story:tell:her

6.4.05

Memórias 5


Ontem encontrei um amigo na rua por acaso. Tem uma filha duas semanas mais nova que a piolha, trocámos parentalidades por email, mas nunca mais nos vimos, de facto, e à prole. Ele tinha acabado de a deixar na escolinha e conduzia um carrinho de 3 rodas praticamente no mesmo sítio onde, há mais de 10 anos, nos conduzia num número de rodas variável. Onde íamos comer bolos de madrugada, onde subitamente parámos de rir quando um dia o 2CV quase se finou de vez e tivémos que ir de táxi. Nós ríamos muito nesses tempos, em grande parte por causa dele. Há pessoas assim, que são a alma da noite. Que sabem que no Escandinávia havia bons B52, que também ficavam até à valsa do Jamaica, que acreditam que um 2CV sobe até uma parede (desde que vocês desçam já, que com este peso todo de risos não vamos lá).
Ontem encontrei um pai. Falámos das miúdas o tempo todo, trocámos gracinhas e malandrices, num hálito de Halibut sem traço de absinto nem Ti Maria. Ontem rimos muito outra vez, mas não consigo esquecer o encore no Pavilhão dos Desportos, quando o 2CV ainda andava.

Hoje o samba saiu lá lalaiá, procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais esquece não pode reconhecer
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