too skinny to take it kindly.

bad girls (4)

to have and have not (1)

No cotovelo da confeitaria, um rolinho de fita vermelha e branca laça o papel de seda.

Lúcia Maria Rita, Nacional (Setembro de 2008)

bad girls (3)

Sofia Coppola filma Kate Moss para White Stripes

perguntas (1) - ou uma série que promete

Para que serve o medo?

11.10.08

Este estabelecimento recebeu uma reclamação. Sendo que foi em sede de audiência prévia (10 dias úteis, exclusivé o da notificação; artº 100 CPA) releva para a decisão final.
Faz-se por este meio saber que Cansei de ser sexy não se equipara a Peaches na categoria badness.
Lauren would definitely abide by this.

10.10.08

worldclass (cont.)

O meu computador foi infectado por spyware (já isto é um charme).
O informático justifica-o por eu ser uma power user.

Auxiliares de crescimento (after R.)

Ocorre-me que a miúda nunca viu os Marretas.

não sou ateniense nem grego

Nem romano. LXXXI
Toda a gente lê logo 81, menos eu que acho que é Lisboa 21.
Mas muito bom foi ver a inteligentzia a fazer uma boquinha francesa para conseguir sorver os cocktails coloridos dos tubos de ensaio, fininhos, fininhos.

fashion victim

Hoje de manhã fiz um corte na cabeça do dedo anelar da mão direita. Depois de um duche psico-like, procurei um penso e escolhi o azul, com um cavalinho castanho. Para além de eu não usar vermelho, achei que aquele ficava bem com o forro da minha mala de mão.
Há demasiado tempo que não compro uma Vogue.

9.10.08

liability

Imagino se haverá precedente jurídico. Se alguma vez terão sido preenchidos formulários, pagos os emolumentos e carimbados os originais. Se os causídicos se terão reunido e lavrado as actas.
Tenho poucas coisas sentidas como minhas; breves posses inalienáveis. Uma vida que corre fora de mim, umas memórias, uns afectos; e depois há as minhas palavras.

7.10.08

bad girls (2)

bad girls (1)

parenting

pausing

as your last breath begins
you find your demon's your best friend
and we all get it in
the end

peanuts

A miúda tem bigode. Bigode e um bocadinho de pera. Obrigou a avó a esconder os rolos de papel higiénico. Está viciada em assoar um ranho imaginário. Armo-me de creme gordo e vigio uma fralda arrastada lentamente.
Ela lembra-me o Linus, mas eu não quero ser a Sally.

5.10.08

lacrimosa dies illa

Noventa e dois anos depois, doze horas de vela.
has the world changed, or have I changed?

2.10.08

clubmistress

Ando há semanas atrás de uma carteira de fósforos. Em vão, até de escada. Pressuroso, o rapaz estendeu-me 50 cêntimos de um lume de isqua que não arde. Hoje cheguei mesmo a pedir a um estranho que escavasse os bolsos para me acender. Imagino que seja uma boa pega na noite. Nas minhas duas da tarde, lá fora, de onde não se pode entrar in your bare feet, foi só uma deixa.
Gosto do beijo no papel molhado, da primeira sucção de luz, da boca cheia de uma combustão perfumada, da anestesia levemente picante na primeira metade da língua. Prefiro a primeira metade, sempre fui melhor no princípio do que no fim. Gosto do segurar breve, do toque certeiro do polegar, do rasto que fica na ponta do dedo que mordisco quando estou tensa.

Chico meets Lauren

1.10.08

B&B


What about that?

broad(2)_casting

she pretends she is a movie star
he pretends he is a king
she pretends she is a ballerina
he pretends he can sing


29.9.08

a skin, a night

we are very much in the middle of something

lost art of conversation

Ele há aquelas piadas privadas dos grupos de amigos e nós temos o que disparate, disse Thérese docemente. Por vezes seguido do vou casar-me e nem sequer gosto dele da Leonor Silveira.
Foi há uns 15 anos em Cabanas, num final de Setembro, quando eu ainda usava azul. Só azul. E cinzento; assim azulado. Quando eu tinha o cabelo comprido, prolongado nas franjas dos lenços e um calo no calcanhar direito das protosandálias; não sabia fazer arroz de polvo e era bastante judgmental, só que ainda não me tinha apercebido. Felizmente resolveu-se tudo e, não fora esta resistência às panelas de pressão, até já podia dominar o polvo.
Liamos passagens do livro à vez, como se fossem joints (mas não eram, por causa daquilo do judgmental).

broad(1)_casting

Ocorre-me que a coisa será filmada (mas não me lembro bem para quê, para quem; seremos só nós numa espécie de ensaio?...). Gosto de salas reais, com pessoas que respiram (seja tédio ou rebuçados de mentol). Não fico nada bem através de lentes.
Bem, vou de preto e a ver se empoo o nariz.

(1) slang term for a woman; "a broad is a woman who can throw a mean punch"; i wonder if Lauren ever qualified...
Amanhã vou arredondar o tema do costume, com as pessoas do costume, numa mesa igual às mesmas de sempre ou o diabo por ela. Deve ser por isso que espero uma conversa circular.

interlúdio

Nos últimos dias, por várias vezes me tentam o email com as malfadadas Morocco Experiences:

4 noites e 5 dias em expedição de luxo até às fantásticas e inesquecíveis dunas de Chegaga.
Todos os alojamentos são 5* incluindo o nosso Bivouac Berbere de luxo e privado.
O transporte é feito em Toyota Land Cruiser com motorista privado.

