Está em todo o lado, agora muito mais do que antes.
Não me levanto tarde, não me deito tarde.
Não como o jantar de seguida, sem resgatar do chão os nãos dela.
Não passo mais de uma hora sem pensar nela. Não passo sequer uma hora a pensar em mim ou noutra coisa qualquer de seguida.
Não sou capaz de acordar de noite e não tentar ouvir a respiração dela no outro quarto. Às vezes até aprecio o nariz entupido, que me sossega a inquietação de forma mais audível.
Não me deito antes dela, nem durmo depois de ela acordar.
Não demoro mais de três minutos a tomar banho, talvez cinco se lavar o cabelo.
Não ando muito bem lavada.
Não quero que tenha fome, frio, tristeza ou qualquer coisa menos boa. Fome às vezes dá-me jeito para impingir umas colheres de sopa.
Não quero faltar-lhe nunca.
Não consigo imaginar que me falte.
Não gosto de ver notícias ou filmes ou o caraças com putos infelizes, doentes ou maltratados. Não é que antes gostasse, mas agora dói-me o estômago.
Não quero que imite os meus defeitos. Não posso dizer porra se me entalo. Ou isso.
Não fazemos barulho. Muitas vezes não fazemos.
Não vou ao cinema nem jantar fora a locais apertadinhos ou de crescidos.
Não me preocupo tanto com as nódoas, na roupa, nas janelas, no sofá.
Não me lembro de não estar cansada, pois não.
Não gosto menos de ti, de mim ou do outro, só gosto mais dela.