Ora bem. Eu não sei onde ficam as Chegaga, irrita-me tanta referência ao luxo (isto deve funcionar ali para os executivos das avenidas novas) e abomino Toyotas. Mas o que não me passa mesmo, o que me desconcerta e invoca sevícias dolorosas é a merdice absoluta do slogan,

“… sob um céu repleto de estrelas como jamais imaginou…”

Ai.

28.9.08

leather tramp

An aesthetic voyager whose home is the road.
[soundtrack]

kronkronhinko

> Mamã, que música é esta?
> É worldmusic, música do mundo.
> Ah, é música do planeta Terra.

(s)words

p.36 (de um presente de aniversário)

não confies em mim mulher mas desconfio haver de amar-te
até ao fim do mundo frase conhecida que me surge
...
não sei não sei donde é que venho não importa vindo eu
do metro ou tarde é para ti que na verdade vou

girls in white satin


Cetim ou a trama da maioridade.




crown


26.9.08

wind (2)

Never seek to tell thy love,
Love that never told can be;
For the gentle wind doth move
Silently, invisibly.

25.9.08

das versões

Chegou por skype, da minha amiga.
Bonito e denso, como ela.

hang_begin

Yes the picture's changing
Every moment
And your destination
You don´t know it

hang_over

Now the party is over
I am so tired

O meu primeiro vinil foi o Avalon dos Roxy Music. Um presente no Setembro de 1982. O ano em que nasceu o puto com quem esfumei o fim da noite da alameda. A juventude que tem todos os futuros.

sealife

Antes do jantar, pus a miúda de molho no johnson violeta e aterrei na esquina da cama que ma deixa ver de esguelha.
Role-playing, faz muito e isso é bom, que a vou ouvindo ao lado; é nestas alturas que percebo o que se passou na escola, que lhe detecto os gostos, as tensões, que lhe avalio o grau de cansaço e a probabilidade de comer capazmente o jantar. Ou não. Às vezes é só um barulhinho indistinto, um marear vigiado de olhos fechados; às vezes é só o meu braço direito em cima dos olhos e uma vontade funda de adormecer.
> Mamã...
> Sim...
> Mamã, caiu outra vez a cauda do peixe (é um nemo de plástico ranhoso, comprado num chão de Madrid, ao lado da Atocha, nem sei porque me lembro tão bem disto). Vens cá arranjar?
> Agora não, põe aí ao lado que já o vou salvar...
> Ai, preguiçosazinha!

24.9.08

hoje, às 4 da manhã

> Mamã...
E tropeço-me até ao quarto.
> Sim...
> Ontem fui com o papá ao McDonalds.
E voltou a adormecer.

the big high - day after

De repente, lembrei-me onde é que eu já tinha encontrado aquela epifania.

23.9.08

dressed up


Up like in 7cm.
vou desarmar a flor queimada
vou beijar o homem-bomba
mas não quero adormecer

Hoje, também para a minha Universidade.

nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim

chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra
no fundo p'ra te merecer

tudo o que eu vi
estou a partilhar contigo
o que não vivi
um dia hei-de inventar contigo

22.9.08

21.9.08

the wish

In the end, she just blew it upon the passion fruit dessert.

numerologia do vintage

O meu número favorito é o 3; 21, dois mais um dá três; 9, nove é três ao cubo; 36, seis é o dobro de três.

quoting: Quando eu ser crescida ...

... vou num avião à Austrália, com a minha mamã (às vezes é à Serra da Estrela).
... também vou à minha vida como vocês.

da linguagem

De manhã (caramba, ainda estava escuro!) a minha filha Mariana conta-me não que teve um sonho, mas que fez um sonho.
Lembrou-se sozinha há mais de uma semana e arrastou o pai para o shopping a um sábado à tarde.
Hoje, ante das oito (caramba, ainda estava escuro!) ofereceu-me um colar para usar com um vestido e ficar gira para a festa.

*

Já confirmei isto com outras mamãs: os aniversários dos pais contam à brava para os filhos. É também por isso que, para além do meu mau feitio, logo à noite vamos soprar-nos as duas em cima de uma tarte de maracujá.

and then some

...

by myself


36
As a pioneer, it constantly innovates and delivers unique pieces going through non-traditional treatments to create inventive characteristics ensuring that no two look a like and never-ever look like any one else’s. It is our nature to create intentional cosmetic imperfections and any irregularities on our finished products are inherent to our brand and are not a defect.
[...]

20.9.08

P/Fierced

Quase cinco anos depois volto a cicatrizar um umbigo.

19.9.08

clubbing


mini vanilla

wind (1)

I love the way
The tattered clouds
Go wind across the sky

black, caramel and a berry

Eu hoje sou uma sobremesa; ela é uma poker face.
Estou viciada naquela descriçãozinha do skype.

it's friday

Hoje é a última sexta-feira dos meus 35 anos. Ora isto não tem importância nenhuma e não é uma data especial.

18.9.08

fire exit

Anybody got a match? ou porque é que um isqueiro nunca será a mesma coisa.

sete centímetros em dark purple

Na próxima semana tenho um jantar. Nos momentos mais tensos, invocámos várias vezes os copos que beberíamos na ocasião, resgatados da missão e da visão, convencidos dos valores e da geometria.
Imprudentemente, decidi que usarei saltos e anunciei-o. Cheguei a convocar vindas em nome de um braço que possa segurar. As expectativas, sempre as malvadas expectativas. Uma miúda rasa a escalar a maioridade, um ritual de passagem; só custa a primeira vez.

let's be merry


Junto ao rio, Marylee procura conquistar Mitch, entediado sobre a flanela. Invoca razões históricas e formais, oferece busto e cintura, uma garrafa de vinho.
Mas o cigarro dele pende inexoravelmente e não há homem que descaia assim perante uma mulher querida.
Tragicamente, ela pede-lhe muito mais do que let's be married.

17.9.08

touchpoint

Mamã, cada um veste a sua roupa.
E vestiu-se.

16.9.08

you just put your lips together and blow

84


happy birthday Betty Joan

busted out of class

O meu decote é uma fraude. Uma mistura minimal de nature & nursing sustentada com alguma habilidade pela engenharia dos criadores de lingerie.
Hoje tenho um vestido azul, claramente acima do meu tamanho. Contudo, resisti à falsidade dos peitinhos de frango. Lauren would nod me wrong.

worldclass (cont.)

Perguntam-me onde fica o meu edifício tratando-me por senhorita.

tuesday is grey

pat, do you realise this constitutes hugging?

15.9.08

i don't care if monday is blue

I am pairing violet toes with a leopard waist belt.
Lauren would nod me right.

baixa fidelidade

Para quem assumidamente gosta de homens que falam pouco, tenho um fraquinho improvável pelo John Cusack.

some people, as far as your senses are concerned, just feel like home

worldclass (cont.)

Marcar com o meu chefe na Brasileira, a um sábado, às sete e meia, para rever uns ozalides; ter ao lado uma experta que confirma a minha utilização do ponto final.

14.9.08

Diz que é uma alma gótica, mas com um humor negro. Mudou o meu contacto no telemóvel para Ana Vento.
Diz-me que sou ávida. Reconheço que tenho urgência, mas não pressa. Mais tarde, ela aperta-me a mão no teatro.

onomástica

Lúcia Maria Rita

uma branca de neve numa carpete enrolada

Na Cornucópia, uma mulher da nossa criação envelhece-se, homeniza-se, bebe, cospe e tropeça numa alcatifa cinzenta.
Fantástica. A mulher, não a alcatifa.

coisas que não se devem tentar em casa

Pintei as unhas de roxo. Nacarado.

a meio da Joaquim António de Aguiar

Contaram-me que há fios dental para homem. Ou melhor, para gajos com um piquinho a azedo.

12.9.08

note to self

A minha filha Mariana,

. gosta de se esticar na cama, numa espreguiça matinal ensaiada, teatralizada com bocejos exagerados e uma vontade que lhe começo a perceber de ser crescida
. é mais despenteada que eu; vou deixar crescer o cabelo e já a apanho
. gosta muito de desenhar e pintar; faz bonecos sem pescoço; efabula-me uns caracóis dourados enroladinhos como o mar (eu, que gostava tanto de ter o cabelo liso, passei a consolar-me com isto nos dias de chuva)
. gosta de me ver de vestido, mas puxa um choro confrangedor a qualquer ensaio de lhe enfiar um
. começa a ter os primeiros sinais
. adora a rua

wishing upon my star

Gostava de desencardir as unhas dos pés da miúda.
Haverá produto específico ou é só deixar de molho?

quotes (1)

Life is what happens while you are busy making other plans.

No one likes to take a test

Eu também gosto.

11.9.08

worldclass

Não releva se contratamos 40% de estrangeiros; se o meu gabinete recebe países terceiros ou se fico na lista de espera telefónica do SEF à conta dos vistos; se ontem tivemos um telão a transmitir o rodopio ou se há sempre um prato vegetariano. O selo da cosmopolitanice está colado na porta de entrada do meu instituto e diz que é proibido entrar in your bare feet.

lifetracks

Sim, The National é muito giro (hoje é 9/11). Chico é um rei. Mas a minha banda ainda é tudo menos a rapariga.

10.9.08

A Turma da Mónica voltou.

- Aquele é o Cebolinha.
-Não mamã, é o Zé Bolinha, mamã: o Zé Bolinha!

a-lauren-in-the-making


Por razões óbvias, começo pelos sapatos.

8.9.08

Sábado à tarde, na segunda fila da cinemateca, ocorreu-me...

Extasiada pelo technicolor, presa à chuva do celulóide que precede o primeiro plano, estranha às legendas em espanhol (?!), sosseguei. Não são só os filhos que crescem dos pais.
Cigarettes and liquor. A Lauren Bacall tão maravilhosa que me senti feita em bruto (assim mal acabada). A Dorothy Malone desesperada, apesar do busto.

... sinto-me capaz de usar saltos.

nota editorial

Desde o início, crescemos as duas.
As piolhices continuam aqui o diário dela e de mim com ela.
Eu, para além dela, vou.

ri-me de ti
"então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste

31.8.08

what's my point?*

As amizades, assim em bom, precisam de tempo para se entrincheirar; para partilhar e construir uma memória; para fruir as comunalidades e dispersar as idiossincrasias.
Ontem, mais uma vez, arrastei uma mistura de tolices, intimidades, circunstâncias, sofrimentos e risos pelas pedras da calçada. Descascámos o verão, numa purga terapêutica de verdades, verdadinhas e, quiçá, equívocos fantásticos. Só por isto, já teria valido a pena construir na blogosfera.
Se calhar, aproveitamos para pausar por aqui. Fizemos gosto.


*a Pública de hoje tem uma peça sobre o Dude. Foi um dos primeiros filmes que vi em cima. Gostei de todos, preferi o Donny.

2008/2009

Amanhã é dia de ano novo.
A pisca será uma menina da sala verde, haverá uma lista de material na porta e vou arranjar uma ginástica fora da escola que a canse (a miúda procura consistentemente o maior segmento possível de corrida na sala, pula desmesuradamente entre o sofá e o fatboy e eu já não posso ignorar mais isto).
Eu, que não tenho cadernos novos, comprei umas botas maravilhosas e tenciono resgatar em mim um rabo de cavalo, ou, pelo menos, um pincelinho de barba.
Entre uma e outra coisa, todos os dias serão nossos.

28.8.08

a sapiência universitária, o mundo animal e a creche fechada

[em frente à entrada da nave-mãe, expliquei-lhe a simbologia do mocho]

À saída:
- ò mamã conta-me lá outra vez aquilo do morcego.

27.8.08

Amizade é ...

you're no spring chicken

Quase vinte anos depois é isto que se ouve dum gajo que vive debaixo do chão numa pedrita.

24.8.08

Então, as férias?

Amanhã (re)começa a conversa do costume. Então, as férias? É como depois do Natal. Então, o Natal?
As férias passam-se, pá.
Houve alturas em que as férias eram intermináveis, arrastadas entre a biblioteca da Junta e a sala, quando não havia televisão antes das cinco da tarde e depois se viam os documentários do fundo do mar e tal. Aquilo nem devia ser editado porque em boa verdade nunca mais acabava (é que o mar é muito grande e tem muito fundo). Como eram as férias.
Agora as férias são diferentes. Aliás, chamar-lhe férias é assim um hábito, um anacronismo, uma espécie de membro fantasma. As férias agora parecem mais conjuntos seguidos de fins-de-semana.
Depois há aquele pormaior, os miúdos. As férias dos pais nunca mais são como as férias dos filhos. Uma família alargada, sitiada num local que, mesmo quando hóspito, é falho das referências que geoposicionam cada um.
O direito a férias é parcimónio porque o legislador era um homem sábio.

birkinolage

...

[na verdade é uma kelly, mas lixa-me o título]

silly season - le grand finale


Estava convencida que era uma espécie de calquito e queria uma osga. Recebi uma recusa suave (o desenho era muito pequeno e difícil) e um sinal para as borboletas, que é como quem diz "as miúdas gostam é destas coisas". Afinal, um cliché é um cliché, que é um cliché (1).
E assim sendo, esta manhã, no areal, um rapaz pousou-me um lepidóptero a tinta da china, logo acima da mama esquerda. Vou passar a tarde a testar decotes (2).

(1). a menina obrigou-me a prometer-lhe uma igual, para quando for crescida, se é que tal epíteto se me aplica.
(2). deus me livre se a hierarquia me vê isto.

23.8.08


precioso

cGac


a_cervo


...

Envelhecemos todos.

little portugal

Podia dizer muitas outras coisas, mas apesar, ou para além, é um clássico cá do rectângulo.

12.8.08

caramulo (II) - escatologia serrana

- Ò mamã, lá no Caramulo há casa de banho?
- Sim.
- Ainda bem. É que quando lá chegarmos eu vou fazer cocó.

caramulo (I) - urbi et orbi

(na subida da serra)
- Ò mamã, daqui vejo o país inteiro!

7.8.08

le fabuleux destin

hier soir, avec amélie

31.7.08

das férias

Quando pedimos um cone de gelado com o chantilly por baixo.
É esse o momento em que escrevemos o out of office autoreply.

30.7.08

...

Tem graça que ando às voltas com isto. Aliás, os blogs criam correntes de assuntos.
Eu também não sei como é que as pessoas que lêem estas postas me imaginam porque eu, de facto, conheço pessoalmente as pessoas que eu sei que lêem as postas. As outras, que eu não conheço, e que não me conhecem a mim, e que se calhar lêem as postas, são uma massa indiferenciada a quem eu não consigo atribuir opiniões.
Claro que eu podia perguntar a algumas pessoas, que eu conheci depois de terem lido algumas postas, se eu sou como elas me imaginavam. Mas nunca perguntei. Nem sei se quero saber a resposta.
É que por acaso irrita-me esta coisa de as pessoas (como eu própria) acharem que conhecem as pessoas que lêem (como eu faço). Ou, personalizando, de haver pessoas que acham que me conhecem à conta disto. Claro que esta irritação não é, em boa verdade, contra as pessoas, que eu não conheço e de quem não posso ter opinião, é contra mim, que me dou aqui a conhecer e mais às minhas coisas.
É que eu gostava de ser complexa, mas sou só complicadinha.

29.7.08

thin-skinned, temperamental, ripens early

MAYA
Why are you so into Pinot? It’s like a thing with you.

Miles laughs at first, then smiles wistfully at the question. He searches for the answer in his glass and begins slowly.

MILES
I don't know. It’s a hard grape to grow. As you know. It’s thin-skinned, temperamental, ripens early. It’s not a survivor like Cabernet that can grow anywhere and thrive even when neglected. Pinot needs constant care and attention and in fact can only grow in specific little tucked-away corners of the world. And only the most patient and nurturing growers can do it really, can tap into Pinot’s most fragile, delicate qualities. Only when someone has taken the time to truly understand its potential can Pinot be coaxed into its fullest expression. And when that happens, its flavors are the most haunting and brilliant and subtle and thrilling and ancient on the planet.

*

> ò mamã, nós estamos no planeta Terra?
> sim
> que bom, gosto muito do planeta Terra.

28.7.08

just go to the mall

This blog is sentimental tacky crap; are you in a coma?

27.7.08

teen_Aging

Ou então somos é uma geração tardia.
Descascamos cuidadosamente os tiques da maioridade, recusamos admitir que já não somos um x-s, alimentamos um calão anacrónico. Alguns mantêm o look EP, (ainda) usam t-shirts de bandas ou recusam-se a usar carteira. Eu tenho um anel no segundo dedo do pé direito, comprei umas sandálias com franjas e tenciono passar o verão a dizer fixolas como a minha amiga. Na rentrée logo me preocupo outra vez com isso.

25.7.08

ya(w/r)n

Apetece-me fazer isto, que é quase igual a isto, que já fiz.
Desde o vendedor de passados que acho graça a homens que falam de osgas.

24.7.08

thir(s)ty-something-else

Somos uma geração precoce.
Galgámos umas quantas escadas e agora trambolhamos de cima.
Ontem almocei lá em baixo. Uma salada generosa, descrita em três linhas de menu. Mudaram outra vez a decoração. Roxo. Um avental preto, demasiado solícito, esvoaçava por cima das nossas azeitonas. E pronto, logo no paté a conversa aterrou no sítio do costume.
Tal como o menú, temos um currículo com muitas linhas. E perante as opções, temos pressa. Precocemente aborrecidos, alimentamo-nos de novidade, sempre à espera de outra coisa qualquer. Não é necessariamente melhor, é outra. Parece que há quem se drogue, quem compre uma vespa, faça um piercing. Outros apaixonam-se pela vizinha [e eu disse-lhe: sim já sei, os pés da tua vizinha... vá, liga-me quando quiseres falar disso e não faças disparates].
E a vida é isto. Os melhores anos da nossa vida numa nostalgia precoce.

the noise from the crowd increases the chance of misinterpretation

Acho o teclas giro; assim tenrinho.

23.7.08

frágil

Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar demais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais

A urgência de agarrar
Qualquer coisa para mostrar
Que afinal nós também temos mão na vida
Mesmo que seja à custa de a vivermos fingida
O estatuto para impressionar o mundo
Não precisa de ser mais profundo
Que o marasmo que nos atordoa

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

...

apenas uma palavra por dia, o bem que me fazia

ilha

22.7.08

sex in the garden

Successful fertilisation in the angiosperms depends on pollen tubes finding their way to the ovule. In vivo, pollen tubes frequently change their direction of growth until they finally reach the micropyle. Once in the female tissues, changes in growth direction must arise from the perception of ill-characterised spatial, mechanical electrical and chemical cues from the stigmatic environment. Exactly how these signals are perceived and transduced is not yet known.

[...]

It is interesting that when addressing the reluctance of cAMP signalling pathways in plants, Bolwell (1995) already put forward this same intimacy between AC and stress signalling […] Even more significant to this work is that the same rationale could be applied to pollen tubes: localised interaction with environmental cues at the very tip, where reorientation can occur within a few minutes.

***

Sete anos depois, ocorre-me: será que isto faz de mim uma perita em relacionamentos?

20.7.08

Beco da Verduga, 17


Segues a linha do eléctrico, atiras-te ao poço, viras à direita e entras no beco; percebes ao fundo o azul e branco, sorris-te e começas a subir as escadas; esticas a manta no fresco e dispões-te; enches os copos de risos e misturas a salada; o tomate biológico come-se com casca e as purpurinas brilham-te por dentro.

intelligent design


O deles, que nós tivemos mesmo foi sorte.
Anyway, obrigada mr bd.

six feet above


Há uma graça acrescida em amigar a F1. Os filhos não são os pais (tal como nós gostamos tanto de fazer notar um degrau acima na progenia). Os filhos são pessoas pequeninas que tecem as suas próprias malhas, mesmo quando ainda lhes fiamos a teia.

18.7.08

escancarei a porta do bar

Esta coisa de fazer amigos novos traz uma nostalgia danada dos amigos velhos.

copycat

- ò mamã porque é que tu não sujas a boca a comer?
- porque a minha boca é grande e eu abro-a bem para acertar com o garfo
- ò mamã, suja lá a boca
Não me lembro quem é que disse isto, mas o problema de ouvir Tom Waits é que depois só se consegue ouvir Tom Waits.

17.7.08

lavanda blues

Enquanto me lembro de um verão longínquo, duas miúdas esganiçadas no banco de trás do Honda do Manel, ocorre-me o moto perfeito para este meu gabinete.

> a penny for your thoughts <
Primeiro o João, depois o Pedro.

Mas o que interessa mesmo é isto:

“Now we have fashion universities, and the world media is here,” she observed before shooting off a list of Portuguese designers now working senior positions in major international fashion houses..."

A ver se o meu pai deixa de dizer que eu só tenho queda para profissões de mal-vestidos.
we busted out of class
had to get away from those fools
we learned more from a three minute record
than we ever learned in school

murmurs

Eu ia avisada. Já não me lembro quando é que ouvi a história pela primeira vez (mas lembro-me das letras do Bruce Springsteen, por exemplo), mas vi-os naquele vislumbre de Roma, há muitos anos. Recentemente, estornei-me.
É admirável. Ainda mais quando se formaliza o espanto.

They found that a given bird interacts not with all birds within a certain distance, as most models had assumed, but rather with a fixed number of neighboring birds - usually six or seven ...

Novamente, como no liceu.

16.7.08

frankly

I want to live and I want to love
I want to catch something that I might be ashamed of

15.7.08

résumé

Por causa das viagens dos outros, imagino como seria o meu resumo. É um exercício recorrente, reduzir mentalmente as minhas materialidades. Alguns dirão que é mesmo só mental. Admito que colecciono um número insano de vestidos e tops. Que tenho cinco pares de birks. Mas nada disto é verdadeiramente importante ou representativo. São apenas pedrinhas de sal. Embaraços burgueses, coisas da idade. Tenho uma wish list breve de objectos de culto. Aquisições inscritas no ar do meu tempo, que há-de vir.

Se eu me guardasse num contentor, estimo que ocuparia 4 m3.

Depois levava cinco vestidos, uma camisola, um impermeável e uns óculos escuros. Mais o google e um frasco de creme nívea. Tricotava quadrados que me enviava pelo correio.

14.7.08

das expectativas

Acusam-me de ser intimidatória. De intimidar. De expectar sempre demais de tudo e de todos. Mas eu, de facto, expecto. Tu não expectas?
Não quero um crescent, quero the whole of the moon.

da memória

hot tears flow as she recounts
her favourite worded token

11.7.08

da linguagem

Acabaram-se as ramélias e as mélguias; chegou o gelado de palmira (aquele branco mamã; ah, baunilha).

9.7.08

in my head

Scotch Mist

De vez em quando, dá-me para isto.

6.7.08

recent quotes

1) O D. da sala verde convidou-me para ir a Paris ver filmes.
2) Je t'aime de tous mon coeur (escrito num postal de aniversário - 6º aniversário).
3) JA CA TAMOS. DPS APANHA A ROUPA. BJS (sms devidamente identificado).

Caramba.

1) Espero que a menina continue a receber convites maravilhosos.
2) Este miúdo tem futuro.
3) O meu king of convenience é um verdadeiro romântico.

3.7.08

a vida em 34 mm

É verdade que há momentos em que parecemos enquadrados. Coincidências de guião, luzes privilegiadas, guarda-roupa promissor. São apenas instantes, takes fortuitos por entre o despacho normal da vidinha. Logo a seguir entornamos o café na saia, marcamos o dentista, (re)descobrimos as unhas imundas da criança, apercebemo-nos da borbulha no queixo.
A escatologia da realidade encolhe sempre tudo um bocadinho.

2.7.08

After RAP/John Austin

O que me apetece escrever num email xx.pt:

Eu insulto-vos.

30.6.08

It doesn't matter which you heard
The holy or the broken Hallelujah

indeed

Who gives a fuck about an Oxford comma?

do verão

O cheiro das figueiras; a marca dos chinelos nos pés; o cheiro a protector solar; as sardas; a areia escondida nas dobras de tudo; o casaco na gaveta; as noites; primeira estrela que eu vejo realiza o meu desejo; a salada de polvo; a miúda sempre de calções; as mélguias; os gelados; o vinho branco; os vestidos; a depilação; os dias compridos; o mazagrin; 104 vagas, 77 editais e eu sem saber se hei-de cortar o cabelo.

26.6.08

. . ._ _ _ . . .

25.6.08

mop

Discute-se o meu cabelo à minha frente. Hesito sobre um novo corte, que sei inevitável, e o seu passado, médio, ombreado. Parece que fico mais nova assim descoberta. Acredito, não consigo a distância para opinar. A verdade é que nunca nos vemos como somos. No espelho estamos ao contrário e eu, reconhecidamente, faço boquinhas. As fotografias são um choque que aprendi a desvalorizar.
De algum modo, tenho saudades do meu cabelo. Do biombo que me interpunha do mundo. Do elástico no pulso, do apanhado frouxo. O cabelo curto é uma equação de muitos graus. Dá confiança, tira confiança.
Enfim, hoje aparelhei-me de ganchos.
Ainda só passaram três dias e eu já estou tão farta de esfregar.

23.6.08

napalm

Acabei de enviar o email institucional que me vai afundar nas próximas duas semanas. Já sinto o calor ao longe.
Foi um gosto. Até sempre, Ana.

21.6.08

verão 2008

Se eu me casasse agora, levava um vestido osklen.

19.6.08

arte&factos

Monsieur Le Marchand,

Quero:
> Umas costas do John Coplans
> Um dos picotados da Martinha Maia
> Um talher do Rui Chafes (versão lilliput)
> Umas palavras sobre tela do Julião Sarmento

Se não tiver nada disto em catálogo, pode sempre imprimir-me um after-Kosuth, por exemplo:

"Delírio; do Lat. Deliriu; s. m., desvio mórbido da razão contra o qual não valem a experiência nem a argumentação lógica e em virtude do qual o indivíduo se afasta cada vez mais da realidade."

Before today

ebtg

But I do want a phone that never rings...

17.6.08

Chelsea Hotel

You told me again you preferred handsome men
But for me you would make an exception

A dreaded sunny day

Keats and Yeats are on your side
But you lose'
Cause weird lover Wilde is on mine
*
febrícula
s. f. (fr. fébricule; ing. febricule). Ligeira elevação da temperatura; pode ser transitória ou prolongada.
*
Ou, se calhar, isto é mesmo verdade.

9.6.08

a feira > 3

Compras de 2008: um ensaio sobre a interdisciplinaridade da Relógio d'Água e a Prova de Vida do PM.
A minha leitura é, em si própria, um aforismo.

a feira > 2

A diferença metaforiza-se nos músculos das pernas. Vinte anos depois, as barraquinhas são iguais, os altifalantes são iguais, as farturas são iguais. Os meus músculos é que são diferentes.
O meu pai dava-me sempre uma soma generosa para a feira. Contos para contos, romances, ensaios e edições manhosas de divulgação científica, que traduziam em brasileiro as aventuras dos físicos da cortina. Para além da Gradiva, havia pouco. Naquele tempo também se compravam enciclopédias e dicionários.

a feira > 1

No sábado fomos pegajar jacarandás para o parque. Entrámos ali por cima, pelo pavilhão dos comícios e do concerto do CB. Aterrámos logo na Leya e no LA. Como não tenho feitio para estas coisas, não lhe disse o quanto me desassossega. Há um pudor que me impede de experimentar os meus autores na vida real. Outro dia ouvi o JLP na televisão, a falar com palavras ditas. Não tenho necessidade de tanto meio. Quem escreve, escreve. Quem fala, fala. Uma e outra coisa são distintamente duas coisas.
Pelas circunstâncias, falo com muita gente. Depois, restringida, escrevo-lhes procedimentos da instituição. E mais proibiu-me o tribunal. Sou dolosamente ficcional no registo escrito.

7.6.08

rip rip hurra

A graça que acho a obituários. Do ponto de vista jornalístico são círculos perfeitos. Uma mistura letal de notícia/perfil/reportagem; quase nunca entrevista. Ainda melhores quando prestumos, como aqui.

The report of my death is an exaggeration, um clássico.

6.6.08

highschool 4 ever

A vida, afinal, é um liceu perpétuo. Desde a fractalidade dos grupos às relações de poder, da agenda social às angústias individuais, está cá tudo na vida adulta, em repeat.
Mais, it all comes down to making out*.

*sem dúvida, a melhor máxima de vida, partilhada entre amigas, numa refeição, literalmente, a crú.

4.6.08

Parece que vai fazer calor. Não sou de abafos, mas confesso que ando a precisar de sol. Este meu destravo deve ser falta de pilha. Multiplico-me em coordenadas desconhecidas, chego a arriscar-me por vielas esconsas. Ontem à tarde cheguei ao cúmulo-nimbo de equacionar, alto, um novo doutoramento. Estou possuída pelo tédio húmido da borrasca primaveril. Sinto-me um relógio digital, falho, sempre a piscar.

28.5.08

free postal sentences

woefully insufficient yet so strangely beautiful

Nature Theatre of Oklahoma

27.5.08

semântica

Quando é que o epifânico se torna epitáfico?

out of life

Morreu o Sidney Pollack. Assim sendo, é hoje que confesso publicamente o meu gosto pelo África Minha.
O que eu gosto do Robert e da Meryl, da música, da fotografia e dos diálogos. Não tenho preferência conhecida pelo continente vermelho, pelas raízes, pela etnicidade, pelo multiculturalismo, mas tenho pelas histórias de amor, principalmente as tortas. Choro sempre no funeral do Denys.

He wasn't ours, he wasn't mine.

26.5.08

l'air du temps

gris

berryied

Numa efervescência cor-de-rosa, até só sobrar a espiral branca, polvilhada de confetti.

22.5.08

I [heart] sonhos

I.
Queria um sonho, por favor.

II.
Tem sonhos?

in Pastelaria Brasileira, Rua Augusta.

borboletas na barriga

O Zé Mário vai publicar um livro de micro e nanocontos. Como diria a minha pisca, que boa ideia.
Desde a caixa baixa que ele me lembra violetas. E eu sempre preferi violetas a gladíolos.

O ZM foi meu colega de curso, mas ainda menos biólogo que eu. O que é que isto diz da FCUL? Que tem potencial na liberal education.

19.5.08

en attendant d'autres rêves de révolte*

Faz parte de mim, esta inquietação. A vida é uma função co-seno. Ninguém está sempre em high. E por aí fora.
Tempero-me de expectativas, mas alimento-me de realidades. Vivo de certeza os melhores anos da minha vida. Sou querida.
Mas também é verdade que espero sempre outra coisa. Não é mais, é outra.

*frase de Faustin Linyekula num postalfree

15.5.08

Os blogs estão cheios de jacarandás.
Aqui na cité não há, mas lembro-me doutros.

14.5.08

tutela

Depois dos dois beijinhos e do "estás cada vez mais linda" a minha semana foi sempre a descer. Tenho cá para mim que lhe lembro os dias felizes. Há pouco tempo, entre fatos e botões de punho, comentou sorrindo que me tinha visto crescer. O meu chefe, pouco dado a saudosismos e tenso com a agenda do dia, mirou-nos sem compreender. Deve ter ficado a achar que o senhor era amigo da família. Pois não é esse o caso.
Acontece que foi a minha primeira tarefa. Por esta altura, há oito anos, saí de casa com um fato azul e nem cheguei a pisar a redacção. Fomos todos ali ao Paço, para a conferência de imprensa. Nesse dia não escrevi uma linha, mas houve muitos mais dias. Eram tempos de expectativa, de novidade, de financiamento comunitário. Acreditávamos todos. Deve ser por isso que me cumprimenta assim. Deve ser por isso que eu, mesmo no meu pior mau feitio, bufando por dentro com o populismo das medidas, digo sempre olá professor e sorrio.

11.5.08

lis_boa


Where else can you see paradise by the dashboard light?

7.5.08

catching-up

Há que anos que ouvia falar dos Tibetanos, mas só lá fui há umas três semanas. As miúdas levaram-me à TomTom onde há koziols dos grandes.
Há dois dias cortei o cabelo. Muito. Torto. Adoro-o. É quase uma não existência. Tão curto que não o sinto, à parte o caracol torto. Senti-me uma escultura e passou a música que ele me deu.
Ontem convidaram-me para uma festa 70's. Mas o que é isto, uma vida própria?

4.5.08

a filha da mãe


> Ò mamã, vamos à Austrália?
Não filha, vamos só ao outro lado do rio ver flamingos. A Austrália fica muito longe, blá, blá, o avião, blá, blá.
> Aqui é a Austrália?
Não querida, é o Seixal (?!).
Não sei de onde lhe chegam as antípodas e tantas outras coisas. A minha filha-pessoa vive, definitivamente, para além de mim. Gosta de cavalos e chocolate. Resiste cada vez mais à sesta. Canta e dança o tempo todo (tipo, TODO!). Gosta de pintar e desenhar e correr. É a campeã da casa no melga-spotting (ali, mamã, ali, ali). Proibi-a de falar comigo enquanto tiro o carro da garagem (vamos bater ali mamã, o carro está todo torto, mamã!). Está sempre pronta para sair de casa. Quando quer dizer muito diz mil e dois.

a mãe da filha


À medida que desabafo a ingratidão filial da pisca, contam-me as histórias mais inverosímeis. Outros, antes de mim, já passaram pelo síndroma dos douradinhos. Havia a garota que "quando for grande quero ser stripper" (filha, sabes o que é uma stripper?), o puto que o que mais apreciava no pai era ele "ver um episódio dos malucos do riso" (que o pai jurava nunca ter acontecido) ou o clássico com o pai é que é tudo tão mais giro.
Eu, claro que não me aguentei, e fui à fonte esclarecer a situação. Com o meu ar mais eu estou a perguntar isto, mas não é nada importante, nem estou nada magoada, nem aflita nem nada perguntei-lhe sobre o exercício. Claro que se lembrava muito bem (agora lembra-se sempre de tudo muito bem) e a pergunta inicial era porque é que eu gosto da mamã. E lá me repetiu tudo, com uma leveza desarmante. Eu gosto da mamã porque às vezes fica zangada, às vezes não (assim, numa dicotomia simples, evidente e confortável) e por aí adiante.
O pai, obviamente, riu-se. Ainda começou a enumerar-me as diárias provas de amor e as manifestas declarações de que não, eu não sou uma megera a causar danos indeléveis na criança, mas eu precisei de enlutar sozinha o meu próprio desapontamento. Na verdade, tudo isto é sobre mim, não é sobre ela. Eu adoro-a e digo-lho todos os dias, baixinho, a seguir à noite feliz, não caias da cama e não partas o nariz.

3.5.08


Não fosse a fortuna do encontro com as miú das e possivelmente tinha passado o dia a ruminar no papel manteiga. Ali, na parede da sala azul, em letras tortas (será para fingir que são eles que escrevem?), a minha filha traduziu-me assim A mãe é zangada, às vezes è boa. Emendou com um Eu sou uma traquinas, mas o coração já se me tinha estilhaçado na blusa. Prossegue com umas idas ao jardim, gelados e, la piéce de resistance, umas massinhas com douradinhos. Termina com umas histórias ao deitar quando eu, descompassada, já lia a correr os outros relatos. A peer pressure, a esperança que, ao menos, lhes tivesse caído mal o almoço e pronto, fosse disso. Mas não. Multiplicavam-se os relatos de beleza e amor, e eu cada vez mais enrugada, mais panada de miséria, quais douradinhos, que caraças a miúda come aquilo cada seis meses.
Confirmei que 1) não sou linda, 2) não gosta muito de mim nem eu dela (as declarações eram muitas vezes mútuas), 3) aquele era mesmo o dela, que tem uma maneira arrevezada de fazer o R do nome.
Já racionalizei tudo, mas cada vez que penso nisto apetece-me chorar outra vez.

croissant, tâmara e açafrão

Ontem, passeando uma folga sem expectativas, entrei na Nacional.
Seguiram-se seis horas (!?) de companhia, tão deliciosa quanto improvável.
A Ana cortou o cabelo (parabéns Ana!), a Ana pintou as unhas, a Ana divertiu-se à brava.

1.5.08